Letras provocativas e poéticas, um visual ousado e irreverente e uma base sonora ampla marcaram a trajetória da banda Os Mamíferos, que nas décadas de 1960 e 1970 inseriu o Espírito Santo no mapa da música autoral brasileira. As histórias que envolvem o grupo serão retratadas na exposição Os Mamíferos e a Contracultura – uma viagem pela cena musical do Espírito Santo nos anos 60 e 70. A mostra será lançada na sede do Arquivo Público, que fica no Centro de Vitória, na próxima terça-feira (6), às 19h, com um bate-papo com Francisco Grijó, autor do livro Os Mamíferos – crônica bibliográfica de uma banda insular. A entrada é livre.
A formação original do grupo era composta por Afonso Abreu, Mário Ruy e Marco Antônio Grijó em um trio de violão, baixo acústico e bateria, ainda sob a égide bossa-novista. Dois anos depois, passa a fazer parte da banda o vocalista Aprígio Lyrio e o letrista Sérgio Régis, que agregaram à música ecos do surrealismo e da Beat Generation.
O contexto da época, no qual uma série de acontecimentos agitava o mundo, dentre eles o assassinato de Martin Luther King, o Maio de 68 na França, a Guerra do Vietnã e a ditadura civil-militar no Brasil, aumentou a vontade de contestação dos integrantes. “Era preciso provocar, afrontar, desafiar a caretice também por meio do visual. Horas antes da participação na semifinal do II Festival Capixaba de Música Popular Brasileira, produzido por Milson Henriques, eles se reuniram e decidiram que iriam surgir no auditório do Colégio do Carmo com os rostos pintados. Ao que tudo indica, pela primeira vez uma banda brasileira apresentava-se com maquiagem pesada, antecipando o fenômeno glitter que dominou o rock nos anos 70”, explica um dos acompanhou a trajetória da banda, José Roberto Neves.
Porém, o reconhecimento da crítica viria somente em 1970, com a vitória da música Agite antes de Usar e de Aprígio como melhor intérprete, no III Festival Capixaba de Música Popular Brasileira, que ocorreu no Ginásio do Sesc. “A verve roqueira da composição e do arranjo proporcionou a cama sonora ideal para o vocalista usar e abusar de seu potencial cênico, exibindo os cabelos cacheados, a calça boca de sino escura e a bata com pele de raposa nos ombros”, acrescenta José Roberto.
São nestas e em outras memórias que o público poderá adentrar em Os Mamíferos e a Contracultura. O material da mostra pertence ao acervo da extinta Fundação Cultural e do Departamento Estadual de Cultura, atualmente sob a guarda do Arquivo Público.
Serviço
A abertura da exposição Os Mamíferos e a Contracultura – uma viagem pela cena musical do Espírito Santo nos anos 60 e 70 e bate-papo com o escritor Francisco Grijó tem realização na próxima terça-feira (6), ás 19h, na sede do Arquivo Público – rua Sete de Setembro, 414, Centro de Vitória. A entrada é livre.