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Exposição em Vila Velha valoriza mulheres que enfrentaram tratamento de câncer de mama

A galeria “Eugenio Pacheco de Queiroz”, anexa ao Teatro Municipal de Vila Velha (Praça Duque de Caxias), recebe a exposição “Peito Aberto”, do artista plástico Caio Cruz. Ao todo, 12 quadros de óleo sobre tela retratam a experiência de mulheres mastectomizadas, que conseguiram enfrentar o tratamento do câncer sem dramas, sem se sentirem mutiladas. O artista percebeu que uma mulher sem mama ou sem cabelo pode sim encarar tudo isso com leveza e até ser pintada em telas, mantendo sua beleza e sensualidade.

Como o Outubro Rosa é uma campanha de conscientização que tem como objetivo alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, esta campanha acontece com mais intensidade no mês de outubro, tendo como símbolo é um laço rosa.

O evento de abertura da exposição contou com a apresentação da bailarina Sandra Motta, que fez uma performance de dança contemporânea inspirada nos quadros do artista e a cantora Patrícia Eugênio, que fez uma apresentação musical. As duas artistas são mastectomizadas e foram retratadas nas telas do artista.

A bailarina afirma que a doença não pode incomodar tanto, ela é um fato natural da vida. De acordo com Sandra Motta, a maior importância da exposição é abrir espaço para se falar de peito aberto sobre o assunto que hoje ainda é tabu.  “O tratamento é dolorido, mas a mulher não pode se isolar, ela tem de se mostrar para a vida até mesmo para ter de onde tirar energia”, finalizou.

As mulheres retratadas em suas telas se sentiram abraçadas e valorizadas. A expectativa de Caio Cruz é que outras mulheres que passaram pela mesma experiência do câncer, mas que acabaram se isolando por medo dos julgamentos ou da repulsa da sociedade, vejam nos quadros um gatilho para a retomada da liberdade de expressão e da autoestima.

Caio Cruz propõe desconstruir a errônea concepção de que a arte apenas representa o que se padroniza como belo. Muito mais que isso, “a arte, em toda sua plenitude deve também expressar inquietações, emoções, verdades nuas e cruas”, afirmou o artista.

 

Apesar usar a arte para retratar mulheres que venceram uma batalha contra o câncer de mama, de forma poética e fiel às retratadas, as pinturas de Caio Cruz chegaram a ser retiradas de exposição em um hospital da Serra. Das cinco telas emprestadas para a exposição da Serra, uma foi censurada pelos organizadores por supostamente conter nudez. Reflexo da onda conservadora que ganhou repercussão com as exposições QueerMuseu, em Porta Alegre, e com a do Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo e chegou ao Espírito Santo com o projeto de lei do deputado Euclério Sampaio (PDT), aprovado pela Assembleia na última segunda-feira (23), que proíbe pornografia e nudez em exposições artísticas e culturais em espaços públicos no Espírito Santo.

A tela retirada de exposição na Serra já retornou a Vila Velha e está exposta na galeria, que deu todo o apoio ao artista, conforme relato de Caio Cruz nas redes sociais.

 

A exposição fica aberta até o dia 18 de novembro. Entrada franca.

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