Próximo passo sobre evento realizado em Cachoeiro é a apreciação pela Câmara de Patrimônio Imaterial, para elaboração de um parecer
O colegiado do Conselho Estadual de Cultura aprovou o início da tramitação do processo de registro da festa Raiar da Liberdade como Patrimônio Cultural Imaterial do Espírito Santo. O evento acontece todo dia 13 de maio na comunidade quilombola de Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim, sul do Estado. O próximo passo é a apreciação pela Câmara de Patrimônio Imaterial, para elaboração de um parecer.
O membro da Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense, Genildo Coelho, está otimista quanto ao processo e afirma ter feito algumas provocações para o Conselho durante a reunião em defesa da importância do reconhecimento do Raiar da Liberdade como Patrimônio Imaterial do Espírito Santo. Uma delas é que, caso se obtenha o registro até a data da festa, que ele seja assinado durante o evento.
“O registro do Raiar da Liberdade como Patrimônio Imaterial é uma oportunidade de contemplar parte significativa da população capixaba que não é contemplada com reconhecimento do patrimônio que construiu. Será que o povo preto, os indígenas, responsáveis pelo que somos hoje, não produziram nenhum patrimônio arquitetônico?”, questiona.
Genildo acrescenta que os negros formam uma “população invisibilizada pelas instituições. Que nesse processo de retomada do Brasil para o povo, o Conselho reconheça a importância do Raiar da Liberdade como elemento da identidade de uma população que sofreu um processo de invisibilização”, reitera.
Genildo conta que o Raiar da Liberdade é uma festa que lembra o processo de luta do povo negro. “A gente comemora a vitória de uma revolução que começou no chão da senzala, que acontece em uma comunidade onde foi formado um quilombo, organizado por negros que fugiram de fazendas da região”.
Ele narra que, em 13 de maio de 1888, a notícia da abolição foi recebida via telégrafo, comunicada pelos fazendeiros aos escravos, que no mesmo dia foram para a praça da cidade, onde começaram a fazer seus batuques em frente à Câmara Municipal. O presidente da Casa de Leis tentou se apropriar da comemoração, tirar o protagonismo dos negros, distribuindo comida e bebida. Dias depois, sem emprego, comida, moradia e outros direitos, os negros voltaram para as fazendas, permanecendo no regime de escravidão.
‘Estamos na expectativa da celeridade do processo’
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