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‘Fazer cultura deve ser acessível a todos, inclusive aos grupos invisibilizados’

Livro “Debaixo do pé de manga”, com textos e desenhos de pessoas em situação de rua, será lançado nesta sexta-feira

Divulgação

“A arte deve estar acessível a todos. E o acesso não deve ser somente aos produtos culturais, mas também ao fazer cultura, a utilizá-la como forma de colocar em evidência as mais diversas realidades, dos mais diversos grupos, principalmente aqueles que as pessoas fingem não enxergar”. A perspectiva é da jornalista e escritora Elaine Dal Gobbo, repórter de Século Diário e integrante da equipe de produção do livro Debaixo do Pé de Manga, cujo lançamento será nesta sexta-feira(18), às 14h, na Biblioteca Pública Municipal Madeira de Freitas, em Campo Grande, Cariacica.


A publicação apresenta textos e desenhos feitos por pessoas em situação de rua atendidas pelo Centro Pop de Cariacica. O material foi produzido por meio de oficinas ministradas por Elaine, a também escritora Thalia Peçanha e a artista plástica Geana Abreu, no âmbito do projeto Expressão Liberta, viabilizado pelo apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Cariacica João Bananeira. 
As realizadoras do projeto Expressão Liberta: Geana Abreu, Elaine Dal Gobbo e Thalia Peçanha. Foto: Divulgação

O nome do livro faz alusão ao lugar onde as oficinas aconteceram. “Quando estávamos na preparação das atividades, fizemos isso junto com a equipe do Centro Pop. Fábio, o coordenador, falou que poderia disponibilizar uma sala, mas quando chegamos lá, avistamos um pé de manga e achamos que seria interessante reunir os participantes ali mesmo”, conta Elaine, proponente do projeto, que foi idealizado após ela perceber o aumento no número de pessoas em situação de rua na Grande Vitória.

“Nas praças, nas portas das padarias e dos supermercados, é perceptível o aumento no número das pessoas em situação de rua. O que eu percebia também era que as pessoas se sentiam incomodadas com aquilo, mas não por causa da situação e os fatores sociais, mas pela presença daquela pessoa ali, pedindo dinheiro, pedindo comida. Percebi ali que quem vive nas ruas, muitas vezes, não é visto como ser humano”, afirma.

Elaine relata que, ao mesmo tempo, pensou que essas pessoas têm muitas histórias para contar. “Achei que poderiam contar para nós, através dos textos e desenhos, que elas têm vivências, experiências que a gente precisa conhecer para buscar compreender a sua realidade, que são como qualquer um de nós, com coisas para ensinar e dignas de respeito”, diz a escritora, que informa que, durante a oficina, foram feitas algumas indagações aos participantes, como sobre sonhos, mas a equipe os deixou à vontade para produzir.

Mesmo sem direcionar os assuntos a serem tratados nos textos e desenhos, eles giraram em torno das seguintes temáticas: moradia, fé, família, reencontros e natureza. Cada um deles deu origem a um capítulo. Os trabalhos que não estavam relacionados com nenhuma dessas temáticas ficaram em outro capítulo, assim como os referentes à sala para Educação de Jovens e Adultos (EJA), que na época em que as oficinas foram ministradas estava sendo construída. Os participantes escolheram o nome para a sala e a retrataram através dos desenhos.

Também há um capítulo com frases que os participantes falavam em diálogos entre si, com as oficineiras e com a equipe do Centro Pop, que chamavam atenção e eram devidamente anotadas por Thalia.

Durante o lançamento, terá uma breve apresentação do projeto, debate sobre Arte e Inclusão Social, e o Sarau Pássaro de Fogo, da Academia Cariaciquense de Letras (ACL). O livro já está disponível para download gratuito.

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