Formação em cartoneiros e economia criativa é voltada para jovens de Cariacica

Formar catadores, seus filhos e netos, e jovens de comunidades de Cariacica em editoração de livros cartoneros – feitos com caixas de papelão recicladas – é a proposta do projeto “Do Lixo ao Livro – formação em Editoração Cartonera e Economia Criativa”, que está com inscrições abertas até o próximo dia 27. A iniciativa mistura literatura e artes plásticas para resgatar e valorizar a profissão de catador.
O público-alvo prioritário são jovens de 14 a 29 anos, que residam em Flexal I, II, Nova Canaã e bairros vizinhos, catadores de recicláveis e parentes, e pessoas com deficiência (PCDs). Também podem se inscrever moradores do município. O resultado será publicado no dia 5 de maio.
Serão realizados sete encontros, ao longo de dois meses, no Centro de Referência das Juventudes (CRJ) de Flexal, com a participação de 20 jovens selecionados. Ao final da formação, os participantes receberão uma bolsa de R$ 500,00, e terão a oportunidade de lançar as obras que produziram em um evento que contará com grafitti, apresentações musicais e um sarau poético.
“A ideia é criar uma nova forma de olhar para o trabalho dos catadores, com destaque ao papel fundamental da coleta seletiva e mostrando como materiais recicláveis, como o papelão, podem ser transformados em arte e fonte de renda”, ressaltou o idealizador do projeto, Vitor Miguel.
Ele destacou, também, a importância de envolver a juventude, que, muitas vezes, enxerga o trabalho dos catadores de maneira negativa, ressignificando essa profissão e criando alternativas de geração de renda.
Os temas das oficinas serão: sustentabilidade e economia criativa; escrita criativa de contos e poesias; cartonagem; artesanato; pintura; e projetos culturais. O projeto também inclui a promoção da coleta seletiva na comunidade, com a distribuição de panfletos educativos sobre o descarte correto de materiais recicláveis, em parceria com a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis FlexVida.
O coletivo Poesia Inútil, formado por artistas capixabas, também integra o projeto, e contribuirá com sua experiência em incentivar a leitura e as publicações independentes. Por meio do selo Selin Inútil, será apoiada a produção de livros artesanais, agregando valor e visibilidade à produção dos jovens.
A proposta, realizada com recursos do Funcultura, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), é inspirada no coletivo Dulcinéia Catadora, de São Paulo, formado por mulheres catadoras que confeccionam livros de contos e poemas com capas de papelão coletado nas ruas e recicladas.