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LAB audiovisual seleciona 30 bolsistas mulheres para produzir cinema

CineMarias tem como protagonista o olhar feminino e temáticas como violência de gênero e assédio

Zanete Dadalto

O projeto LAB Audiovisual CineMarias, que já lançou oito filmes inéditos a partir do olhar feminino, realiza inscrições até o próximo dia 27, para bolsistas mulheres da Grande Vitória interessadas em aprender cinema. Os curtas-metragens serão produzidos entre maio e junho, com temáticas sobre violência de gênero, experiências pessoais com assédio e misoginia, e denúncias com base na Lei Maria da Penha. As selecionadas receberão uma bolsa-auxílio de R$ 500,00.

Podem participar mulheres cis, trans travesti e pessoas não-binárias, com idades a partir de 18 anos, residentes, prioritariamente, nos bairros abrangidos pelo Programa Estado Presente, do governo do Estado, ou inscritas no CADÚnico. 
As inscrições são realizadas pelo site cinemarias.com.br.

Serão oferecidas aulas online e presenciais de Roteiro, Direção e Montagem, além de oficina prática que simula um set de filmagem, com carga horária total de 88h, ministradas por Melina Galante, Carol Covre e Liliana Mont Serrat. O período da capacitação vai de 11 de maio a 25 de junho. A programação conta ainda com uma roda de acolhimento e palestra sobre a Lei Maria da Penha e equidade de gênero.

Durante o laboratório imersivo, o grupo formado por 30 participantes produzirá três filmes-poesia de forma coletiva. O objetivo, como aponta o CineMarias, é propor uma discussão sobre a temática e também impulsionar a presença do público feminino no audiovisual, na mídia, na TV, na política e nas instituições, que formam os cinco pilares de atuação do projeto.

As atividades do LAB têm a proposta de resultar em “produções que misturam cinema e poesia unindo elementos reais e experimentais de ficção, permitindo, assim, que um assunto tão delicado e sensível possa ser abordado com uma linguagem livre, sem perder o caráter importante da denúncia, sem deixar de fabular novos futuros possíveis”.

As obras serão lançadas durante a 2ª Mostra CineMarias, no mês de agosto, no Cine Metrópolis (Ufes), em Vitória, e ficarão disponíveis para visualização no site e canais do projeto, servindo também de portfólio para as jovens cineastas estreantes.

Neste mês de abril, o CineMarias também realiza uma Mostra Itinerante. A partir de uma curadoria de filmes de curtas-metragens que trazem à luz a reflexão sobre a relação entre identidades femininas, pessoas não-binárias, corpo e território, será realizado um debate sobre equidade de gênero em escolas da rede pública de ensino médio nas cidades de Aracruz, Baixo Guandu, Colatina e Linhares, no norte e noroeste do Estado.

Zanete Dadalto

Serão exibidas três obras brasileira dirigidas por mulheres cis, trans, travestis, pessoas não-binárias que elaborem em suas narrativas temas sensíveis, como genêro, raça, representatividade, violência, corpo e cidade. Além disso, um LAB Audiovisual com participantes de Aracruz, realizado no mês de março, que resultou em um filme-poesia, será lançado na mostra nacional.

Resistência

O CineMarias ressalta que a proposta da capacitação é possibilitar que as mulheres “ocupem outros espaços diferentes das manchetes sobre as mortes motivadas por violência de gênero” e consolidem um “movimento de resistência em um país que em 2022 bateu o recorde de feminicídios com 3,9 homicídios dolosos (intencionais) – um aumento de 2,6% em relação ao ano anterior”.

Lembra, também, que o País ocupa o primeiro lugar no ranking de assassinatos de pessoas trans no mundo, particularmente das travestis e mulheres trans.

No audiovisual, acrescenta, mulheres estão à margem dos cargos de direção. Em 2020, elas representaram 16% das direções dos 100 filmes de maior bilheteria, 28% dos cargos de produção e 21% dos cargos de produção executiva, segundo dados da Universidade Estadual de San Diego.

Já na mídia, existem 2,5 mais notícias sobre homens do que sobre mulheres e elas são citadas 21% menos nas manchetes. Quando aparecem, é mais frequente que haja uma menção explícita ao seu sexo ou à sua família e assinam 50% menos em relação aos homens, conforme aponta dados do Relatório “Mulheres sem nome” realizado pela LLYC.

Na política, segundo dados do Inter-Parliamentary Union citados pelo projeto, o Brasil é um dos países com menor representação feminina em câmaras parlamentares, com as mulheres ocupando uma porcentagem de 17,3% dos assentos. Somente em 2023, que o Congresso Nacional passou a ter representantes transexuais. As eleições de 2022 elegeram duas deputadas federais, Erika Hilton (PSol-SP) e Duda Salabert (PDT-MG).

Também nas instituições, esse público é menor. As mulheres ocupam apenas um terço dos cargos de liderança em empresas no mundo — a participação delas em postos de liderança subiu de 33% em 2016 para 37% em 2022, segundo dados do Global Gender Gap Index.

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