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Espaço de cultura afro sofre atentado em Cariacica

Ativista da cultura negra, Elis Gonçalves têm percorrido o estado compartilhando seus conhecimentos em oficinas sobre tranças, artesanato afro e debates contra a intolerância religiosa. Há 20 dias, começou uma nova etapa com o estabelecimento de um espaço físico disponibilizado por apoiadores do seu trabalho para sediar o instituto que leva seu nome e realizar ali as atividades sociais e culturais que coordena. O que poderia ser uma boa notícia, porém, acabou se tornando motivo de preocupação.

A casa, localizada no bairro Bela Vista, em Cariacica, sofreu um ataque na noite de quarta-feira (18), tendo os vidros quebrados, cartazes e materiais de seu trabalho que se encontravam do lado de fora destruídos e roubados e combustível jogado pelo chão e paredes da varanda de entrada do imóvel. “Recebi algumas ameaças, dizendo para sair daqui senão iam me matar. Eu ignorei e o resultado foi isso, tudo quebrado, vidros quebrados, jogaram gasolina. A gente lavou tudo e continua aqui”.

Ela desenvolve trabalhos há mais de 20 anos em Cariacica, e agora se fixou provisoriamente no novo local, que encontrava sem uso há tempo. Entre as atividades realizadas com crianças no bairro, estão aquelas relacionadas com oficina para elaborar bonecas abayomi e outros tipos de bonecas negras.

Embora o espaço não realize nenhum tipo de culto ou cerimônia religiosa, Elis acredita que algumas pessoas não viram com bons olhos o projeto, por pensar que por falar de cultura negra teria ligação com religiões de matriz africana.

O atentado ocorreu na quarta-feira entre 17h e 21h,quando Elis, que reside e trabalha no local, não estava em casa. Ela registrou boletim de ocorrência na polícia, e diz que têm visto viaturas policiais passando pelo local nos últimos dias para reforçar a segurança, conforme prometido.

Apesar do medo, a militante disse que não pretende sair de lá. “Vou dar continuidade, não tenho intenção de sair daqui”, afirma com serenidade. “Estamos programando atividades de mobilização no bairro para tentar esclarecer, ou melhor, escurecer as pessoas sobre do que se trata o projeto. Também vamos realizar uma ação com entidades do movimento negro para vir aqui no espaço em agosto”.

Ela afirma que recebeu solidariedade de diversas organizações do movimento negro e das famílias que participam das oficinas em Bela Vista, que ajudaram a limpar o local depois do incidente.

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