CineMarias tem como protagonista o olhar feminino e temáticas como violência de gênero e assédio
Podem participar mulheres cis, trans travesti e pessoas não-binárias, com idades a partir de 18 anos, residentes, prioritariamente, nos bairros abrangidos pelo Programa Estado Presente, do governo do Estado, ou inscritas no CADÚnico.
As inscrições são realizadas pelo site cinemarias.com.br.
Durante o laboratório imersivo, o grupo formado por 30 participantes produzirá três filmes-poesia de forma coletiva. O objetivo, como aponta o CineMarias, é propor uma discussão sobre a temática e também impulsionar a presença do público feminino no audiovisual, na mídia, na TV, na política e nas instituições, que formam os cinco pilares de atuação do projeto.
As atividades do LAB têm a proposta de resultar em “produções que misturam cinema e poesia unindo elementos reais e experimentais de ficção, permitindo, assim, que um assunto tão delicado e sensível possa ser abordado com uma linguagem livre, sem perder o caráter importante da denúncia, sem deixar de fabular novos futuros possíveis”.
As obras serão lançadas durante a 2ª Mostra CineMarias, no mês de agosto, no Cine Metrópolis (Ufes), em Vitória, e ficarão disponíveis para visualização no site e canais do projeto, servindo também de portfólio para as jovens cineastas estreantes.
Neste mês de abril, o CineMarias também realiza uma Mostra Itinerante. A partir de uma curadoria de filmes de curtas-metragens que trazem à luz a reflexão sobre a relação entre identidades femininas, pessoas não-binárias, corpo e território, será realizado um debate sobre equidade de gênero em escolas da rede pública de ensino médio nas cidades de Aracruz, Baixo Guandu, Colatina e Linhares, no norte e noroeste do Estado.
Serão exibidas três obras brasileira dirigidas por mulheres cis, trans, travestis, pessoas não-binárias que elaborem em suas narrativas temas sensíveis, como genêro, raça, representatividade, violência, corpo e cidade. Além disso, um LAB Audiovisual com participantes de Aracruz, realizado no mês de março, que resultou em um filme-poesia, será lançado na mostra nacional.
Resistência
O CineMarias ressalta que a proposta da capacitação é possibilitar que as mulheres “ocupem outros espaços diferentes das manchetes sobre as mortes motivadas por violência de gênero” e consolidem um “movimento de resistência em um país que em 2022 bateu o recorde de feminicídios com 3,9 homicídios dolosos (intencionais) – um aumento de 2,6% em relação ao ano anterior”.
Lembra, também, que o País ocupa o primeiro lugar no ranking de assassinatos de pessoas trans no mundo, particularmente das travestis e mulheres trans.
No audiovisual, acrescenta, mulheres estão à margem dos cargos de direção. Em 2020, elas representaram 16% das direções dos 100 filmes de maior bilheteria, 28% dos cargos de produção e 21% dos cargos de produção executiva, segundo dados da Universidade Estadual de San Diego.
Já na mídia, existem 2,5 mais notícias sobre homens do que sobre mulheres e elas são citadas 21% menos nas manchetes. Quando aparecem, é mais frequente que haja uma menção explícita ao seu sexo ou à sua família e assinam 50% menos em relação aos homens, conforme aponta dados do Relatório “Mulheres sem nome” realizado pela LLYC.
Na política, segundo dados do Inter-Parliamentary Union citados pelo projeto, o Brasil é um dos países com menor representação feminina em câmaras parlamentares, com as mulheres ocupando uma porcentagem de 17,3% dos assentos. Somente em 2023, que o Congresso Nacional passou a ter representantes transexuais. As eleições de 2022 elegeram duas deputadas federais, Erika Hilton (PSol-SP) e Duda Salabert (PDT-MG).
Também nas instituições, esse público é menor. As mulheres ocupam apenas um terço dos cargos de liderança em empresas no mundo — a participação delas em postos de liderança subiu de 33% em 2016 para 37% em 2022, segundo dados do Global Gender Gap Index.