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Em terra de Rubem Braga, quem escreve crônica é rei?

Rubem Braga estaria orgulhoso de ver. O cachoeirense, considerado pai da crônica moderna no Brasil, talvez diria que a crônica está no ar que se respira na infância na “capital secreta do mundo”. Professores e estudantes da Escola Estadual Polivalente Aquidabã, em Cachoeiro de Itapemirim, estão engajados numa campanha de financiamento coletivo para colocar no papel suas crônicas feitas em sala de aula.

Para publicar 500 exemplares de Livro é Lugar de Fala, o grupo está recebendo doações online para arrecadar R$ 15 mil, que cobririam os custos de edição, diagramação, impressão e outros gastos previstos. No book trailer, vídeo de apresentação da campanha, realizada no site Catarse, uma crônica de Jamilli Couto Dias, do 1º ano.

“A ideia do projeto veio exatamente do mesmo lugar que as crônicas nascem, da rotina. A crônica faz parte do conteúdo que eu tenho que ensinar aos meus alunos. Venho acompanhando a evolução de escrita deles desde o início do ano, e a escrita criativa é a que mais surte efeitos positivos nas aulas de redação”, diz Maria Gabriela Verediano, professora de Português e Literatura do colégio.

Antes das crônicas ela havia trabalhado com as turmas o gênero de contos e viu um potencial que precisava ser explorado.  “O chute inicial para colocar o projeto à tona veio da crônica, percebi que não poderia deixar passar mais uma vez. Eu precisava fazer acontecer. Agora estamos fazendo isso juntos”, conta, citando o envolvimento de cinco professores e 60 alunos que participam na escrita e também nas ilustrações.

Segundo a professora, os temas mais recorrente nos textos são relações afetivas: a relação que os jovens têm com o mundo, com a escola, com a vida. A observação do cotidiano.

O nome do livro alude à possibilidade dos estudantes escreverem suas próprias histórias. “É um livro feito pelos alunos, protagonizado por eles. Desde ilustração até os textos. Eu estou aqui para mediar, orientar, mas o lugar de fala é deles e não meu. É preciso dar autonomia para desenvolver, a gente cuida, mas não sufoca”, explica Maria Gabriela, ressaltando a oportunidade e liberdade que teve na escola para fazer esse protagonista tomar a cena, o que acredita que não costuma ser comum no ambiente escolar, onde geralmente há muitas ordens e pouco espaço para autonomia.

Com o projeto em mãos mas sem recursos suficientes, veio a ideia do financiamento coletivo. “A ideia é que se fizemos todo processo educacional juntos, nós poderíamos também fazer o livro acontecer coletivamente”.

Os alunos mantém também uma conta no Instagram, onde trazem fotos e informações sobre o andamento da campanha. O lema é inspirador: “A literatura é uma janela para o amor.”

Com duas semanas de ação, o grupo já arrecadou mais de 30% do total. Ainda faltam 36 dias, mas a campanha é tudo ou nada. É preciso atingir os 100% até dia 19 de dezembro. Veja como contribuir.

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