terça-feira, novembro 19, 2024
25.5 C
Vitória
terça-feira, novembro 19, 2024
terça-feira, novembro 19, 2024

Leia Também:

Como de praxe, Instituto Sincades se nega a esclarecer sua atuação

A exposição Portinari na Coleção Castro Maya, aberta ao público na última sexta-feira (18), no Palácio Anchieta, em Vitória, associa mais uma vez o nome do Instituto Sincades à falta de transparência e, também mais uma vez, põe em xeque o modelo de gestão cultural estabelecido entre o instituto e a Secretaria de Estado da Cultura (Secult), nascido em 2008 e amparado numa política específica de renúncia fiscal. 

 
Segundo o Diário Oficial da última segunda-feira (21), a Secult contratou ao valor de R$ 300 mil o jornal A Gazeta como promotora e organizadora da exposição. O Instituto Sincades aparece como parceiro do projeto e a Secult e a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) como patrocinadoras. 
 
A organização da mostra ficou novamente a cargo da Premium, empresa de marketing promocional da Rede Gazeta e parceira do Instituto Sincades em inúmeros eventos culturais – exposições no Palácio Anchieta e espetaculosos eventos infantis no Álvares Cabral.
 
Um decreto de março deste ano regulamenta o apoio do governo estadual à realização de eventos. Na forma de patrocínio, tal apoio pode ser firmado pela aquisição de uma destas três cotas: Ouro, Prata e Bronze. 
 
Todas exigem contrapartidas. No caso da Ouro, cota adquirida por A Gazeta, a contrapartida é de pelo menos três mídias offline, com assinatura do patrocinador de 5″ e/ou logomarca, uma mídia online, com logomarca do patrocinador, três tipos de folheteria, com logomarca do patrocinador e citação do patrocinador. 
 
Em 8 de agosto, a Sedu publica no Diário Oficial a Chamada Pública para seleção de propostas de apoio a eventos conforme o decreto baixado em março. No Diário Oficial de 27 de setembro, a Sedu anuncia as propostas contempladas: a 6° Bienal Capixaba do Livro (realizada d 3 a 13 de outubro em Vitória) e a exposição Portinari na Coleção Castro Maya. A Sedu ainda não anunciou a cota adquirida por A Gazeta.
 
Como a todos os eventos concebidos pela parceria Sincades/Secult, uma mesma questão se apresenta: qual o custo global desta exposição? Ninguém sabe. A relação Sincades/Secult habituou-se a passar ao largo de questionamentos. 
 
Na manhã de segunda, a reportagem entrou em contato via email com o setor de comunicação da entidade. Indagamos, no caso específico da exposição, em que consiste a parceria do Instituto Sincades e qual a cota investida nela pelo instituto? Óbvio: não obtivemos resposta. Mesmo se tratando de dinheiro público, o Insituto Sincades se nega a elucidar suas atividades. 
 
Apenas lembrando: há um ano, o Palácio Anchieta recebeu a mostra Modigliani: Imagens de Uma Vida, que, pouco depois, caiu em suspeições. Após mais de dois anos de investigações, a polícia italiana decretou a prisão de Christian Parisot, diretor dos Archives Legales Amedeo Modigliani. O curador francês foi acusado de falsificar e vender no mercado obras do artista italiano 
 
No mesmo dia e pelo mesmo motivo também foi decretada a prisão de Matteo Vignapiano. Christian Parisot organizou a mostra, que começou em Vitória e depois seguiu para o Rio de Janeiro e São Paulo. A exposição foi mais uma concebida pela parceria Sincades/Secult e em que a Premium aparece como organizadora. E como fica o dinheiro público vertido para a exposição? 

Mais Lidas