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Clubes de leitura e criação sobre livro de temática quilombola abrem inscrições

Trabalho se baseia no livro “A Brecha”, coescrito pelo embaixador do Reio do Congo Arquimino dos Santos

Rogério Medeiros

Estão abertas as inscrições para os clubes de leitura e criação do livro A Brecha, Uma Reviravolta Quilombola. Os interessados podem se inscrever gratuitamente, até o dia 24 deste mês, por meio de formulário disponível neste link.

A partir de 27 de fevereiro, será realizado o primeiro encontro de cada clube de leitura e criação, que tem como objetivo promover reflexões sobre as temáticas abordadas no livro e estimular os participantes a fazer um produto final, que pode ser uma peça teatral, um conto, um novo final para a história lida em grupo ou qualquer outra iniciativa proposta. Cada encontro terá duração de duas horas, periodicidade semanal, e será realizado em um dia da semana a ser escolhido pela maioria dos participantes.

A Brecha, Uma Reviravolta Quilombola apresenta a cultura das comunidades quilombolas do Sapê do Norte, que abrange os municípios de São Mateus e Conceição da Barra, contemplando sua história, conflitos e resistências. Os coautores do livro, lançado pela editora Estrela Cultural, são o embaixador de Rei de Congo do Ticumbi de São Benedito, Arquimino dos Santos, a escritora e antropóloga Deborah Goldemberg, e o cientista social Jefferson Gonçalves Correia.

Divulgação

Os clubes de leitura e criação, coordenados por mulheres quilombolas, serão realizados por meio do Edital 018/2021, da Secretaria Estadual de Cultura (Secult). Não há limitação de faixa etária ou qualquer outro tipo de restrição para a participação, como escolaridade. Cada participante ganhará um exemplar do livro. A cada encontro serão lidos e debatidos dois capítulos, para que cada clube projete ao menos um produto final de novas histórias.

Em cada clube as facilitadoras vão estimular os participantes a criar uma produção literária ou teatral sobre a experiência de leitura e debate, para suscitar diferentes memórias e abrir uma brecha para outras narrativas. As produções serão registradas e disponibilizadas em páginas de mídias sociais criadas pelo projeto, além de hospedadas no site da Prefeitura de Conceição da Barra, por meio da Comissão Permanente de Estudos Afro-Brasileiros (Ceafro).

Um dos clubes de leitura será em Itaúnas, tendo como facilitadora Maria Bárbara Trindade, mulher quilombola da comunidade Angelim I. O outro será no Quilombo Urbano de Santana, com Michele Maciel dos Santos, da comunidade de Córrego do Alexandre. Por fim, haverá um na Academia de Letras e Artes de Conceição da Barra (Abla), tendo como facilitadora Rosa dos Santos, do Quilombo de Santana.

Representantes da Ceafro também atuarão como facilitadores. A parceria com a comissão dará subsídios para a aplicação da Lei Federal 11.645/08, que trata da obrigatoriedade no ensino do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena, e para a resolução do CNE/CEB Nº 08/2012, que fixa as diretrizes curriculares para a educação escolar quilombola, a qual define e delimita como escolas quilombolas aquelas localizadas em território quilombola, e endossa a busca por uma perspectiva de educação que considere e valorize a memória, os marcos civilizatórios, os modos de vida, a oralidade e o território.

Em preparação para os clubes de leitura, foram realizadas nos dias 4 e 5 de janeiro oficinas de literatura e teatro na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Benônio Falcão de Gouveia, em Itaúnas, com grupos de professores, contadores de história e mestres de Ticumbi e de Reis de Bois. Nessas atividades foi trabalhado o conceito de oralitura, fazendo a convergência entre a linguagem escrita, cantos e contos, tendo A Brecha, Uma Reviravolta Quilombola um dos instrumentos para impulsionar as produções durante as oficinas.

Livro

A Brecha, Uma Revolta Quilombola é um romance que apresenta o encontro entre um adolescente chamado Fred, morador de Vitória, e Viriato, um garoto quilombola, que se conhecem quando o menino da cidade vai passar as férias no sítio do avô. No decorrer da história, vai sendo apresentada a riqueza cultural do povo do Sapê do Norte, que abrange mais de 30 comunidades, o descaso do poder público, os ataques a esse grupo e sua resistência. Também aborda o Ticumbi, manifestação cultural de Conceição da Barra, protagonizada por negros da região, e que existe somente nesse município.

A publicação foi lançada, de forma online, na Bienal Virtual do Livro de São Paulo, em 2020, devido à pandemia da Covid-19, sendo agora seu lançamento presencial. No ano seguinte, foi um dos cinco finalistas do 63º Prêmio Jabuti, na categoria juvenil. Em 21 de janeiro também houve um lançamento na Praça de Itaúnas, dentro da programação da tradicional Festa de São Benedito e São Sebastião.

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