Vitória passa atualmente por diversos impasses com sua classe artística. Nos últimos dois anos, os artistas tem se mobilizado para cobrar políticas públicas mais efetivas para a cidade. Essa posição de cobrança tem sido interpretada como “problemática” pelo poder público, tanto estadual como municipal.
Em abril de 2015 era iniciado na fachada do prédio da Secretaria de Cultura do Espírito Santo (Secult), na Enseada do Suá, em Vitória, o movimento #OcupaSecult, em que artistas, representantes de coletivos culturais e apoiadores tentavam chamar atenção para o corte de verbas do governo do Estado na pasta de cultura – o que implicou diretamente na redução orçamentária para os editais de incentivo à área –, além de chamar atenção para o Plano Municipal de Cultura e a falta de diálogo da Secretaria municipal com os artistas e a sociedade.
Apenas neste ano Vitória aprovou a Lei 8.943/2016, que institui o programa de combate à poluição visual e à depredação de imóveis públicos e privados. Em que, nas entrelinhas da medida, está a separação entre o que é a arte e o que é vandalismo – colocando grafite contra pixação e criminalizando interventores urbanos – quando busca “ajudar a criar ambientes mais seguros ao inibir a pichação”.
E chegando à região do Centro de Vitória estão os diversos problemas com as manifestações artísticas da Rua Sete de Setembro. Por lá, mais artistas, produtores culturais e seus grupos tentam chamar atenção para as medidas silenciadoras que estão sendo impostas a eles. O que acontece é que já faz certo tempo que nenhum deles consegue alvarás para realização de seus eventos – e, quando conseguem, o Disk Silêncio bate à porta impedindo atividades de eventos tradicionais, iniciativas recentes e prejudicando bares do entorno. E estes são só alguns dos problemas que a cultura de Vitória passa, sem entrar no mérito das necessidades de cada área artística, como literatura, artes cênicas, música e as tantas outras.
Como se vê, a cultura na cidade é ainda uma pauta bastante precarizada, deixada de lado e pouco discutida pelo poder público. Nas campanhas à Prefeitura de Vitória, a abordagem sobre a pauta cultural e planos para o segmento é quase nula. Candidatos como Lelo Coimbra (PMDB), Luciano Rezende (PPS) e Perly Cipriano (PT) apenas citam a promoção da cultura na cidade. Já para Amaro Neto (SD), a cultura entra como “entretenimento em espaços temáticos”. O que se fala é sobre incentivos para que empresas privadas possam fomentar ‘centros de desenvolvimento da cultura e de eventos’, em conjunto com uma política cultural planejada e sustentável. Nada é suficientemente explicado.
Na TV também não tem havido grandes citações sobre a cultura nos programas de cada um dos candidatos à prefeitura de Vitória. A única iniciativa até o momento chega às redes sociais com o candidato André Moreira (PSOL), que promove na noite desta sexta-feira (9), a partir das 20h30, uma discussão sobre a cultura na cidade, a partir das propostas de governo do candidato, que dá um fôlego a mais nas propostas para a área cultural. Convidados e envolvidos em produção cultural farão uma conversa sobre a gestão cultural em Vitória, com abertura para questionamento de quem estiver assistindo ao programa Vitória de Verdade, direto do Facebook do candidato.
Confira os programas de governo dos candidatos: