Em tempos de ocupações em escolas públicas e passeatas estudantis contra as arbitrariedades no sistema educacional, a figura da mulher, e da mulher adolescente, tem ganhado cada vez mais visibilidade nesse contexto. Isso porque a quantidade de meninas assumindo o papel de protagonistas nas ocupações e protestos contra a precarização da educação é perceptivelmente maior do que a quantidade de militantes do sexo masculino. Foi percebendo esse fato que os diretores cinematográficos Flávio Colombini e Beatriz Alonso se interessam por retratar em vídeo essas recentes lutas que destacam a importância da figura feminina na linha de frente.
A percepção de que as mulheres estavam protagonizando o movimento de luta estudantil começou em São Paulo, onde o documentário Lute Como Uma Menina foi gravado. A peça audiovisual, que teve imagens de jornalistas livres como colaboração, retrata o momento em que estudantes secundaristas começam a ocupar escolas de São Paulo no intuito de protestar contra um projeto de reorganização escolar imposta pelo governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB), em 2015 – que previa o fechamento de quase 100 escolas.
No documentário, as alunas que estiveram à frente dessas lutas contam como se mobilizaram contra tais medidas; refletem sobre o sistema educacional vigente; e narram da perspectiva da mulher como é enfrentar lutas do tipo. A frase “Lute Como Uma Menina” foi, e tem sido, intensamente replicada na internet e redes sociais logo quando as manifestações de São Paulo começaram a pipocar. Ela faz referência à força feminina e a importância da mulher e sua luta na sociedade.
O documentário de 76 minutos, apresenta uma riqueza de imagens que passeiam pelas escolas ocupadas na época, mostram momentos decisivos das ocupações, a organização das estudantes e, em destaque, o enfrentamento da direção escolar e da polícia. Temas como luta popular, feminismo, liberdade feminina e violência policial contra as mulheres são abordados e detalhados pelas entrevistadas.
O documentário tem circulado pelo Brasil e, na próxima quinta-feira (24), às 19h, chega ao Cine Metrópolis, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Goiabeiras, Vitória. Mesmo com as atividades temporariamente suspensas em prol do apoio a estudantes, professores e trabalhadores técnico-administrativos que seguem em greve contra a PEC 55 e a reforma no Ensino Médio, o cinema irá manter algumas atividades como essas. A sessão é gratuita ao público e será seguida de conversa com a plateia. A realização e discussão é do coletivo/cineclube Feministas de Quinta.
Serviço
A sessão do cineclube Feministas de Quinta, com o filme Lute Como Uma Menina, tem realização na quinta-feira (24), às 19h, no Cine Metrópolis – avenida Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória. A entrada é franca.
