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Hibisco Roxo, da nigeriana Chimamanda, é o livro escolhido para o encontro LeiaMulheres

Inserida no ambiente universitário, Taiga Scaramussa passou a perceber na graduação que os textos teóricos, em sua maioria, ainda são escritos quase unicamente por homens. Após ter contato com o movimento LeiaMulheres, que incentiva a formação de clubes de leitura pelo mundo com ênfase na discussão de obras escritas por mulheres, Taiga percebeu o quanto a presença da mulher na literatura ainda é pequena também fora da academia. “Quando entrei em contato com o projeto, que já acontece em outros estados, decidi olhar em minhas estantes a quantidade de livros de escritoras e fiquei assustada com a tamanha falta da presença feminina”, recorda.

 

O fortalecimento da representatividade feminina na escrita é o mote do projeto LeiaMulheres, que começou em 2014 com a escritora Joanna Walsh, propondo o levantamento da hashtag #readwomen2014 (#leiamulheres2014). O intuito foi dar visibilidade às escritoras e autoras; fazer o público perceber a ainda pequena presença da mulher nesse universo e; claro, incentivar a procura por livros escritos por elas. 
 
A iniciativa se propagou em formato de clubes de leituras públicos e, aqui no Brasil, as grandes capitais já realizam seus encontros locais faz algum tempo. Desde o mês de março o movimento LeiaMulheres chegou também em Vitória a partir da organização de Taiga, que fez contato com o movimento e hoje encabeça a mediação dos encontros locais. 
 
O grupo é aberto ao público e o objetivo é fazer do encontro uma discussão coletiva sobre determinadas obras – que são escolhidas por enquanto a partir da mediadora. Até então uma edição já foi realizada, destacando o livro Um Teto Todo Seu, de Virginia Woolf. Contudo, o primeiro encontro ainda não havia sido como esperado. Já a segunda edição, que será realizada no próximo domingo (17), a partir das 14h, no Parque Pedra da Cebola, em Vitória, tem chamado a atenção de muita gente nas redes sociais.
 
 
Taiga, mestranda em Letras, conta que talvez a escolha do livro tenha sido o ponto forte para despertar o maior interesse do público – em especial as mulheres. O livro em questão é o Hibisco Roxo, da historiadora Chimamanda Ngozi (foto acima) , uma nigeriana que resolveu escrever uma trama que se passa em seu país de origem e apresenta a vida de Kambili, uma adolescente que lida constantemente com a intolerância religiosa do pai Eugene.
 
O livro ainda apresenta um panorama da Nigéria contemporânea e coloca em discussão também os remanescentes invasivos da colonização na Nigéria e no continente africano. Chimamanda é autora ainda de Meio Sol Amarelo (2008); Americanah (2011); e Sejamos todas feministas (2014). Esse conjunto de obras da autora tem recebido cada vez mais reconhecimento e importância pelo mundo, com as obras sendo traduzidas para diversas línguas, inclusive a portuguesa. 
 
A partir desse contexto, Taiga espera poder conversar com o maior número possível de mulheres – e homens também, afinal, o evento é aberto ao público e incentiva que todos leiam autoras – e construir uma rede que sustente os encontros em Vitória. “Apesar de estar à frente da mediação do evento aqui em Vitória, sei que a construção dele é coletiva. E a escolha dos livros também deve ser coletiva, a ideia é que demos espaço tanto para autoras já canalizadas, como Clarice Lispector e Cecília Meireles, quanto para as contemporâneas, com a Luisa Geisler“, exemplifica ela. 
 
Serviço
 
O encontro LeiaMulheres será realizado no próximo domingo (17), a partir das 14h, no parque Pedra da Cebola, em frente ao campus de Goiabeira da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Vitória. A participação é livre. 

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