João do Rio tem muitas histórias, ele é uma das testemunhas da cultura e da sociedade brasileira e carioca, também tendo passado temporadas na Europa, abrangendo o período da virada do século XIX para o século XX, tendo então vivido durante grande parte da vigência da República Velha aqui no Brasil.
João Carlos Rodrigues escreveu uma das melhores biografias do cronista, escritor e jornalista João do Rio, a qual tenho em mãos pela edição da Topbooks. João do Rio só viveu 39 anos, mas sua produção foi fecunda e prolífica, talvez tendo sua verve de romancista sido eclipsada pelas demandas dos jornais em que trabalhou escrevendo e até dirigindo a redação, uma vez que ele realizou grandes feitos, mas além de algumas partes de seus escritos terem sumido no tempo, apesar da pesquisa intensa em arquivos do biógrafo João Carlos Rodrigues, também projetos ficaram por fazer, devido a uma vida atribulada e cercada da boemia reinante principalmente no Rio de Janeiro.
João do Rio se inscreve na História das letras brasileiras como um escritor de vivência, muito para além de uma figura erudita, pois sua formação não foi formal, mas na vida, mesmo com seu estudo de Letras. Este grande cronista, seara em que mais se destacou, citando-o aqui também como exímio contista, tem o caráter de um pesquisador in loco, quase um antropólogo urbano, um vivente social, curioso, que soube reunir informações em textos que tentavam descobrir por um olhar atento aspectos da cultura, sobretudo da carioca, num retrato da primeira metade do século XX.
A dimensão de reportagem e crônica se fundem no trabalho de João do Rio, produzindo um jornalismo cultural que ainda podem ser atuais no que consta como sátira política e social, com quadros até então inéditos da vida social carioca. O biógrafo tenta, com justiça, tirar do obscurantismo este trabalho tão importante, documento da sociedade das duas primeiras décadas do século XX. A literatura vertiginosa de João do Rio é resgatada pelo biógrafo numa verdadeira garimpagem nos arquivos de jornais antigos, num esforço para fazer um novo juízo de quem foi e o que produziu João do Rio.
Aos vinte e poucos anos, João do Rio já era conhecido na sua atividade jornalística, sendo um escritor e cronista da vida da ralé e da feitiçaria, ainda incluindo suas andanças pela Europa, dando algumas bordoadas em figurões da República Velha, tal como Pinheiro Machado, um político destacado neste período. E se pode dizer, também, que o período de João do Rio, em relação ao que escreveu, é uma imagem de tudo o que representou o fascínio tardio da belle-époque que o Brasil experimentou.
É muito difícil separar autor e obra no caso de João do Rio (Paulo Barreto, seu nome real), pois sua extensa bibliografia está muito na primeira pessoa, isto é, uma grande parte de tudo que João do Rio produziu de escritos está relacionada com sua vivência social, de seu faro jornalístico no sentido de pesquisa in loco de tudo o que viu e traduziu em letras. Portanto, estamos falando de um escritor plural, já que podemos citar, com certeza, que João do Rio (um de seus pseudônimos) tinha ainda mais outros pseudônimos, moda que saiu de cartaz do jornalismo contemporâneo, mas que em sua época era febre e até um método de se fazer jornalismo crítico.
Paulo Barreto (João do Rio) esteve presente nos acontecimentos mais díspares, tais como: nasceu no fim do Segundo Império, quando menino assistiu a Abolição e a proclamação da República, já rapaz, viu reformas urbanas, tal como a de Pereira Passos, no Rio de Janeiro, e adulto, participou dos intensos debates ideológicos após a Primeira Grande Guerra, tendo também estado presente em elegantes recepções no palácio do Catete, nos bombardeios durante a Intentona Monarquista em Lisboa, nas rodas de samba numa favela do Largo da Carioca, e também, na Cascatinha da Tijuca ao luar com Isadora Duncan.
O biógrafo lamenta, no entanto, que o trabalho de João do Rio se dispersou, pois apenas 1/3 da sua obra foi publicada em livro, restando um mundaréu de coisas esparsas em jornais e revistas. O biógrafo conseguiu acessar cerca de 2.500 escritos entre contos, crônicas, peças de teatro e reportagens. Sendo que a maior lamentação do biógrafo se refere à perda ou dispersão, quase irreparável, da correspondência de João do Rio, assim como rascunhos e trabalhos inéditos.
O trajeto da vida de João do Rio é riquíssimo, pois ele se deparou com figuras como João Cândido (o líder da revolta da Chibata), o que resultou numa polêmica biografia do marujo que foi logo destruída ou perdida, o célebre ladrão de casaca Doutor Antônio, a cartomante Madame Zizina, o príncipe Luiz de Orleans e Bragança e a internacional Isadora Duncan.
Paulo Barreto (João do Rio) nasceu quase pobre e ascendeu socialmente, alcançando fama, e o ódio que desperta nos menos talentosos. Foi então atacado brutalmente, física e moralmente, pelos desafetos, nas páginas dos principais jornais cariocas. Depois de sua morte trágica no meio da rua, foi rapidamente esquecido, mas teve a feliz reabilitação nos últimos anos, tendo trabalhos destacados como A Alma Encantadora das Ruas, que ganhou novas edições.
Como autor, João do Rio teve como estilo principal, sobretudo, a influência da Art-Noveau na literatura brasileira, reunindo em seus escritos de um modo magistral fontes decadentistas, muito de Oscar Wilde, dentre outros, e por vezes, a morbidez do enredo. E como jornalista, temos o seu já citado misto de reportagem e crônica, num novo gênero de sua lavra e personalidade, então ainda pouco comum. E como cidadão
carioca e do mundo, entra no anedotário de seus inimigos da época, pois era o arquétipo incomparável de mulato, gordo e homossexual, típico carioca, com qualidades e defeitos que todos têm, visto com admiração e desdém pelos provincianos da República Velha. João do Rio é então objeto do sucesso e do escárnio de sua época sinistra.
O Rio de Janeiro da bela época, por sua vez, é ainda o provincianismo tipicamente brasileiro que ainda reina por estas bandas, uma babel imitadora do que vem de fora, ainda que a semana de 22 tenha dado um sopro de folclore brasileiro nas letras, temos, com toda a riqueza brasileira, uma súcia mais que provinciana, cabeça dura, que na República Velha beirava a caricatura. Portanto, a bela época carioca é nada mais que uma invenção, e João do Rio mergulha nela não como deslumbrado, mas como observador arguto e pronto para tecer sua visão de pesquisa e entusiasmo, pois transcendeu os salões do Catete, indo parar nas favelas e na feitiçaria no que será denominado como resquícios de falso espiritismo, um cético dado a falar com cartomantes, o paradoxal João do Rio.
Podemos dizer que o Rio de Janeiro da bela época é também uma das invenções de João do Rio, sendo repetida por falastrões e imitadores de menor estirpe que sucederam ao caudaloso rio de João do Rio. E como autor de ficção João do Rio deve tributo e influência a figuras estrangeiras do filão “malditos” como Wilde, Lorrain e Huysmans, e como cronista é fanático por e tem descendência no grande e onipresente Artur Azevedo, antecedendo Lima Barreto, que nem citara em suas crônicas, não gostava dele, os dois não se bicaram, e o lendário Nelson Rodrigues, já na partida para a segunda metade do século XX, isso se falarmos da famosa crônica carioca, que tem como uma das concorrentes a geração dos mineiros como Otto Lara Resende.
A primeira colaboração regular de Paulo Barreto (João do Rio) foi no jornal A Cidade do Rio, jornal que tinha como dono José do Patrocínio, e era, portanto, um dos órgãos principais da gloriosa campanha abolicionista, com a cara de Patrocínio: “virulento, generoso e desorganizado”, segundo o jovem colaborador, Patrocínio era “irreprimível, impetuoso, como certos fenômenos da natureza que os poetas corporificam em deuses, preto, musculoso, bocarra aberta e pulso grosso, só teve na vida uma atitude: a de portador de raios, e de fulminante (…) ora chamando-nos de gênio, ora achando-nos piores que a poeira.” Na virada do século, empobrecido por combater o presidente Campos Salles, Patrocínio perdeu alguns colaboradores como Bilac, Coelho Neto, Guimarães Passos, Emílio de Menezes, lançando então novos nomes como o próprio Paulo Barreto (João do Rio), Vivaldo Coaracy e Joaquim de Salles. Neste jornal, Paulo Barreto (João do Rio) ficou até 1900.
Entre janeiro de 1901 e março de 1902 João do Rio escreveu consecutivamente em O Paiz, O Dia de Dunshee de Abranches, e O Correio Mercantil de Virgílio Brígido – os
dois últimos de curta duração. Neste período Paulo Barreto (João do Rio) traçou um de seus caminhos: surgiu como um paladino do Realismo e do Naturalismo e crítico contundente dos românticos, mas a sua mira principal estava dirigida contra os simbolistas. Estes “usavam coisas esquisitas, embebedavam-se, andavam sujos e cantavam numa apoteose nevrótica, de palavras azuis e brancas, todos os vícios proibidos” e por causa deles “os métodos científicos vão por terra, todo o trabalho de gerações para a obra da Verdade, que começa no século XVI, termina aqui bruscamente diante da vara de um mágico ou da gritaria cavernosa do Simbolismo.”
Segundo ele, o Naturalismo é a “arte sã” e só o Realismo “fará a liberdade plena do escritor”. É bem crítico e rigoroso com os literatos nacionais: Casimiro de Abreu, “baboseiras em maus poemas e em mau português”, José da Alencar, “finge ser original”, Manuel de Macedo, “literatura de boudoir”, Coelho Neto, “a cada romance mimetiza nova escola”, só elogiando Aluísio de Azevedo e Adolfo Caminha. Citando a biografia, João do Rio queria “plantar convincentemente o Naturalismo, o realismo d`arte no torrão mole e indolente do Brasil com toda a nossa alma moça de 20 anos, nem que para isso precisasse aparecer de chicote na mão.”
Como crítico, adotando primeiro o pseudônimo Claude (usado por Zola na mesma atividade), sua contribuição vai mais para as Artes Plásticas, em cinco anos de trabalho, com a cobertura que fez do Salão de Belas Artes. E as críticas ao Salão de 1900, além do pseudônimo Claude, apresenta a sua característica de estilo em formação: diálogos com personagens fictícios, de fundo satírico. E, desde a falência do efêmero Correio Mercantil em março de 1902 e do velho A Cidade do Rio no mesmo ano, pela primeira vez em 3 anos Paulo sentiu faltar-se espaço na imprensa, fechada, segundo ele, “às minhas revoluções literárias de adolescente, o jornal dava-me a impressão de turbilhão, onde fosse preciso bracejar incessantemente. E eu via a inveja, a calúnia sórdida, sentia a peçonha dos literatos emasculados, a ignorância recalcitrante dos políticos, a trama de ambição e do negócio.”
Ainda na biografia, e as palavras de João do Rio: “o jornal, na alvorada do século, é ainda anêmica, clorótica, e inexpressiva gazeta da velha monarquia (…) poucas páginas de texto, quatro ou oito (…) Paginação sem movimento ou graça. Colunas frias, monotonamente alinhadas, jamais abertas. Títulos curtos (…) Desconhecimento das manchetes e outros processos jornalísticos (…) Tempo do soneto na primeira página, dedicado ao diretor ou ao redator principal (…) Começa, geralmente, pelo artigo de fundo, (…) de ar impotente e austero, mas rigorosamente vazio de opinião”. Continua: “O grosso dos diretores é fisiológico, sempre disposto a apoiar o governo em troca de algum, e combatê-lo pela melhor oferta. Nas colunas “a pedidos” saíam denúncias anônimas, facilitando a chantagem. No entanto, desde os tempos de Pedro II reinava a mais absoluta liberdade de imprensa (interrompida apenas no governo Floriano).
Dezenas de folhas de todas as tendências, do anarquismo ao jacobinismo, passando pela restauração da monarquia, formava a imprensa nanica de então.”
A grande imprensa compunha-se dos jornais matutinos, quase todos com sede na Rua do Ouvidor, O Jornal do Commércio é o mais antigo, dirigido por José Carlos Rodrigues, com orientação conservadora, o Jornal do Brasil é o mais popular, igualmente conservador, alinhado pelos diretores Fernando e Cândido Mendes à política católica. O Paiz, tido como o mais fisiológico dos grandes, é dirigido por João Lage, e conta com a colaboração diária de Artur Azevedo, A Gazeta de Notícias favorita da elite cultural, tem uma tendência liberal, comandada por Ferreira de Araújo (depois por Henrique Chaves), seus colaboradores literários são Coelho Neto, Olavo Bilac, Emílio de Menezes, e em 1901 surge O Correio da Manhã, fundado pelo advogado Edmundo Bittencourt, cuja independência marcou época.
Os jornais vespertinos, por sua vez, são menos informativos e mais dominados pela personalidade dos seus proprietários, como o exemplo de A Cidade do Rio, e o mais vendido, A Notícia, que tinha como principais atrativos os literatos Medeiros e Albuquerque, Olavo Bilac, Coelho Neto e Artur Azevedo. A renovação da imprensa brasileira, por sua vez, começou no Jornal do Brasil e na Gazeta de Notícias. E a ida de Paulo Barreto (João do Rio) para este jornal em novembro de 1903, por indicação do deputado fluminense Nilo Peçanha, é uma prova inequívoca de prestígio e vai coloca-lo mais que nunca no turbilhão do jornalismo, desta vez para sempre.
No início do século XX, a capital da República passa por mudanças, além de que a imprensa, concomitantemente, se moderniza, é a sucessão da austeridade fiscal impopular de Campos Salles dando lugar a Rodrigues Alves no governo da República, e o novo presidente reuniu uma equipe de notáveis, com Rio Branco na pasta do Exterior, Lauro Muller na Viação e Obras Públicas, Leopoldo de Bulhões na Fazenda, Oswaldo Cruz na Saúde Pública, e Pereira Passos na Prefeitura do Rio, este velho funcionário sexagenário da Estrada de Ferro, que então recebe plenos poderes para fazer a reforma urbana e o saneamento da cidade, inspirado diretamente na reforma de Paris por Haussmans cinquenta anos antes.
A reforma era ambiciosa e de longo prazo. Em menos de uma década somem todas as praias e prainhas entre o Arsenal da Marinha e o Caju. A Prefeitura e a Saúde Pública proíbem hortas e chiqueiros no perímetro urbano, dentre outras intervenções sanitárias. A construção da Avenida Central (atual Rio Branco) foi conseguida às custas do despejo sumário de 20 mil pessoas e a derrubada de quase dois mil imóveis. Foi o famoso “Bota-abaixo” que enlouqueceu a cidade durante 1903 e 1904, exato período em que Paulo Barreto (João do Rio) entrou na Gazeta, na coluna A Cidade, onde comentava fatos cotidianos, utilizando vez por outra diálogos irônicos herdados do estilo de Artur de Azevedo. A Cidade durou cerca de um ano, sendo fonte fidedigna das mentalidades cariocas de então, numa heterogênea mistura de estilo rebuscado
com preocupação social. Tal coluna deixou de sair em março de 1904, não sendo possível abarcar as revoltas populares de novembro sob o pretexto da vacina obrigatória, na verdade a reação do lumpen despejado pelo Bota-abaixo.
Já em outra etapa de seu trabalho, aos 22 anos, Paulo Barreto inventa seu pseudônimo mais famoso, João do Rio. As primeiras matérias com o novo nome são de entrevistas com diplomatas portugueses, italianos e japoneses sobre o tema da imigração, desviada para a Argentina por causa do famoso relatório Rossi, que denunciava maus tratos aos agricultores europeus em São Paulo, por parte de fazendeiros até ontem donos de escravos. E de fevereiro a março de 1904 João do Rio realiza um de seus trabalhos mais importantes e conhecidos, publica na Gazeta as famosas reportagens intituladas As religiões no Rio.
Neste novo trabalho, João do Rio reúne escritos que beiram a ficção decadentista, como A missa negra, outros revelam confusão (Os fisiólatras) ou falta de densidade como O culto do mar, um tanto ralo. Mas, a maior parte destes escritos é histórico-informativa. Maronitas, presbiterianos, metodistas, batistas, adventistas, israelitas, espíritas, cartomantes e até um frei exorcista do Morro dos Castelo são catalogados, descritos e observados com atenção e curiosidade.
Por sua vez, ainda em As religiões no Rio, o que mais chama a atenção são as cinco matérias sobre os cultos de origem africana, que atestam uma pesquisa pioneira num assunto ainda muito mal abordado, pois os estudos do professor Nina Rodrigues, feitos na Bahia, tinham circulação restrita e só foram publicados em livro na década de 1930. João do Rio, nestes escritos, é guiado pelo negro Antônio, e com ele, o narrador percorre a Cidade Nova, a Gamboa, o Santo Cristo e as cercanias da praça Tiradentes, à procura dos africanos remanescentes e seus cultos.
De formação positivista, João do Rio observou os cultos com distanciamento preciso, quando não estupefato pela possessão das iaô e a matança de animais. Mas, contudo, João do Rio consegue descrever com pormenores a hierarquia sacerdotal do candomblé, assim como o panteon dos orixás e o culto dos eguns na Casa das Almas. E a repercussão de As religiões no Rio alçou seu jovem autor à condição de grande jornalista, rapidamente transformou-se num best-seller.
Logo após o sucesso de As religiões no Rio, João do rio prosseguiu na observação da cidade e de seus habitantes. São dezenas de reportagens, e não apenas na Gazeta, como na Kosmos, lançada em fevereiro de 1904, uma revista artística, científica e literária, que é um acontecimento na imprensa brasileira. João do Rio agora está no seleto grupo de colaboradores que inclui: Olavo Bilac, Artur Azevedo, Euclides da Cunha, Nina Rodrigues, José Veríssimo, Coelho Neto, dentre outros. E em 1908, sai outro de seus livros conhecidos: A alma encantadora das ruas, que poderia ser uma aparentemente descuidada coletânea de artigos, mas que é uma das melhores obras
de João do Rio. E como contista, João do Rio nos dá um de seus contos mais conhecidos O bebê de tarlatana rosa, e que é um clássico da nossa literatura.
E, por sua vez, aos poucos, o materialismo positivista do jovem Paulo Barreto vai sendo substituído por um vago panteísmo que não exclui consultas do adulto João do Rio a videntes, cartomantes e outras superstições. E fica conhecida a sua relação diante de Madame Zizina, a mais festejada das paranormais da nossa belle-époque. Imitada e invejada, Madame Zizina é mais uma das inusitadas amizades de Paulo Barreto, como o doutor Antônio, Magnus Sondhal e outros por vir. Esses e outros fatos fizeram a vida e a obra de João do Rio.
Gustavo Bastos, filósofo e escritor. Blog: http://poesiaeconhecimento.blogspot.com