Mais: os ciganos e a Umbanda; roda de conversa com Carla Guerson; e Conceição Evaristo na Ufes
O livro A Saga Cigana – História Oral de Vida: Identidade e Gênero, da jornalista Déborah Sathler, está na pré-venda no site da editora Cousa. O preço da obra é R$ 58,00. Nela, a autora discute temas como a chegada dos ciganos no território brasileiro com o degredo colonial, o “ser” cigano, suas negociações culturais, identidades híbridas, cultura do patriarcado, conflitos étnicos, isolamento no Rio de Janeiro e negociação com a Umbanda.

O Rio de Janeiro foi o local do estudo, segundo Déborah, por ter sido lá a chegada dos ciganos no Brasil, no período colonial. Por isso, há um histórico maior de mobilizações, inclusive, com criação de associações, como a União Cigana do Brasil. No Espírito Santo, aponta a jornalista, essas iniciativas são bem mais recentes. o livro é fruto da dissertação de mestrado de Déborah, feito na Universidade do Grande Rio (Unigranrio).
Ancestralidade
Uma das motivações de Déborah para a pesquisa foi sua ancestralidade. Ela afirma que tem uma avó materna “mestiça”, portanto, que “não é cigana pura”. Além disso, aponta, a comunidade cigana é pouco estudada, além de compor “a minoria das minorais”, tendo que traçar estratégias para manter viva a sua cultura.
Negociação com a Umbanda
Uma das formas de manter viva a cultura foi a negociação com a Umbanda. Déborah relata que no Rio de Janeiro colonial, o jogo de búzios foi liberado, mas não a cartomancia, considerada contravenção penal. Essa prática era feita pelas mulheres, até como forma de ganhar dinheiro, mas elas conviviam com o medo de serem punidas. Assim, em uma negociação com a Umbanda, religião nascida no Rio de Janeiro, colocava-se nas portas a placa “joga-se búzios”, mas lá dentro, na verdade, havia uma cigana jogando cartas. “Isso é muito bonito, pois são povos oprimidos que dialogam”, ressalta.
Roda de conversa

O projeto Biblioteca Cine Por Elas vai realizar uma roda de conversa com a escritora Carla Guerson sobre o livro O som do tapa, de sua autoria, no dia 5 de abril, às 17h. A biblioteca fica na rua Anhanguera, 16, Cristóvão Colombo, Vila Velha. Na roda de conversa, Carla trará um pouco da sua trajetória de escritora, os processos, a escrita, editoras, divulgação de suas obras, e o papel da escrita feita por mulheres. São 40 vagas. Para participar, basta se inscrever gratuitamente neste link. Os 20 primeiros inscritos receberão um kit com Ecobag, o livro e outros brindes.
Doutora Honoris Causa

A linguista e escritora Conceição Evaristo receberá o título honorífico de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A sessão solene do Conselho Universitário para outorga do título será no dia 15 de abril, às 18h, no Teatro Universitário. Vale lembrar que, em 27 de fevereiro, a universidade aprovou a cassação do título de Doutor Honoris Causa dos ex-presidentes Emílio Garrastazu Médici e Humberto de Alencar Castelo Branco e de Rubem Carlos Ludwig, ministro da Educação no governo João Batista Figueiredo.
‘Dai a César o que é de César’
Com tanta gente usando a fé para justificar o apoio à barbárie, nada melhor do que uma frase bíblica, que já virou ditado popular, para resumir as recentes decisões de outorga e retirada de títulos de Doutor Honoris Causa na Ufes: ‘Dai a César o que é de César’. Aos ditadores, não o esquecimento, mas a preservação de suas memórias da forma como devem ser lembrados, como violadores dos direitos humanos. Por meio de Conceição Evaristo, um reconhecimento que deve ser estendido a tantos negros e negras deste país, que não têm seus direitos reconhecidos, inclusive o de protagonizar a vida acadêmica.
Artes da Cena

A 2ª edição do Artes da Cena – Circuito Formativo está com inscrições abertas para dois workshops de interpretação, um com foco na criação de energia de cena, com Léia Rodrigues, e outro na composição de personagem, com Roberta Portela. O primeiro será no sábado (12), das 14h às 18h. O segundo, no domingo (13), no mesmo horário. Os workshops acontecerão no Centro Cultural Má Companhia, no Centro de Vitória. As inscrições podem ser feitas neste link.
Flor de Laranjeira
Está disponível, no Youtube, o videoclipe da música Flor de Laranjeira, da cantora capixaba Ada Koffi. A obra que fala sobre autoconhecimento e a busca pelo amor, que, nas palavras da artista “já mora dentro de cada um de nós”. Com uma sonoridade envolvente que mescla maracatu, sonoridades e ritmos transcendentais, a música traz uma mensagem de introspecção e libertação, convidando o público a se reconectar consigo mesmo.
Flor de Laranjeira II
A canção Flor de Laranjeira foi produzida pelo produtor musical Jaysant. O videoclipe foi dirigido por Wyucler Rodrigues. A escolha do Parque do Caparaó e da Praia da Biologia para a gravação do videoclipe, afirma Ada, vai além da estética. De acordo com ela, destaca a conexão com a natureza, o que é reforçado pelas referências visuais a Oxum, orixá dos rios e cachoeiras.
Até breve!
A coluna entra de férias, mas volta no final de abril com as energias renovadas. Até lá!
Até a próxima coluna!
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