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Galeria Matias Brotas recebe a exposição Aquela Mata

 
A mata retratada por Raphael Bianco é nebulosa, sem contornos definidos e parece extrapolar o nível das nuvens do céu. Com um título que parece fazer referência a uma lembrança antiga, a exposição Aquela Mata é marcada por telas grandes pintadas com acrílica e óxido de ferro, além de quatro desenhos em caneta sobre papel 60% algodão. A mostra será aberta nesta quinta-feira (7), na Galeria Matias Brotas Arte Contemporânea. 
 
O modo de produção de Raphael é bem peculiar, ele trabalha com o inesperado. Antes de iniciar a pintura ele passa uma camada de óxido de ferro na tela branca e a sua superfície de trabalho adquire tons de marrom, que quando entram em contato com a tinta fogem do controle do artista. “Quando eu faço com a segunda camada com tinta acrílica o meu desenho vai adquirindo cores próprias. Devido a composição da tinta acontece essa reação e o mais surpreendente são as cores que aparecem mesmo quando estou trabalhando só com preto e branco”, explica. 
 
Com uma pintura que oscila entre o figurativo e a abstração, as imagens desfocadas que Raphael cria é uma forma de investigar aquilo que escapa ao olho. “Quando o nosso olho foca um elemento, ao mesmo tempo ele desfoca outros. O meu trabalho é sobre essa parte em que o olho fracassa em revelar com detalhes”. Além dessa preocupação visual e externa, as pinturas também tem uma relação com questões interiores como a memória, “assim como a visão, a memória também tem limitações e fica a cargo da nossa imaginação preencher os espaços vazios com a ficção”, completas. 
 
Aquela Mata é um desdobramento de uma exposição anterior do artista. A mostra Entre Linhas, de 2011, é o começo dessa experiência com a pintura de paisagem, nela Rapahel debruçando-se sobre horizontes compostos por três elementos: o oceano, as nuvens e a mata. Nessas pinturas ele inverteu o lugar das nuvens com o do oceano, nos quais o mar ficava acima das nuvens, mas não era uma estética surreal apenas a visão de outro ponto de referência nesse caso o aéreo. 
 
Na nova exposição, Raphael explora uma estética semelhante, mas dessa vez com a mata acima das nuvens. “A mata que se ergue acima das nuvens, acima da neblina, é uma visão bem comum em algumas grandes florestas nos Andes e na própria Amazônia. Além de ser uma imagem interessante plasticamente, também transfere um ar mais misterioso e simbólico a natureza”. 
 
 
Raphael ainda ressalta que se interessa sempre por temas que lhe permitam explorar o lugar do homem no mundo, como seus medos e desejos. Imagens desfocadas, horizontes e elementos de paisagens são objeto constante de seu interesse e trabalho.
 
Além das telas, a exposição conta também com desenhos de cavernas em caneta em uma única tonalidade de vermelho, mas que, devido à sutil diversidade de tons dos papéis escolhidos, aparentam ser executados em diferentes tons de tinta. Aquela Mata é a terceira individual do artista na galeria e conta com curadoria do carioca Waldir Barreto, professor de teoria da arte da UFES. 
 
Serviço
 
Exposição Aquela mata terá abertura nesta quinta-feira (7), as 19h30, na Galeria Matias Brotas. Avenida Carlos Gomes de Sá, 130, Vitória. (subida da Maternidade Santa Úrsula). Visitação até 13 de setembro. Terça a sexta das 10h às 19h e sábado das 10h às 15h. Entrada gratuita. Mais informações:  (27) 3327-6966.

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