Na CulturArte: congo de Roda d’Água; Caxambu; Negraô; dicionário pomerano; e Perâmbula
Chegamos ao finalzinho da Semana Santa e começa a contagem regressiva para uma importante festa popular do Espírito Santo, o Carnaval de Congo de Roda d’Água, em Cariacica, que faz parte dos festejos de Nossa Senhora da Penha. O evento, pra lá de tradicional e aguardado, será no dia 17 de abril, data na qual será festejada a padroeira do Espírito Santo. A concentração será às 7h, na Bica do Luiz, de onde sairá uma procissão com a imagem da santa rumo a um campo aberto.
Nesse local terá início a missa congueira, que foge do tradicional ao som de tambores de congo e casacas, agradando, inclusive, até os mais críticos aos ritos católicos. No decorrer do dia, haverá várias apresentações de bandas de congo e de cantores e bandas locais, além de barracas de comidas típicas e artesanato.
A festa é tradicional na região e conta com um personagem que existe somente nessa localidade, o João Bananeira. Com o rosto coberto por uma máscara e o corpo por folhas de bananeira, pessoas da comunidade encarnam o personagem e acompanham os cortejos e todo o restante da programação. Conta-se que João Bananeira surgiu na época da escravidão, quando os negros usavam esse artefato para não serem identificados durante as festividades em homenagem à padroeira do Espírito Santo.
Habemus internet!
A coluna respirou aliviada ao ouvir da produtora do Carnaval de Congo de Roda D’Água, Maria Zalem, que a Associação das Bandas de Congo, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, conseguiu que seja disponibilizada internet na região da festa. No ano passado, infelizmente, as pessoas não tiveram acesso, o que é comum naquela localidade, mas não devia ser, principalmente durante um evento tão importante. Em um contexto em que cada vez mais as pessoas evitam andar com dinheiro e priorizam pagamentos por meios eletrônicos, perderam quem queria comprar e também quem queria vender.
Será que habemus ônibus?
Outra iniciativa importante informada por Maria Zalem foi o envio de ofício para a Ceturb, para que disponibilize mais linhas de ônibus, porém, ainda sem resposta A iniciativa é extremamente necessária, pois, principalmente o momento de ir embora da festa, torna-se uma verdadeira competição para conseguir entrar em um transporte coletivo. Quando a pessoa consegue, normalmente vai em pé, em um espaço superlotado. Alô, Ceturb! Cumpra o seu papel e atenda ao pedido da Associação!
Congo do Encantado
O aquecimento para o Carnaval de Congo de Roda d’Água começa um dia antes, no domingo, dia 16. Às 11h haverá concentração das bandas de congo no Encantado, na parte alta de Roda d’Água. Dali, os participantes descerão rumo à sede da Banda de Congo São Sebastião de Taquaruçu. A iniciativa resgata os primórdios do Carnaval de Congo, quando ainda não havia bandas de congo e diversas famílias saiam pelas ruas e paravam nas casas, sendo acolhidas pelos seus moradores. Essas famílias deram origem às bandas.
Caxambu
A Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense está com novidades. Uma vez por mês, até agosto deste ano, serão realizados os projetos Difusão da Identidade Caxambuzeira e Roda do Mês, que se complementam. O primeiro promove debates na comunidade quilombola de Monte Alegre, em Cachoeiro, sul do Estado, sobre temas como intolerância religiosa e preservação do patrimônio imaterial. O outro, realiza uma roda de Caxambu sempre após o debate. As atividades são abertas ao público e acontecerão sempre no primeiro sábado de cada mês, a partir das 17h.
Caxambu II
A única exceção será no mês de maio, quando haverá atividades em dois finais de semana. Uma será no primeiro sábado, na comunidade quilombola de Vargem Alegre, também em Cachoeiro, por ocasião da festa Raiar da Liberdade. A outra em 13 de maio, na comunidade quilombola de Monte Alegre, no mesmo município, onde, nessa data, também será realizada a festa Raiar da Liberdade, mas com uma proporção maior. A festividade comemora o processo de luta do povo negro.
Dança Afro
Quem não pôde ir ao espetáculo Abebé, do Grupo de Dança Afro Negraô, no último final de semana, na Má Companhia, Centro de Vitória, pode se programar para as novas apresentações. O grupo subirá ao palco nos dias 27 e 28 de abril, na Má Companhia, e nos dias 29 e 30 do mesmo mês, na Casa da Cultura Sônia Cabral. O espetáculo é em comemoração aos 30 anos do Grupo de Dança Afro Negraô, completados há dois anos, entretanto, o evento não pôde ser realizado por causa da pandemia da Covid-19.
Dança Afro II
O nome do espetáculo remete a um leque carregado por Oxum, que vem com um espelho. A orixá, regente do Grupo de Dança Afro Negraô, é reverenciada durante o espetáculo, no qual, por meio do espelho, vê a trajetória de 30 anos do Negraô. Abebé é apresentação cultural carregada de respeito à ancestralidade, que provoca várias reações sensoriais no público, desde o vislumbrar as belezas dos passos da dança, até as boas energias possibilitadas pelo som dos atabaques e a calma transmitida pelo cheiro das ervas e outras plantas. Vale muito a pena!
Dicionário Pomerano
O etnolinguísta Ismael Tressmann, de Santa Maria de Jetibá, região serrana do Espírito Santo, prepara o Dicionário Enciclopédico Pomerano Multilíngue, em cinco idiomas: pomerano, português, nerlandês, sueco, inglês e alemão. Antes desse, Ismael já havia desenvolvido, em 2006, o Dicionário Enciclopédico Pomerano, que possui 16 mil verbetes e cerca de 600 páginas.
Perâmbula
O gaitista Paulo Prot lança seu primeiro trabalho autoral, intitulado Perâmbula, uma coleção de oito faixas originais que apresentam uma mistura única de música brasileira, jazz e blues, disponíveis em todas plataformas digitais de música. O material apresenta músicas como Fino Trapo, um baião que se utiliza da forma blues em sua construção, uma homenagem às raízes da gaita em diálogo com a cultura brasileira. O disco conta com músicos como Otavio Castro (RJ), na gaita e no baixo elétrico; Edu Szajnbrum (ES), na bateria e na percussão; Fabio do Carmo (ES), no violão sete cordas; Manel Fogo (ES), no baixo; e Nathan Morais (MG), também no baixo.
Enfim, férias!
A coluna vai dar uma pausa durante um mês para gozar das tão esperadas férias, pois ninguém é de ferro, né? Até maio!