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Indicação de Fabrício Noronha aponta para gestão moderna da Cultura

O anúncio do produtor cultural Fabrício Noronha como secretário de Cultura do governador eleito, Renato Casagrande (PSB), nesta terça-feira (4), surpreendeu o mercado político. Graduado em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Estado (Ufes), ele tem 34 anos e se destacou como produtor cultural em diversos segmentos. “Estou animado, sei o tamanho do desafio e encaro com serenidade, mas ciente da complexidade do trabalho”, declarou ao Século Diário o futuro secretário.

O nome de fato chama atenção não só pela juventude, mas também pelo perfil moderno e empreendedor, que pode sinalizar para mudanças no direcionamento da política cultural capixaba. “Ele tem um jeito de lidar com a cultura que é muito moderno. Pode representar realmente uma guinada para a arte capixaba, no sentido de ter uma visão de projetar a cultura para fora, para o mundo”, definiu o cineasta Ricardo Sá.

Já o historiador Eliomar Mazoco, integrante da Comissão Espírito-Santense de Folclore, aprovou o currículo de Fabrício, porém, se mostrou pouco animado com mudanças. “Fico numa expectativa de que ele tenha competência para enfrentar os desafios, mas tenho pouca expectativa de que muita coisa vá mudar. A cultura popular está abandonada há muitos anos, mas está sempre resistindo”, disse, apontando a necessidade de políticas setoriais que possam ir além do editais anuais para pequenos projetos. Outros pontos que aponta seria a criação de um instituto estadual de patrimônio, um fundação estadual de cultura, uma agência de cinema, pontos previstos no Plano Estadual de Cultura (PEC).

Sebastião Ribeiro Filho, integrante do Conselho Estadual de Cultura, considera que Fabrício é qualificado e “não vai cair de paraquedas” na pasta, por sua experiência como artista e produtor. E também ressaltou que o futuro secretário tem bom trânsito e condições de buscar parcerias com o governo federal e outras entidades.

“Existe um Plano Estadual de Cultura, o desafio é aceitá-lo e cumprir suas metas trabalhando junto ao Conselho. Mas se por razões políticas ele não puder fazer o que está estabelecido lá, pode ser o nome mais festejado possível, que não vai adiantar”, declarou. No entanto, Sebastião entende que Casagrande se mostrou aberto e recebeu as propostas e demandas da classe artística. “Mas tem que ter recursos, senão não se trabalha. E há instrumentos legais para colocar recursos na cultura” apontou.

A economista Lara dos Anjos, integrante do projeto Espírito Criativo, destacou o perfil de Fabrício como “fazedor cultural” e sua experiência como empreendedor da economia criativa. “Ele vai ter um olhar mais prático em relação à economia criativa. Uma das grandes dificuldades dos artistas e dos criativos em geral é ter um olhar de gestão, mais profissional. Nem tudo na cultura precisa virar dinheiro, mas para que a gente cresça de maneira sustentável, é preciso avançar também nesse sentido. Muito tem sido falado, mas pouco tem sido feito”, criticou.

Ainda estudante, Fabrício Noronha foi um dos fundadores do Cine Falcatrua, cineclube que ganhou repercussão nacional por utilizar de forma pioneira a internet para baixar e exibir filmes publicamente. Também foi vocalista do grupo Sol na Garganta do Futuro, que trazia uma mistura de música e poesia. No poder público teve experiência como coordenador do espaço cultural Estação Porto, no final da gestão de João Coser (PT) na Prefeitura de Vitória. Criou a produtora Lab.Muy que realizou entre outros projetos o Fabrica.Lab, considerado o maior festival de artes integradas do Espírito Santo. Também é fundador da empresa Molaa, que atua com projetos e produtos relacionados a comunicação, tecnologia e educação.

Pouco antes de seu nome vir à tona oficialmente, Fabrício postou três palavras em seu Facebook: “Ousadia. Memória. Invenção”.

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