Foto: Leonardo Sá
Tendo sido lançado em 2008 e com obras ainda inconclusas, o Cais das Artes, planejado como grande espaço para a cultura na Enseada do Suá, finalmente vai receber pela primeira vez arte em sua estrutura. Engana-se quem pensa que se trata de uma inauguração oficial. Na verdade, nos dias 23, 24 e 25 de maio acontece nas proximidades do local o Cine Rua 7, que vai exibir filmes diretamente nas grandes paredes do prédio projetado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha.
Cinema alternativo e ocupação da cidade são as duas palavras-chave deste festival de cinema, que chega a sua quinta edição desde 2011. “A proposta é ocupar os espaços urbanos através da linguagem audiovisual. Nosso principal objetivo é provocar um novo olhar sobre o espaço urbano”, diz Gui Castor, idealizador do Cine Rua 7.
Assim, o festival de cinema que surgiu no Centro de Vitória, mais especificamente na boêmia rua que lhe dá nome, passou a explorar novos espaços, tendo sua última edição, em 2015, realizada no vão livre da Terceira Ponte em Vitória, com público de cerca de 1500 pessoas em quatro dias. Agora, a bola da vez é o Cais das Artes, num evento com música e cinema que acontece do lado de fora da estrutura governamental inacabada. “Dessa vez decidimos olhar para um espaço cultural para refletir sobre a realidade cultural que está por vir. Sabemos que será um importante centro de cultural para a cidade, mas é preciso ter um olhar crítico sobre essa realidade, por isso a decisão de promover o evento ali, para o público pensar e falar sobre aquele espaço”, diz Gui. Não à toa, o festival será encerrado com a exibição de “CAIS DAS ARTES – Um maciço eco poético”, vídeo de Ivo Godoy com imagens e depoimentos sobre o local.
Para Gui Castor, explorando outros lugares da cidade, o Cine Rua 7 cumpre o objetivo de provocar discussão e novos olhares sobre o urbano, o que faz criando momentos únicos através atividades lúdicas que fiquem na memória das pessoas. “A rua se caracteriza pela diversidade e a gente busca criar esse espaço plural, promovendo encontros e acesso do público a conteúdos diversos”. Além dos filmes e debates, cada noite será aberta por apresentações musicais de Dan Abranches, Trio Ventaca e Jeremy Naud, além de uma performance de Alyne Curi.
Neste ano o Cine Rua 7 não realizou chamada para inscrições de vídeos, trabalhando com filmes convidados por meio da curadoria do mineiro Júlio Martins e Gui Castor. “A gente busca filmes experimentais, que explorem e experimentem com a linguagem cinematográfica, filmes não-comerciais. Ao construir um cinema na rua o debate passa pela questão do acesso do público à cultura, como toda proposta de cineclube”, diz o organizador do evento.
AGENDA CULTURAL
Cine Rua Sete
Quando: 23 a 25 de maio, de 19h às 22h
Onde: Rua Valter dos Santos Gonçalves, Enseada do Suá, Vitória (nas proximidades do Cais das Artes)
PROGRAMAÇÃO
Quarta-feira, 23 de maio
19h – Apresentação musical de Dan Abranches
20h – Through the surface of the pages… (curadoria de Júlio Martins)
Realizada e exibida em 2012 reúne artistas brasileiros que tematizam a página sob
diversos aspectos narrativos e performáticos. Debate após sessão.
Volta ao mundo em algumas páginas, Cao Guimarães (2002)
Leituras Oblíquas, Michel Zózimo (2008)
Paik for Kids, André Mintz (2008)
Queda, Pablo Lobato (2010)
Sage, Solon Ribeiro (2011)
Hysteron Proteron, Marcos Brias (2008)
Entrelinha, Daniela Seixas (2012)
Bratislava, Gui Castor (2010)
21h – Sessão panorama 1
Cabeças Decepadas, Orlando da Rosa Farya (2018)
Screens, Bruno Zorzal
Luz del Fuego, Ricardo Sá (2017)
A mão tagarela, Erly Vieira Junior (2010)
Confia, Renato Ren (2018)
A pedra que o estilingue lança, Ana Cristina Murta (2009)
A Mesa do Deserto, Diego Scarparo (2018)
Quinta-feira, 24 de maio
19h- Apresentação musical do Trio Ventaca + Performance de Alyne Curi
20h – Anatomia Mágica (curadoria de Júlio Martins)
Baseado num estudo livre e montagem a partir da prancha numero 75 do BilderAtlas
do historiador da arte Aby Warburg. Debate após sessão.
Com muito amor, Marco Paulo Rolla (2011)
Requiem, Mariana Rocha (2011-2013)
0778, Marcellvs L. (2004)
Vernis, Daniella de Moura (2012)
Pequenas Violências 3, Letícia Weiduschadt (2012)
Janela Temporária. À luz das Sombras, Rubiane Maia (2016)
Abrazo, Juan Montelpare (2012)
Onions, Isabela Prado (2006)
Victor Galvão e Laura Gonzaga – Interludio Percussivo #2 (2013)
Vestido de Pedra, Carla Borba (2012)
21h- Sessão panorama 2
Carta ao Pai – O Véu do Real, Manoela Chiabai, (2017)
Britzbar, relatos sobrios de tempos ébrios, Caio Fassarela e Lucas Valadão,
(2017)
Minhas horas com Camomila, 15 min, Tati Rabelo e Rodrigo Linhales, 2017
Hotel Cidade Alta, Vitor Graize (2016)
Prova de Contato, Ignez Capovilla (2016)
Foi o Seu Cheiro, Brena Carvalho (2018)
Nódoas, Angelo Lima (2016)
Sexta-feira, 25 de maio
19h – Apresentação musical com Jeremy Naud (piano solo)
20h – Montagem: Godard, Marker e Rocha (curadoria de Júlio Martins)
Interpretação crítica e leitura histórica de trechos dos filmes “Je vous salue
Sarajevo”, de Jean-Luc Godard; “La Jetée”, de Chris Marker; “Di”, de Glauber Rocha
formatados sob um diagrama temático em torno de ideias e práticas de montagem,
tanto da imagem coom do pensamento.
21h- Sessão panorama 3
Inferno, Thiago Moulin (2015)
Você, Morto, Raphael Araújo (2018)
Da curva pra cá, João Oliveira (2018)
CAIS DAS ARTES – Um maciço eco poético, Ivo Godoy (2011)