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Espírito Santo ganhará Academia Capixaba de Letras da Diversidade

Proposta, destaca Luciana Medeiros, tem como foco indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência

O ano de 2023 se aproxima e uma das novidades anunciadas para a cultura capixaba é a inauguração, em janeiro, da Academia Capixaba de Letras da Diversidade. A proposta é imortalizar escritores que normalmente não são acolhidos nas academias tradicionais, como indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência, integrantes da comunidade LGBTQIA+, moradores de comunidades periféricas e detentos.

Idealizadora da iniciativa, a escritora e professora Luciana Medeiros dos Santos pontua que, em geral, as academias de letras são “algo formal, conservador, padronizado”. Ela também é criadora do coletivo literário Teresa de Benguela, com foco nas mulheres negras, que promove atividades literárias. “Com o coletivo, percebemos que precisamos ampliar espaços e atingir mais pessoas que têm sua produção literária, muitas vezes, invisibilizada”, destaca.

A Academia, afirma, dará prioridade para autores que já tenham pelo menos um livro publicado, privilegiem a língua portuguesa, trabalhem com temáticas sobre a diversidade, e saibam respeitar a pluralidade de pensamento. Serão 50 vagas, sendo as 25 primeiras preenchidas por meio de convite, e, as demais, por editais.
A escolha dos patronos, que ainda está em fase de elaboração, vai ao encontro dessa ideia. Entre os nomes já cogitados, estão os dos escritores Rubem Braga, Carolina de Jesus e Rachel de Queiroz; das cantoras Dona Ivone Lara, Clara Nunes, Jovelina Pérola Negra e Elza Soares; da ativista Marielle Franco; e do indígena Aruká Juma.
Academias de Letras
A realidade de exclusão nas academias de letras existe, mas vem mudando, mesmo que lentamente. A Academia Espírito-Santense de Letras, por exemplo, foi fundada em 1921, mas somente em 1981 uma mulher, que foi Judith Leão Castello Ribeiro, passou a integrar esse espaço, até então totalmente masculino. Foi presidida por uma mulher pela primeira vez somente em 2002, quando a escritora Maria Helena Teixeira assumiu a gestão, que terminou em 2004.
A ausência do público feminino, impulsionada pelo machismo, foi a motivação para a criação, em 1949, da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras, que teve Judith como sua primeira presidente. Foi a própria Academia Espírito-Santense de Letras que sugeriu a criação da Academia Feminina, o que faz muitos questionarem se eles queriam de fato dar voz às mulheres ou que fosse criada para que elas não ocupassem a Academia Espírito-Santense.

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