Século Diário visitou obras do Cine Queimado, a ser inaugurado em março
Com oito anos de existência, o Centro Cultural Eliziário Rangel, localizado em São Diogo, na Serra, se prepara para mais um desafio: a inauguração de uma sala de cinema. Batizado de Cine Queimado, o espaço de exibição audiovisual será inaugurado no dia 19 de março, data que marca a Insurreição de Queimado, um marco da luta contra a escravidão no município, fato histórico que serve de referência e inspiração para o local.
Século Diário visitou as obras que estão acontecendo no terceiro andar do Eliziário Rangel, onde também funcionará uma cafeteria. O arquiteto responsável, Vitor Nascimento, afirmou que está sendo usada uma estrutura metálica e fechamento com gesso acartonado, também conhecido como drywall, o que permite que o cinema seja construído de forma rápida. “Buscamos entregar no prazo e ter inovação na arquitetura. É um desafio ter a oportunidade de construir um cinema. Geralmente eles estão em shoppings”, afirma.
O diretor do Centro Cultural Eliziário Rangel, Antônio Vitor, aponta que o espaço segue normas e diretrizes das salas de cinema convencionais, como distanciamento mínimo entre cadeira e tela, espaçamento entre os assentos, itens de segurança como saídas de emergência, corredores, corrimões, placas indicativas e outros.
“O Cine Queimado não vai ficar pra trás das salas comerciais”, considera, apontando, porém, as barreiras encontradas nos shoppings, em que pessoas podem ser impedidas de entrar ou monitoradas por segurança durante suas visitas e os preços de ingressos e alimentação são caros. “Nossa perspectiva é garantir o acesso, inclusive com programação gratuita. E queremos ampliar a lei de cota de tela, incluindo produções brasileiras, latino-americanas, de mulheres, pessoas negras, LGBT e outros grupos sociais”.
Com capacidade inicial para 70 pessoas, o Cine Queimado vai começar as atividades regulares com sessões de segunda a sexta-feira, dias de grande movimentação no Eliziário, quando ocorrem oficinas e várias atividades. Serão duas sessões gratuitas diárias com exibição de filmes de curta-metragem, uma no horário do almoço, com foco nos trabalhadores da região que estão em momento de intervalo, e outra à noite, com programação para a família, com foco em questões relacionadas a direitos humanos. Segundo Antônio, a expectativa é aproveitar o público que já frequenta o espaço, cujo número de visitas mensais ele estima em cerca de 5 mil.
Aos fins de semana, o cinema não terá programação regular mas poderá receber atividades diversas, como lançamentos e exibições de filmes feitos no Espírito Santo, sessões de cineclubes e outras atividades. Também há interesse em trazer festivais de cinema, novos ou já existentes, para exibirem suas programações na sala, e o centro cultural está fazendo contato com embaixadas para trazer filmes fora do eixo Europa-Estados Unidos para serem exibidos. No primeiro ano de atividades, a previsão é que a programação seja totalmente gratuita. Mas se a médio prazo parte dela passar a ser paga, o diretor do Eliziário Rangel garante que o espaço buscará garantir preços populares.
A curadoria do cinema será feita por Adryelisson Maduro, a projeção por Marília Favalessa e a produção cultural por Roberta Portela. Mais informações sobre a inauguração e a programação serão divulgadas no site oficial e na página do Centro Cultural Eliziário Rangel no Instagram.
Além do cinema, o centro cultural possui teatro, biblioteca, café-bar, galeria de arte, sala multiuso, entre outros.
Fotos: Leonardo Sá
