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Fredone: de Serra Dourada para o mundo

Foto: Javier Ayarza
 
Filho de um pedreiro e de uma auxiliar de serviços gerais, Frederico começou a se interessar pelas artes ainda na adolescência, enquanto andava de skate e fazia seus  primeiros graffitis, em Serra Dourada II, bairro onde cresceu. Hoje, a obra do artista conhecido como Fredone Fone, ou simplesmente Fredone, extrapolou os muros e paredes do Espírito Santo e ganhou o mundo. Já participou de exposições e pinturas de 29 murais em 10 países da América Latina e Europa.
 
O trabalho de Fredone está muito ligado às periferias, lugares afastados dos centros, sejam regiões urbanas ou rurais. “Pintar nesses lugares, participar, de algum modo, destas estruturas, que eu também chamo de arquiteturas sociais e culturais, influencia diretamente meu trabalho”.
 
Ele conta que práticas que carrega desde a infância e adolescência o aproximam da arquitetura, como de ajudar o pai na construção civil informal, e a de andar de skate ou fazer graffiti, que desafiam as formas arquitetônicas, ao utilizar espaços públicos que não foram criados para tal fim.
 
Seu trabalho de pintura se caracteriza pela utilização de formas geométricas, construindo composições baseadas sobretudo nas cores preta, vermelha e tons de cinza. “São imagens que transitam entre forma e figura, em diálogo com arquiteturas físicas, sociais, culturais, econômicas”, relata ele, ressaltando que por meio da arte continua construindo e pintando paredes, como fazia desde criança quando estava ajudando seu pai nos serviços de pedreiro.
 
Para ele, as viagens são uma forma de expandir seu trabalho, sua maneira de ver o mundo e sua capacidade de criação artística. “Ali, não só a pintura fala, ela é apenas uma pequena parte do trabalho. Estando nesses lugares, também me comunico muito com as pessoas locais. Fico ali cinco a dez dias pintando no mesmo lugar, e as pessoas passam, param, cochicham, conversam comigo, voltam no outro dia, e criamos vínculos. Criamos outras arquiteturas”.
 
Nos últimos cinco anos, Fredone pintou murais na Espanha, Chile, Argentina, Uruguai, Venezuela, México, Bósnia e Bélgica. Também participou de exposições e residências artísticas em outros países, realizando trabalhos utilizando outras linguagens, como instalações em espaço público. Em 2015 foi selecionado, junto com a artista Joana Quiroga, para realizar trabalhos coletivos na Itália. No mesmo ano realizaram trabalhos na França e na Bósnia. Onde participaram de uma residência artística (França) e de uma exposição de arte na natureza (Bósnia – National Park Kozara).
 
As viagens internacionais começaram com a ideia de realizar intercâmbios, o que gerou resultados tão naturais como inesperados. “Estas viagens são importantes por que a gente faz conexões. Cada vez que viajo faço novas conexões e os conhecimentos vão se ampliando. Nascem outras possibilidades de ir para outros lugares e de criar pontes para que artistas venham pra cá, especialmente para Serra Dourada”.
 
Foi assim que surgiu o projeto Latinta, que promove intercâmbios de artistas, dentro e fora do Brasil. No Espírito Santo, o projeto já trouxe artistas de São Paulo e mais quatro países (Suiça, Itália, México, Argentina), contribuindo com a pintura de 14 murais em diversos bairros da periferia da Grande Vitória, além de exposições de arte internacionais.
 
O capixaba faz parte do coletivo de graffiti LDM Crew, o grupo de escritores de graffiti há mais tempo em atuação no Estado, e é um dos sócio-fundadores do coletivo Instituto TamoJunto. Criou projetos como “Latinta”, “Mutirão ao Vivo e à Cores”, “Semana do Graffiti” e “Bombardeio Zine”, que depois iria se chamar “Emético Zine”. 
 
Também é integrante da Banca Bicho Solto e do grupo de rap Conteúdo Paralelo. Mas sua trajetória no rap já é um capítulo a parte, que não cabe nessa reportagem.

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