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Centro Cultural que homenageia Luz Del Fuego é inaugurado em Cachoeiro

Mais na coluna: Prêmio da Música Capixaba; Coletânea de Dramaturgia; e Pó e Cia

A cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Espírito Santo, conta agora com mais um espaço de vivência das mais diversas artes: o Centro Cultural Luz Del Fuego, no bairro Ibitiquara. O nome é uma homenagem à bailarina, atriz, escritora e naturista nascida em Cachoeiro no ano de 1917 e que criou o primeiro reduto naturista da América Latina, a Ilha do Sol, no Rio de Janeiro. Foi nesse local que seu corpo foi encontrado, em 1967, quando foi assassinada por dois pescadores. 

Reprodução YouTube

Se hoje, final de 2023, quase 2024, em pleno Século XXI, o caminho que ela decidiu trilhar seria motivo de escândalo, imagine em 1954, ano em que Luz Del Fuego fundou o Clube Naturista Brasileiro, estabelecendo a Ilha do Sol como a primeira área de naturismo do Brasil? Imagine o que se passou na cabeça de muitas pessoas país afora e, muito principalmente, em Cachoeiro, no interior de um Estado conhecido como um dos mais conservadores do Brasil?

Conforme afirma a produtora do novo centro cultural, Brenda Perima coragem de Luz Del Fuego foi uma das inspirações para criação do espaço. “Houve e ainda há muita resistência dos moradores da cidade em relação a ela. Cachoeiro tem uma trajetória de conservadorismo. Por isso, resolvemos criar um espaço acolhedor, que reúne a diversidade, onde as pessoas podem se expressar sem serem julgadas”, diz, destacando que o fato de a maioria dos espaços públicos da cidade terem nome de homem também contribuiu para a homenagem a Luz Del Fuego. 

Persistência

Brenda afirma que o Centro Cultural é a concretização do desejo da Cia Nós de Teatro, que nutria há tempos a vontade de ter um espaço, sonho que foi aumentando com a enchente no Teatro Rubem Braga, no Centro da cidade, em 2020. Ainda hoje o teatro permanece fechado. O grupo afirma ter afinidade com Luz Del Fuego também por causa de sua persistência. De acordo com Brenda, a bailarina, que dançava com cobras, demorou muito a concretizar este feito, pois foi um processo de anos até conseguir.

Preservação da memória

A escolha do nome de Luz Del Fuego para o novo centro cultural é acertada no sentido não somente de homenagear uma mulher à frente do seu tempo, que fez questão de escrever sua própria história e foi um exemplo de empoderamento feminino, mas também de preservar sua memória diante das muitas tentativas de invisibilização. Para quem não sabe, o nome de batismo da dançarina era Dora Vivacqua. Era irmã de Atillio Vivacqua, que foi vereador, deputado estadual e senador, que chegou a mandá-la para outro estado a fim de evitar escândalos que prejudicassem sua carreira política.

As tentativas continuam

Luz Del Fuego está morta, ninguém pode mandá-la para outro estado, mas ainda é invisibilizada quando, em uma cidade que se orgulha tanto de seus artistas de renome nacional e internacional, o poder público não promove ações de reconhecimento da trajetória da atriz, bailarina, escritora e naturista. Há as tão propagadas e visitadas Casa de Cultura Roberto Carlos e Casa dos Braga, esta última, onde morou o cronista Rubem Braga, o que é muito importante. Não existem, contudo, iniciativas que busquem resgatar a memória de Luz Del Fuego, o que também é algo importante. 

E se pararmos para observar, o cantor e compositor Sérgio Sampaio também não tem tanta valorização na cidade onde nasceu, talvez porque assim como sua conterrânea, contestava o conservadorismo da época e, além disso, tinha uma vida boêmia, com envolvimento com drogas lícitas e ilícitas.

Programação

O Centro Cultural Luz Del Fuego conta, no momento, com dois cursos gratuitos. O de balé é oferecido todas terças-feiras, às 17h, para crianças de 4 a 5 anos; 18h, de para a faixa etária de 6 a 8 anos; e 19h, para a de 9 anos ou mais. O de teatro, toda segunda-feira, das 18h às 19h30, para a faixa etária dos 10 aos 17 anos; e das 19h30 às 21h, para a faixa etária a partir de 16 anos. Os visitantes também podem conhecer a exposição fotográfica Corpo-Rio: Performance, Imagem e Materialidades, de Weber Copper; e as exposições de pintura Álbum de Família, de Anderson Fraga; e Humana, de Lys Ribeiro.

Primeiro troféu

Claudio Postay

Nessa terça-feira (26) o público conheceu os vencedores do 2º Prêmio da Música Capixaba, no Teatro Universitário, na Ufes. Vencedora na categoria Vozes Negras, Elaine Augusta ganhou seu primeiro troféu da sua recente, mas ascendente, carreira de cantora. “Foi uma noite tão bonita! Estou aqui para agradecer a cada um, a cada uma que foi lá, votou, incentivou. Esse projeto, esse sonho, é um sonho coletivo. Agradeço a todas pessoas que fazem ele acontecer”, disse a cantora nas redes sociais.

Mais um

Claudio Postay

Vencedora na categoria LGBTQIA+ na edição de 2022 do Prêmio da Música Capixaba, Afronta MC ganhou mais um troféu este ano, na categoria Artista Solo ou Duo. “Esse prêmio na minha mão é parte da história da humanidade do planeta Terra, parte importante da história da arte e do rap no Espírito Santo. Obrigada a todes que fizeram isso ser possível”, agradeceu em suas redes sociais.

Coletânea de dramaturgias

A dramaturga Nieve Matos lança, no próximo sábado (7), o livro Ontem, hoje e amanhã – Narrativas Capixabas, uma coletânea composta por dramaturgias escritas por ela e autores parceiros. O lançamento será às 14, no Bar da Zilda, Centro de Vitória, com apresentação teatral da peça Memórias à Venda, do Instituto Cultural Tambor de Raiz, de Conceição da Barra, norte do Estado. O livro pode ser comprado por R$ 20,00 durante o lançamento, no site da editora da Maré e diretamente com a autora, pelo número (27) 999195800. Em caso de necessidade de envio pelos correios, o valor é R$ 30,00.

Sinopses

O livro de Nieve Matos tem quatro dramaturgias: Peroás e Caramurus – Uma Saga na Ilha, escrita em parceria com Saulo Ribeiro; Caburé; Memórias à venda, uma parceria com Didito Camillo; e Tempos de Areia. A primeira narra a história das irmandades devotas de São Benedito do Rosário dos Homens Pretos, Peroás e Caramurus, no Século XIX. Caburé se passa no Brasil escravocrata, na região do Sapê do Norte, atualmente Conceição da Barra e São Mateus, palco de grandes lutas pela liberdade protagonizadas por mulheres e homens que promoveram o levante preto na região. Memórias à venda também se passa no Sapê do Norte, com histórias que alimentam as comunidades quilombolas da região. Tempos de Areia traz personagens do amanhã que foram trazidos para contar a história da antiga Vila de Itaúnas, soterrada por dunas entre os anos de 1940 e 1970, hoje sítio arqueológico pertencente ao Parque Natural de Itaúnas.

Pó e Cia

Quem também está com lançamento marcado é o escritor Vitor Miguel, do livro Pó e Cia, na próxima sexta-feira (6), às 18h, no Terraço Cultural, em Flexal, Cariacica. O lançamento contará com apresentação musical de Cadmo Oliver e Hapino MC. Os textos surgiram em 2017, quando o autor estabeleceu para si a meta de publicar uma poesia por dia durante os meses de novembro e dezembro. Vitor afirma que, naquela ocasião, não imaginava que anos depois aquele processo iria se materializar em um livro o qual denomina como seu “primeiro filho, como uma responsabilidade que ele carregará por toda sua vida”.

Pó e Cia II

Vitor Miguel classifica seu “primeiro filho” como “uma publicação com potente carga afetiva, que motivará os leitores a refletirem sobre sua própria vida e motivará, principalmente jovens, ao hábito da leitura, por se tratar de uma linguagem simples, direta e advinda da mesma realidade”. Também há um lançamento marcado para 16 de outubro, às 9h, na Biblioteca Pública Municipal Madeira de Freitas.

Até a próxima coluna!

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