Lá pelos lados de 2004, Jairo Maia já queria sair da Gazeta. Entre os motivos, seu faturamento ficando baixo e a não renovação de contrato. O pessoal da Cúria Diocesana, detentora das Rádios América AM e FM (na época só com a AM, já que a FM ainda estava arrendada para UVV de José Luis Dantas). O conselho da Cúria Diocesana procurou por Jairo.
Jairo Maia teve umas duas reuniões com o presidente do Conselho da Fundação que cuidava da Comunicação na Cúria. Em todas reuniões, ele me chamava e dizia que, caso fosse tudo resolvido, eu iria junto.
Acabou que Jairo Maia não foi e eu fui. Ele dizia para os representantes que eu poderia ir primeiro “para ir acertando a sua chegada”. Na verdade, Jairo tinha receio de sair da Gazeta, onde ainda estava. Sabia que dali saindo, nada seria como antes, e foi o que realmente aconteceu.
Na Rádio América cheguei e fui logo mexendo na sua programação, com o cuidado extremo de seguir os parâmetros católicos da rádio. Troquei toda a plástica da emissora. Modernizando suas aberturas, vinhetas e programas.
Uma pessoa foi fundamental nessa empreitada, o companheiro Rogério Lima. Lá tinham também duas peças humanas extraordinárias, Rodrigo Moutinho e Vania Lorenzetto. Warllen Silva, Wander Idelfonso, Elaine Butter e Magno Lovatti eram os demais. Uma outra pessoa me ajudou muito, o técnico Marcos Som.
Vale ressaltar que lá pelas tantas apareceu um bom estagiário de jornalismo. Fazia um jornal falado que tinha pela manhã. Nome desse estagiário: Fernando Carreiro.
Uma vez vi um anúncio no quadro de avisos da emissora sobre o tal Microfone de Ouro da CNBB. Li o regulamento, peguei um programa que fazia na Rádio ES e que estava nos meus arquivos, dei uma atualizada e enviei. Resultado: primeiro lugar na categoria Microfone de Prata. Era Microfone de Ouro e de Prata. Foi o único prêmio de rádio que ganhei em toda minha vida, mas foi um prêmio nacional.
Existiam alguns padres que utilizavam a programação, além do Bispo Emérito, Dom Scandian e o bispo titular. Entre os padres, havia um velhinho, gente boa, e um dia, na minha sala, falei para ele que Deus era bom comigo, pois estava me dando a oportunidade de retribuir tudo o que sabia da profissão, ali, na Rádio América. Mas ele ficou impassivo com essa minha declaração. Começava ali minha descrença nos padres e na atual missão da Igreja Católica.
Mas, passados alguns meses, talvez até por não ter colocado a emissora em situação de concorrência comercial, o que normalmente leva de um a dois anos, e muitos não entendem isso, fui convidado a sair da emissora. Engraçado que quem me demitiu foi um gerente do Banestes, um sujeito arrogante, que fazia parte do Conselho da Cúria que cuidava da rádio. Não foi quem me contratou. Achei um acinte, um indivíduo sem o mínimo de jeito para tal. Muito deselegante.
No meu lugar entrou um colombiano ou boliviano, um desses das “lutas latino-americanas da igreja”, daqueles que não entendem nada de rádio e que fez vir por terra a programação que deixei, a equipe que montei.
Mas queria fazer um desagravo. Enquanto uma ex-freira estiver rondando a cúpula da igreja aqui no Estado, o setor de comunicação da mesma não irá para frente. E ela resiste.
Castelo – Cultura FM
Conhecedor de rádio boa, sempre admirei o trabalho do empresário Cesar Nemer na sua rádio Cultura FM de Castelo, no sul do Estado. Uma rádio potente, muito bem estruturada administrativa e tecnicamente.
Qual foi uma surpresa boa quando recebi um convite do Cesar Nemer para fazer um boletim diário em sua programação, principalmente com as notícias da Capital. Isso muito me honrou e por isso sou grato a essa lembrança e o reconhecimento ao meu trabalho no rádio. Obrigado, Cesar!
Próximo capítulo: Fase Rede Sim.