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​Livro de escritora capixaba é finalista do Prêmio Kindle de Literatura

Jeovanna Vieira concorre ao prêmio junto com outros quatro escritores. Resultado será divulgado em janeiro 

A escritora Jeovanna Vieira, natural de Vila Velha, é finalista da 6ª edição do Prêmio Kindle de Literatura, com o romance Virgínia Mordida, no qual traz à tona uma série de violências sofridas pelas mulheres, por meio da personagem Virgínia, que é real, mas com nome fictício. O prêmio é organizado pela Amazon e pela Editora Record. O vencedor ganha R$ 40 mil, pago pela Amazon, mais R$ 10 mil, por parte da editora, correspondente ao adiantamento dos direitos autorais da obra, que também será publicada na versão impressa. O resultado será divulgado em janeiro próximo.

Dalton Valério

Jeovanna afirma que, independentemente da colocação, considera o fato de ser finalista com outros quatro escritores uma vitória. “O livro está sendo colocado na rota dos leitores, chegando às pessoas”, comemora.

A recepção dos leitores, afirma, tem sido muito positiva. “Cada pessoa que se conecta comigo, fala que o livro desperta sensações. Tenho recebido relatos de mulheres que dizem ter gatilhos ao ler, mas que a estrutura do texto é acolhedora”, conta.

A escritora também comemora a leitura de Virgínia Mordida por pessoas como a filósofa, escritora e ativista antirracismo, Sueli Carneiro; e a escritora e jornalista Socorro Acioli, que fazem parte da comissão julgadora. Além da avaliação da comissão, o feedback dos leitores, por meio de comentários no site, aquisição do e-book nesse mesmo portal e outras iniciativas, serão levados em consideração.

As personagens de Virgínia Mordida têm suas trajetórias marcadas pela violência. No livro, a autora mostra que a violência psicológica não é exclusividade de mulheres de um determinado perfil. “Normalmente se acha que isso acontece somente com aquelas que não tiveram oportunidades, estão em situação de vulnerabilidade”, diz a escritora. Os perfis de Virgínia e Carmem contrariam isso. Com famílias estruturadas e carreira estável, ambas sofreram violências psicológicas por parte de um mesmo agressor, que, conforme afirma Jeovanna, “abocanhou suas vidas”, mostrando que a violência contra a mulher é algo estrutural, acometendo a todas.
Virgínia, relata a escritora, apesar do término do relacionamento, hoje “vegeta”, sendo esse “abocanhar” que a fez “vegetar” uma das explicações para o título do livro. Virgínia e Carmem não são as únicas personagens. Outras mulheres fazem parte do enredo, mostrando tantas outras formas de violência, como a reprodutiva, a exemplo da necessidade de autorização de um homem para que seja feito o procedimento de ligação de trompas; a lesbofobia; e a imposição de padrões, como o estético.
Divulgação

Jeovanna alerta para a necessidade de se reconhecer as agressões psicológicas como uma forma de violência. “Não devemos aceitar um tapa na cara, mas também não podemos aceitar um julgamento. Quem te xinga, vai levantar a mão para você”, enfatiza.

A escritora capixaba destaca ainda que uma série de fatores fazem com que as mulheres prossigam em relacionamentos abusivos, como a “necessidade do relacionamento a qualquer custo”, uma vez que existe uma cobrança para que a mulher tenha um parceiro, como se esse tivesse que ser seu maior objetivo na vida.

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