“Não passamos de cabeças subindo e descendo a escada rolante” é o verso que deu origem ao título do primeiro livro de Alexsander Pandini. “É uma crítica a uma sociedade superficial e homogeneizada, também lembra cabeças que rolam por aí e a própria escada rolante traz a imagem de cabeças subindo e descendo dentro de um shopping, pessoas que só existem porque consomem”, explica o autor.
Com a ironia e rebeldia, Cabeças na escada rolante é um retrato da juventude de Alexsander. São poemas escritos entre os 18 e os 28 anos que resultam de um processo de catarse e busca tão comuns nesse período da vida. A obra será lançada pela Editora Cousa nesta quinta-feira (24), no Bar do Bimbo, no Centro de Vitória.
“Os poemas que eu selecionei para o livro são fruto de um momento de muita efervescência, quando estamos deixando a adolescência e entrando na juventude, mas de alguma forma já se preparando para a fase adulta”, diz o autor. Pandini explica que escrever foi a forma que encontrou para organizar esse caos. “É um momento em que temos muitas possibilidades, mas apenas um caminho para escolher”.
Alexsander Pandini nasceu em Colatina em 1970. Formado em jornalismo, hoje ele trabalha no mercado publicitário, mas já foi ator e compositor e um dos membros fundadores do Lordose para Leão. O escritor também conta que a época em que esteve em contato foi importante para a sua formação como escritor, principalmente para escrever em versos e colocar musicalidade e ritmo nas palavras.
Apesar de o livro Cabeças na escada rolante estar pronto há quase 24 anos, Pandini diz que os poemas ainda têm um significado muito forte para ele, que ainda consegue se ver nesses jovens versos. “Houve uma época em que eu rompi com esse cara do passado, mas sempre há um retorno, um reencontro. E tudo que eu passei nessa época me ajudou a construir quem eu sou hoje. Não tem como ignorar esse momento”, afirma.
Pandini continua escrevendo e agora se arrisca em outros estilos como o conto e o romance, mas ele assume que a sua relação com a literatura mudou bastante. “Eu costumava ser mais visceral, precisava viver sempre no limite e me expondo a determinadas situações para ter material para escrever. Hoje eu consigo ter um distanciamento dessa ferocidade que existe na literatura e em outras formas de arte, continua intenso, mas de outra forma”, conta.
Serviço
Lançamento do livro Cabeças de escada rolante, de Alexsander Pandini, será nesta quinta-feira (24), às 19h, no Bar do Bimbo. Rua 7 de Setembro, Centro de Vitória.