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Casagrande anuncia R$ 163 milhões para retomada da obra do Cais das Artes

Parada há 13 anos, obra é alvo de polêmicas também pelas mudanças na proposta de construção e uso 

O Governo do Estado se comprometeu a fazer mais uma tentativa de dar prosseguimento à obra do Cais das Artes. Na manhã desta sexta-feira (14), o governador Renato Casagrande (PSB) anunciou, em solenidade no Palácio Anchieta, o investimento de mais de R$ 1,6 bilhão em obras. Entre elas está a do Cais das Artes, paralisada há 13 anos, que, desse montante, receberá a fatia de R$ 163 milhões. A obra é alvo de muitas polêmicas não somente por esse atraso, mas também por causa de mudanças na proposta de construção e uso da edificação.

Hélio Filho/Secom

O projeto foi iniciado em 2010, na gestão do então governador Paulo Hartung, com previsão de conclusão em dois anos. Findo o prazo, em 2012, a construtora responsável pela obra, Santa Bárbara, faliu, forçando a paralisação dos trabalhos. Um ano depois, foi contratado o Consórcio Andrade Valladares – Topus, que retomou as obras. Entretanto, elas pararam várias vezes no ano seguinte, sendo encerradas definitivamente no mês de junho. Ainda em 2015, foi anunciada a contratação de uma nova empresa para execução do projeto, cuja previsão de término era 2018.

Foi também em 2015, que a Justiça estadual barrou a retomada das obras. A decisão judicial condicionou o reinício à conclusão de uma perícia solicitada pelo consórcio Andrade Valladares – Topus, que alegou prejuízos decorrentes da paralisação das obras, além de serviços realizados que não teriam sido pagos pelo Estado.

Em 2016 foi feita uma licitação de contratação de consultoria de engenharia para avaliação da obra, além de um balanço do que precisaria ser feito, necessitando de investimento de cerca de R$ 100 milhões a mais no orçamento. No ano de 2018, a empresa Planesp Engenharia ganhou licitação para gerenciar a obra, que, segundo a gestão de Hartung, seriam retomadas naquele mesmo ano. Até então, o gasto com o projeto havia sido de mais de R$ 129 milhões, com a previsão de chegada de um valor total de R$ 229 milhões no final.
Leonardo Sá

Ainda em 2018, último ano do terceiro mandato de Hartung, o governo lançou o edital de contratação da empresa que terminaria a obra, mas o cancelou. Já na gestão de Renato Casagrande (PSB), em 2019, o Instituto de Obras Públicas do Estado do Espírito Santo (Iopes) iniciou um processo de levantamento para ver o saldo da obra e retomar sua execução com a empresa Andrade Valladares – Topus. A conclusão, prevista para 2021, não aconteceu.

Em novembro do mesmo ano, o Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCE-ES) decidiu notificar a Secretaria de Estado de Mobilidade Urbana (Semobi), o Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES) e a Secretaria de Controle e Transparência (Secont) por conta do abandono das obras do Cais das Artes, nove meses depois de representação apresentada pelo então deputado estadual Sergio Majeski, em fevereiro do mesmo ano.

Um mês antes da notificação, representantes do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-ES) se reuniram no local da obra para protestar contra o atraso e pedir a conclusão do projeto, que terá um teatro com capacidade para 1,3 mil pessoas, equipado para possibilitar usos múltiplos, como concertos de música acústica ou amplificada, óperas, danças ou peças teatrais. Também constam no projeto um museu com grandes salões e diversas alturas livres, totalizando em torno de três mil metros quadrados de área expositiva climatizada, um auditório com capacidade de 225 lugares, uma biblioteca e um café.
Angela Gomes

Essa não foi a única manifestação do IAB. Em janeiro de 2022 a entidade se posicionou publicamente contra a possibilidade de mudanças na proposta de construção e uso do Cais das Artes. A entidade se manifestou por conta da possibilidade levantada pelo governador de fazer uma concessão do espaço à iniciativa privada para conclusão das obras. Em troca, o local abrigaria um hub de start ups, sem perder a finalidade cultural, segundo o governador.

O IAB listou três motivos para se opor a essa possibilidade, apontada como alternativa caso o processo para retorno das obras da construtora contratada não siga adiante. Segundo o grupo de arquitetos, uma das razões é que a alteração do uso do projeto minimizaria a utilização do grande museu e do teatro para o transformar em espaço destinado à inovação e negócios, que atenderia a apenas alguns setores da sociedade.

O segundo motivo alegado é que essa modificação, que envolveria alterar a estrutura concebida para o Cais das Artes, poderia limitar as atrações do espaço, afetando o turismo e a arrecadação em torno deste setor e da arte e cultura. Por último, a entidade pontua que a modificação do uso exclusivo para museu, teatro e atividades culturais impactaria na criação e desenvolvimento de grandes espetáculos e produções por parte de artistas locais.

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