O galpão das paneleiras, em Goibeiras, em Vitória, recebe a partir desta quinta-feira (18) até o dia 10 de março, a exposição Barro, Casca e Fumaça – As faces por trás das paneleiras. O projeto engloba ainda mais duas fases, um site exclusivo para a divulgação das fotos e uma pesquisa – que também será disponibilizada no site – sobre as realidades e impressões vividas ao longo do tempo de apuração e acompanhamento das paneleiras.
Antes mesmo de o projeto nascer, Mauro já circulava por Goiabeiras e mantinha certo contato com os trabalhadores do galpão. “Vim do Rio de Janeiro com a proposta de estudos, mas meus planos acabaram tomando outros rumos. Na época, há dois anos, eu morava no bairro e acabei tendo uma aproximação com a produção das paneleiras”, conta ele. Diante disso, o fotógrafo já iniciara um acompanhamento fotográfico espontâneo e, com o tempo, o trabalho foi estruturado de forma mais etnográfica. “A Whitne me informou sobre um edital cultural e a possibilidade de inscrevermos o projeto. Estruturamos tudo e hoje ele esta aí”, relata Mauro.
Whitne Fernanda Alves é quem esteve na produção e idealização do projeto junto com o fotógrafo. Frequentadora do bairro de Goiabeiras, ela e Mauro buscaram estudar o lado que poucas pessoas de fora conhecem: o cotidiano, as situações de união e a relação com a natureza local das paneleiras e suas famílias. “É importante destacar que apesar de falarmos sempre ‘paneleiras’, existem muitos homens envolvidos no processo de construção das panelas de barros. Eles também são destacados em nosso trabalho”, explica Whitne.
No site oficial do projeto, é possível encontrar fotos separadas de acordo com as etapas (barro, casca e fumaça) que os trabalhadores do galpão definiram há anos para trabalhar. Entretanto, na exposição em si as fotos não se dividiram em fases, elas formam um todo. E sobre a abordagem fotográfica, Mauro destaca o que ele percebe como diferencial do projeto. “As paneleiras já são muito conhecidas pelo capixaba, mas minha abordagem fotográfica foi mais distinta desse conhecimento. Busquei retratar o mais natural possível da rotina das paneleiras. Em dois anos de acompanhamento vivendo e se aproximando dessa realidade, lidei com situações que só quem está próximo consegue visualizar. A minha busca sempre foi por esse olhar mais humano”.
A ideia de expor as fotos dentro do próprio galpão surgiu para contextualizar ao máximo o projeto, além de movimentar o local de forma a agregar cada vez mais visibilidade para o trabalho das paneleiras. “Selecionamos, inicialmente, 25 fotos para compor a exposição no galpão, mas quando distribuí cada uma lá, as paneleiras e os trabalhadores ficaram tão encantados com tudo aquilo e alguns se perguntaram “mas e eu?.’ Dessa forma, resolvemos aumentar um pouco mais o acervo da exposição para apresentar um recorte o mais fiel possível de como esses profissionais se enxergam”, detalha Whitne sobre a produção da exposição.
O projeto completo pode ser acessado no site da exposição (www.barrocascaefumaca.lwsite.com.br) e, além de galeria de fotos, a pesquisa escrita será publicada em breve. “Essa pesquisa é um outro diferencial do projeto e, logo, disponibilizaremos no site. Futuramente é possível que publiquemos em formato de artigo até”, finaliza Mauro.
Serviço
A exposição Barro, Casca e Fumaça – As faces por trás das paneleiras tem abertura hoje (18), às 16h, no galpão das paneleiras – Rua das Paneleiras, 55, Goiabeiras,Vitória – e fica em exibição de segunda a sábado, das 8h às 18h, até o dia 10 de março de 2015. A entrada é livre.
