Grito da Cultura não vê motivo para comemoração, já que mudança atende ao jogo eleitoral, e não aos “escândalos da secretaria”
A exoneração do secretário de Cultura de Vitória, Luciano Gagno, publicada no Diário Oficial desta terça-feira (1), não é motivo de comemoração, pontua o Grito da Cultura, movimento formado por artistas de diversas áreas. A constatação considera o fato de que a saída do cargo ocorreu devido a “movimentações do tabuleiro do jogo político, em ano pré-eleitoral, e não aos escândalos envolvendo a pasta”. Gagno, além disso, permanece na gestão.
“Já faz tempo que vários escândalos envolvendo a Secretaria de Cultura são noticiados na mídia e pelo Grito da Cultura e nada acontece. Pelo jeito, a pasta da Cultura rende capital político para o prefeito”, destaca o Grito em nota.
Entre as preocupações, agora, estão a escolha do sucessor e os problemas acumulados na secretaria. “Quem vai assumir a pasta tem compromisso com o setor cultural? Tem conhecimento técnico e disponibilidade para o diálogo? Tem respeito pelos trabalhadores das artes e da cultura? Quem fizer crítica vai continuar sofrendo retaliação? Os mesmos problemas continuarão a acontecer?”, questiona o movimento, apontando: “Muitas perguntas e nenhuma resposta”.
O ato de exoneração de Gagno foi publicado na mesma edição que informa o substituto interino, o subsecretário Tiago Benezoli, e seu novo cargo comissionado, de assessor especial na Secretaria Municipal de Governo, comandada por Aridelmo Teixeira (Novo).
A mudança na pasta de Cultura é para acomodar o PP, que avança em aliança com o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), candidato à reeleição. Em maio passado, o convite para assumir a cadeira do então secretário foi feito ao vereador do partido, Anderson Goggi, que o recusou, alegando “que o período de 8 meses, estipulado para minha possível gestão na secretaria, seria insuficiente para realizar um trabalho de excelência e promover transformações significativas para a cidade e para o ecossistema cultural capixaba”.
Luciano Gagno chegou a ser exonerado do cargo de secretário em julho de 2022, após ser denunciado em Boletim de Ocorrência (BO) por crime de racismo, registrado pela coordenadora de Ações e Projetos da Associação Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold), Deborah Sabará, após afirmar em reunião sobre apoio a evento, que “a comunidade LGBTQIA+ não faz parte da nossa política”. Contudo, no mês seguinte ele reassumiu.
Em julho deste ano, como resultado de uma denúncia protocolada pelo vereador André Moreira (Psol), o secretário foi sabatinado na reunião da Comissão de Cultura para prestar esclarecimentos sobre contratações irregulares na pasta. No entanto, se limitou a apontar o aumento no valor dos investimentos em cultura durante a atual gestão.