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Em ritmo de carnaval, 522 apresenta seu primeiro EP

A Rua da Lama, reduto da boemia universitária de Vitória, é também o berço do 522. Em 2009 eram jovens universitários cachoeirenses que se encontraram em Vila Velha e, entre as rodas de viola, decidiram fundar um grupo. 
 
Não por acaso, o 522 decidiu lançar o primeiro trabalho autoral, o EP Amar é bom, neste espaço e tempo. Às vésperas do carnaval, quando o grupo costuma tocar bastante (confira agenda abaixo) e as novas músicas começarão a aparecer no repertório junto a clássicos do cancioneiro brasileiro. E o local escolhido foi a Rua da Lama, onde a banda iniciou as rodas de samba no bar Belisco. E mais: na terça-feira junto ao Som de Fogueira, um caso de ocupação do espaço público para a cultura. Flávio Borgneth (voz e tamborim), acredita que é preciso apoiar esse tipo de manifestação, pois muitas vezes o lazer e o trabalho dos artistas ficam restritos na cidade, por conta das limitações dos Planos Diretores Urbanos (PDU's).
 
Anos passaram das mesas de bar até o lançamento do EP. De Cachoeiro do Itapemirim ficou o nome do grupo, que se refere ao antigo prefixo telefônico da cidade, e três dos integrantes originais, hoje em minoria no grupo. Os outros quatro não são cachoeirenses. “Mas deveriam”, brinca Flávio, no bom orgulho e humor de quem vem da “capital secreta do mundo”.
 
A banda, que sempre se destacou por dar uma roupagem contemporânea aos clássicos do samba, agora busca descobrir e imprimir sua identidade própria nas canções autorais, sem medo de experimentações.”Já temos um tempo de mercado e agora apresentamos o objetivo de inserir nossa composição, depois de amadurecer em nosso trabalho, sem deixar de interpretar os clássicos”, diz o sambista.
 
Antenados nas novas tendências, o grupo optou por lançar as canções em primeira mão num show pelo canal Navi Brasil no YouTube, no qual explicam um pouco o contexto e sentido de cada canção. Na mesma data as músicas foram disponibilizadas na internet pelo Spotify. A ideia é que o público já tivesse um contato com as composições no show de apresentação, que aconteceu no dia seguinte.
 
Faixa a faixa
 
Cada uma das quatro faixas traz uma história interessante envolvida e experimentações rítmicas. Pescaria do 522, que abre o trabalho, é baseado num fato que não aconteceu: um convite de um amigo para uma pescar em Marataízes, que não puderam cumprir pois tinham um show para fazer. Cadê? Cadê o 522?/ que não vem pra Marata / porque toca depois”, dizem os versos.
 
Em Amar é bom, que dá título ao disco, a busca é de um diálogo entre o samba e o jazz, que Flávio gosta de chamar de “samba progressivo”. A letra, ao contrário do que pode parecer indicar seu nome, traz uma mensagem triste, de desilusão, de quem busca um novo amor depois de cada decepção: “Amar é bom / Pena que vai se acabar”.
 
Baile de Gala, em formato de marchinha com notas pouco usuais, é inspirado numa famosa festa de carnaval que acontece desde os anos 40 em Cachoeiro, quando os moradores vestem smoking trajes de gala, apesar do calor. Tradicionalmente, a festa termina ao amanhecer, com uma banda que desce o morro e a música resgata uma ocasião em que depois de descer, o povo subiu de volta e seguiu o carnaval, numa utopia da festa infinita.
 
Para terminar, a única música que não autoral, Vou Partir, é um resgate de uma bela e emotiva composição do escritor maranhense Raimundo Corrêa de Araújo, tataravô de Flávio e seu irmão Lucas (voz e surdo). Eles contam que a canção seguia viva apenas na memória da bisavó Dona Ninita, que aos 102 anos, a cantou pelo telefone para eles, que construíram para ela uma canção num ritmo entre o fado e o chorinho, lembrando a herança e a melancolia portuguesas.
 
Integrantes e agenda
 
A gravação do disco Amar é Bom, do 522, conta com Flávio Borgneth (voz/tamborim), Lucas Borgneth (voz/surdo), Niter Vantil (voz/pandeiro), Vinícius Gigante (flauta/gaita/guitarra), Mestre Baco (voz/cuíca) e os músicos Leandro Gera (cavaquinho) e Kaka Rodrigues (violão). A produção foi feita por Wanderson Lopes e Vinícius Gigante.
 
 
Para quem quiser ouvir ao vivo as novas canções junto às interpretações dos clássicos, segue a agenda da banda 522 no carnaval: 
 
Sexta-feira (9)
 
20h – “Baile do 522” – Casa de Bamba
 
Rua Gama Rosa, 154 – Centro de Vitória
 
 
Domingo (11)
 
21h – Bar 40 Graus
 
Rua Joaquim Lírio, 811 – Praia do Canto
 
 
Segunda-feira (12)
 
21h – Ensaio Botequim
 
Rua Joaquim Lírio, 788 – Praia do Canto

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