quinta-feira, novembro 21, 2024
24.4 C
Vitória
quinta-feira, novembro 21, 2024
quinta-feira, novembro 21, 2024

Leia Também:

Exposição fotográfica destaca o legado de mulheres negras em Cariacica

Com autoria de Amanda Bolonha, o projeto é realizado em menção ao Dia da Consciência Negra

Divulgação

Está em exposição no Centro Administrativo da Prefeitura de Cariacica, o projeto “Minha Consciência Negra”, da fotógrafa Amanda Bolonha. O projeto faz parte da programação do município em menção ao Dia da Consciência Negra, comemorado neste sábado (20), e homenageia o legado de mulheres como Dandara, liderança fundamental na luta contra a escravidão no Brasil.

As fotos retratam mulheres negras com pinturas tradicionais dos povos africanos, que são amigas ou mulheres próximas a Amanda, que além de estarem presentes nas imagens, também contaram os próprios casos de violências raciais que sofreram durante a vida. “O intuito da exposição é ocupar espaços e, além de homenagear essas mulheres, colaborar para a luta antirracista”, aponta.

Aos 26 anos, Amanda sabe o que é estar nessa luta. Moradora de Campina Grande, em Cariacica, ela conta que o racismo sempre esteve presente nas suas relações, mas se tornou mais perceptível quando foi aprendendo sobre o assunto. “Muito do racismo que eu sofri desde pequena, só fui perceber depois fazendo terapia, estudando, atuando como professora nas comunidades. Foi quando fui identificando diversas situações que passei”, relata.

A fotografia passou a fazer parte da vida da artista aos 16 anos, se tornando uma ferramenta de expressão. Desde então, Amanda só fotografa mulheres. “Por ser uma mulher preta, eu sentia a necessidade de inclusão na fotografia, porque é uma profissão muito masculinizada, eu me sentia excluída. E também não via tantas mulheres pretas então foi uma maneira que eu encontrei de me expressar, dentro da profissão, o que eu vivo”, conta.

A fotógrafa também é educadora social e atua em diferentes projetos em comunidades da Grande Vitória. Esse contato próximo com crianças também foi um fator de incentivo para o projeto. “As crianças têm muita dificuldade de se enxergarem enquanto pretas, as meninas principalmente, de se enxergarem com autoestima, então eu fui vendo esses casos desde nova e sentia que tinha que fazer alguma coisa”, afirma.

Divulgação

Ao explicar sobre cada fotografia, Amanda tenta sempre recuperar a importância do trabalho desenvolvido por mulheres pretas nas lutas pelo direito à própria existência. Uma das histórias que está sempre presente é a de Dandara, que lutou com Zumbi dos Palmares contra a escravidão. “Só que ela não é vista como a referência, é pouco citada. Eu faço referência a Dandara, porque ela lutou com Zumbi, mas não é vista na história. Mais uma vez, a mulher é esquecida”, declara.

Os impactos dessa violência simbólica, muitas vezes, estão presentes até no momento da exposição, na reação de quem passa pelo local, conta Amanda. “Muitas pessoas não enxergam como uma homenagem, elas passam e questionam o motivo da data, o porquê da exposição, ou passam longe, e isso me dói muito, porque vejo que ainda é uma resistência muito grande”, relata.

Além da prefeitura, a exposição está disponível para visitação no Shopping Moxuara até a próxima segunda-feira (22). Neste sábado (20), Amanda Bolonha vai participar de uma roda de conversa sobre o tema, no Centro Cultural Frei Civitella, em Campo Grande.

A programação é promovida pela Gerência da Juventude da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) de Cariacica, com participação das gerências da Mulher e da Igualdade Racial e da Secretaria Municipal de Cultura. 

Mais Lidas