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Ednardo Pinheiro deixa o teatro capixaba órfão

Conhecido pelo seu amor e dedicação ao teatro, o ator Ednardo Pinheiro foi inspiração para inúmeras gerações de atores capixabas, que o consideravam um grande exemplo a ser seguido. O ator faleceu nessa quinta-feira (11), depois de sofrer um mal súbito, enquanto se recuperava de duas cirurgias que realizou recentemente.
 
Seu grande amigo e parceiro de trabalho, José Augusto Loureiro, lamenta a grande perda que as artes cênicas capixabas sofreram. “Além de grande ator, ele era um professor incrível e que acreditava no que fazia. Ednardo não admitia que as dificuldades o impedisse de realizar seus projetos, uma força de vontade difícil de ver aqui no estado. Com certeza ficamos mais pobres sem sua presença”, diz o ator. 
 
José Augusto conhecia Ednardo havia quase 20 anos e juntos realizaram muitos espetáculos, que fizeram parte da história do teatro capixaba. Entre eles Os Coveiros, uma comédia sobre um coveiro que se aproveita da fé alheia realizando milagres falsos para ganhar dinheiro, um dia um superintendente chega para questioná-lo, mas juntos acabam formando uma parceria para ganhar mais dinheiro. “A peça ficou em cartaz durante 15 anos e é um texto muito atual, apesar de ser da década de 60, por que aborda questões de corrupção e do ‘jeitinho brasileiro’ usado como desculpa para burlar as leis”, explica José Augusto. 
 
Eles também foram parceiros em Os Cegos, O Figurante Invisível e A Terra Prometida, todos textos reflexivos e que questionavam temas importantes de forma acessível a todos os públicos. “Ele que escolhia os textos, e eu sempre confiante embarcava em seus projetos. Com certeza aprendi muito nesse tempo de convivência”. 
 
Ednardo Pinheiro começou sua carreira ainda criança, na Alemanha, onde acompanhava a mãe adotiva, também atriz, em apresentações durante a Segunda Guerra Mundial. Na década de 1950, de volta ao Brasil, fez carreira principalmente no teatro, em São Paulo, e ainda trabalhou no cinema e na televisão. Mudou-se para Vitória no início da década de 1990, com a intenção de parar de fazer teatro e ter uma vida mais tranquila.
 
Entretanto, foi em Vitória que ele viveu os momentos mais importantes e ativos da sua carreira. José Augusto conta que ele sempre tinha muitas ideias de espetáculos e ainda desejava interpretar muitos textos, mas a doença o impediu de realizar alguns desses projetos. Outro companheiro de vida foi o artista Fraga Freri, que estava trabalhando com ele em uma adaptação do Rei Lear, um trabalho que infelizmente não será concretizado. 
 
Fraga conheceu Ednardo no começo dos anos 2000 e logo ficaram amigos devido as inúmeras afinidades artísticas. “Costumávamos conversar muito sobre arte, teatro e a cena local, ele sempre me pedia opinião sobre novos projetos, havia um respeito mútuo entre nós”, conta Fraga.
 
Para os dois amigos o legado de Ednardo será a de dedicação que ele tinha ao teatro, arte que ele viveu intensamente até quando pode. “O teatro era sagrado para ele e a carreira que ele trilhou aqui no estado deve ser lembrada e valorizada. Espero que esse exemplo fique para as próximas gerações”, diz Fraga.
 
O sepultamento de Ednardo Pinheiro será nesta sexta-feira (12), a partir das 16h, no Cemitério Parque da Paz. Rodovia do Sol (Ponta da Fruta), Vila Velha.

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