Um dos nomes de novíssimos diretores que têm despontado no cinema nacional é Gabriel Mascaro. Com 33 anos, Mascaro já tem no currículo o elogiado e crítico documentário Doméstica, além dos longas Ventos de Agosto e Um lugar ao sol, entre outros – estes dois não tão aclamados assim pela crítica. Agora o pernambucano volta a receber novos olhares diante do lançamento de seu mais novo filme, Boi Neon.
Com atuação em destaque para Juliano Cazarré, Boi Neon apresenta a delicadeza de Marcaro mesclado a certo experimentalista presente em seu cinema. O longa, assim como o documentário Doméstica, chega para despertar no público diversas reflexões, o que Mascaro sabe fazer de melhor. Além disso, o visual do filme, desde sua fotografia até o material visual, destacam o compromisso com a imagem.
A história é simples, mas não tão comum de se ver. No cenário nordestino, o vaqueiro Iremar (Cazarré) sonha em ser nada menos que um estilista. Assim de início o filme já coloca o espectador para questionar estereótipos, já que o homem nordestino de lugares interioranos é sempre visto e retratado como algo agressivo e nada sensível. Ninguém esperaria encontrar numa trama um desses homens no papel de aspirante a estilista de peças femininas.
Em contraponto à Iremar está a personagem Galega, interpretada por Maeve Jinkings e se posicionando também no sentido de questionar estereótipos quanto ao papel da mulher na sociedade. Galega é uma mulher extremamente forte e decidida, que conduz completamente as cenas das quais participa e é motorista de caminhão. E ainda não é aí que a dissolução dos lugares-comum acabam, o personagem de Cazarré não está nem perto de ser colocado na posição de um homossexual – relação que é muito feita ainda na sociedade quando se fala em ser estilista e ser homem.
O sotaque nordestino é outro ponto forte que chega para atrair espectadores, assim como os poucos diálogos mas bem humorados. Uma das grandes críticas são as longas cenas em que nada acontecem. Contudo, isso já se apresenta como mais uma marca do cinema de Mascaro.
Boi Neon ganhou os prêmios de melhor filme e melhor roteiro no Festival do Rio; teve participação no Festival de Veneza e já carrega consigo uma leva de menções honrosas e destaques em festivais. O filme acaba de chegar na programação do Cine Metrópolis, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), com sessões diárias às 20h10, exceto na terça em que a sessão é às 20h20.
Serviço
O filme Boi Neon, de Gabriel Mascaro, está em cartaz no Cine Metrópolis com sessões diárias às 20h10, exceto na terça em que a sessão é às 20h20. O cinema fica na avenida Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória. Os ingressos custam R$10,00 (inteira) R$5,00 (Meia).
