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Escritor resgata 30 anos de militância em livro que será lançado nesta sexta

Wilson Júnior relata, em forma de poesia, sua trajetória de militância, que começou nas Comunidades Eclesiais de Base

As últimas três décadas de resistência e mobilizações populares, seja em âmbito estadual, nacional ou mundial, foram relatadas em formas de poesia no livro Moinhos de Vento, do escritor Wilson Júnior. Os relatos são feitos a partir de seu olhar, de sua experiência de militância, que começou há cerca de 30 anos, nas Comunidades Eclesiais de Base (Cebs) de Cariacica, na Grande Vitória. O lançamento será nesta sexta-feira (5), no Centro Sindical dos Bancários, no Forte São João, a partir das 19h.

Sérgio Cardoso

Moinhos de Vento traz cerca de 70 poemas escritos por Wilson desde o início de sua militância. Uma das tarefas do autor foi selecionar os textos produzidos, pois em três décadas foi escrita muita coisa. O primeiro critério foi escolher aqueles que tratam, de fato, de assuntos relacionados a sua atuação nos movimentos de resistência, excluindo homenagens a pessoas que estão, de certa forma, fora desse contexto, exceto sua companheira e suas avós, a quem atribui sua sensibilidade na escrita.

A segunda tarefa foi seguir uma ordem cronológica. Ele escolheu desde as primeiras poesias escritas até as mais recentes. Entre as mais antigas está uma sobre a campanha de demarcação das terras indígenas de Aracruz, no norte do Estado, da qual participou. Em meio às mais recentes, estão críticas ao governo Bolsonaro (PL) e uma homenagem ao ativista Lula Rocha, falecido em fevereiro de 2021.

Wilson afirma que, apesar de as poesias falarem da dureza do dia a dia, ele sempre traz a mensagem da luta, da resistência, da união para o enfrentamento. Outra ideia que ele traz é a da semente como “um vir a ser do amanhã”, e em referência à semente crioula, presente no trabalho dos agricultores familiares. “Essa semente plantada guarda a resistência, como a semente crioula, que é passado, pois passou pela seleção natural das melhores sementes; é presente, pois nos alimenta, nos dá soberania alimentar; e é futuro, pois mantém viva uma tradição”, diz.
A semente, afirma, também simboliza as pessoas que morreram pelas causas sociais, como a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, executada em março de 2018 junto com seu motorista, Anderson Gomes.

O nome do livro, Moinhos de Vento, é em alusão a um dos primeiros textos que Wilson escreveu. Nele, o autor conversa com um espantalho, pois, conforme afirma, “ninguém está só, inclusive o espantalho”.

Divulgação

A poesia também faz uma intertextualidade com o cavaleiro andante Dom Quixote, personagem de Miguel de Cervantes que luta contra pás de moinhos. De acordo com o escritor, no livro as pessoas acham que o personagem lutava contra algo que não existia. Pare Wilson, é assim que o senso comum enxerga os militantes. “Nem Dom Quixote ousou enfrentar sozinho suas loucuras, temos que nos unir na luta”, ressalta.

A trajetória de militância de Wilson começou ao unir sua indignação com a expulsão de sua família e tantas outras de uma ocupação no bairro Castelo Branco, em Cariacica, na década de 80, com o contato com lideranças das Cebs, que conheceu quando foi fazer curso de noivos na Igreja Católica. As Cebs, recorda, foram sua porta de entrada para as associações de moradores e para o Partido dos Trabalhadores (PT), no qual não está mais filiado.

Ainda nas Cebs, Wilson se dedicou a dar formações com base na leitura popular da bíblia, método propagado pelo Centro de Estudos Bíblicos do Espírito Santo (Cebi/ES), pautado na Teologia da Libertação. O escritor, que havia estudado até a quarta série, teve nessa atividade algo que o impulsionou a fazer supletivo e se formar em Pedagogia anos mais tarde. Ainda hoje, ele atua como educador popular.

Com o passar do tempo, Wilson foi para outros espaços. Trabalhou como chefe do Departamento de Apoio às Minorias no governo Vitor Buaiz (PT), o primeiro e único petista à frente da gestão estadual; nos mandatos da ex-deputada estadual Brice Bragatto, que na época era do PT, nos quais cumpria o papel de ser um elo entre os movimentos populares e a Assembleia Legislativa; uma das funções que cumpre hoje no Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Espírito Santo (Sindibancários/ES).
Moinhos de Vento é o primeiro livro de Wilson. Será lançado pela Editora Maré, tem apoio do (Sindibancários/ES) e da Intersindical – Central da Classe Trabalhadora. 

Serviço

Lançamento do livro Moinhos de Vento

Data: 5/8

Local: Centro Sindical dos Bancários, na rua Ithobal Rodrigues de Campos, 117, Forte São João

Horário: 19h

Preço: R$ 30,00

Contato: (27) 99976.5869.

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