Aquela velha ideia de que no Brasil as pessoas não gostam de teatro não é verídica, segundo Elenice Moreira, presidente da Associação Cultural Ambiental Uma Floresta. “O público ama o artista, gosta de arte. Podendo alcançá-lo, vai ao teatro”, diz. Para possibilitar esse alcance, além de mais teatros, é preciso que, nos locais onde eles já existem, haja investimento em infraestrutura e recursos humanos para se manterem abertos ao público.
No Espírito Santo, afirma Elenice, alguns teatros ficam um tempo fechados, mas depois voltam a funcionar, enquanto os que estavam funcionando muitas vezes fecham, havendo, portanto, um certo rodízio. Alguns exemplos são o teatro de Viana, que reabriu recentemente, e o do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), campus Vitória, que permanece fechado por não haver funcionários aos finais de semana.
“Temos 78 municípios, quantos têm teatro? Quantos funcionam? Precisa ter mais teatros, colocar os que já existem para funcionar, disponibilizar técnicos. É um direito da população e dever do governo. É importante também a colaboração da iniciativa privada”, defende.
Elenice destaca que a crença no fato de que “o artista vai onde o público está” procede, principalmente no que se refere às comunidades populares. “É mais fácil o artista ir para o bairro do que todo um bairro ir para o teatro, mas a gente também tem que buscar fazer com que as pessoas entendam que elas também podem ir ao teatro”, aponta, destacando que peças teatrais não se restringem a espaços fechados, uma vez que é preciso investimento no teatro de rua.
Uma das formas de fazer esse investimento, sugere Elenice, é a construção e manutenção de praças. Ela ressalta também a necessidade de terrenos para incentivar a cultura do circo. “Os artistas circenses precisam de espaços que tenham, por exemplo, água e esgoto para montar o circo”, salienta. Para Elenice, os benefícios da arte são inúmeros. “Quando você vai ao teatro, conhece a arquitetura do espaço, a história. Assistir um espetáculo é dar um passeio, se divertir, ajuda a saúde física e mental, cura as feridas”, exalta.
Festival de Teatro
A Associação Cultural Ambiental Uma Floresta realiza neste ano a 17ª edição do Festival Nacional de Teatro Cidade de Vitória (Fenatevi), entre os dias cinco e 12 de novembro. A programação conta com 33 espetáculos teatrais do Espírito Santo, do Brasil e de outros países; quatro oficinas; três mesas de debate; dois lançamentos de livro; um workshop e um Cine em Cena. Todas atividades são gratuitas. “Entre os nossos objetivos estão a formação de público, intercâmbio entre grupos de teatro de vários estados e países, além da formação de novos artistas e daqueles que já atuam na área”, explica Elenice.
Este ano, o evento será em formato híbrido, com atrações online, transmitidas pelo
YouTube e pelo
Facebook, e presenciais, que acontecerão na Praça Costa Pereira e no Palácio da Cultura Sônia Cabral, ambos no Centro de Vitória. Nas atividades presenciais em espaços fechados, serão adotados os protocolos sanitários de prevenção à Covid-19. Será necessária a utilização de máscaras e haverá disponibilização de álcool em gel. Também será respeitada a quantidade de pessoas estabelecida pelas normas técnicas da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).
Ao retirar o ingresso, cuja distribuição será feita uma hora antes das apresentações, é preciso apresentar, pelo menos, o comprovante de vacinação da primeira dose. “Acreditamos na ciência e que devemos zelar uns pelos outros. Se a pessoa não quer vacinar, não quer viver coletivamente com a maioria vacinada”, destaca Elenice. Na Praça Costa Pereira, como é local aberto, não será preciso ingresso, mas é necessário que os espectadores compareçam de máscara e utilizem álcool em gel.
As peças, segundo Elenice, são voltadas para crianças e adultos. As oficinas serão as de Iniciação ao Teatro de Bonecos, Direção; Teatro Digital – Presença Remota e Virtualização; e Construção de Pequenos Monólogos A Partir das Memórias. Também haverá o lançamento dos livros Entre Ervas e Unção, de Elis Gonçalves; e Corpos Estético-Políticos: Teatro do Oprimido, Direitos Humanos e Ancestralidades, de Willian Berger.
Também fazem parte da programação o workshop “Uma Conversa Interativa Sobre o Ofício do Ator, a Profissão, Interpretação, Política e Cultura”; e a mesa “Teatro da Fronteira Norte do México: Políticas de Dor”. O homenageado desta edição será o ator e produtor cultural Cezar Baptista, falecido em julho deste ano. A programação completa, links para inscrições nas oficinas e mais informações possam ser acessadas
aqui.
O Fenatevi – 17ª edição é realizado pela Associação Cultural, Circense e Ambiental Uma Floresta, com produção da Ratimbum Produções de Artes e apoio da Secretaria Estadual de Cultura (Secult).