Advogado era subsecretário e nomeação, aparentemente, põe fim à indefinição de mais de três meses sobre comando da pasta
A pergunta que pode pairar é: por que demorou tanto? Pazolini iniciou seu governo nomeando Valéria Morgado, subsecretária de Comunicação (ligada a outra secretaria), para acumular como interina o cargo de secretária de Cultura, logo substituída por Gagno também como interino.
Uma novidade veio em fevereiro, quando Sérgio Meneguelli (Republicanos), ex-prefeito de Colatina, anunciou em alto e bom som que havia sido convidado pelo chefe do executivo da Capital para assumir o cargo, tendo pedido alguns dias para pensar.
Depois de aproveitar todos os holofotes, ele anunciou em um vídeo que não aceitaria o cargo, já que sua meta é ser candidato ao legislativo em 2022, provavelmente a deputado estadual. No primeiro mês, qual era o plano de Pazolini para pasta? Eleito no ano anterior, ele convidou um correligionário sem antes saber de suas pretensões? O prefeito nunca se manifestou diretamente sobre suas intenções para a secretaria, o que levou conselheiros a dizerem que a impressão era que Pazolini não sabia o que fazer com a cultura.
Em seguida, diante do vácuo, o prefeito deu mais um sinal estranho e ainda não explicado. Nomeou a vice-prefeita Capitã Estéfane (Republicanos) para responder pela secretaria. A nomeação de uma militar para a pasta causou estranhamento no setor. Por outro lado, poderia significar algum prestígio, já que colocaria alguém muito próximo da gestão para acompanhar a questão, embora não tivesse atuação na área. Estéfane não apareceu nas reuniões do Comcultura e logo também foi exonerada da função de secretária sem explicações.
Enquanto isso, era sempre Luciano Gagno quem respondia pela secretaria, tendo inclusive um atrito em sua primeira reunião com o conselho, quando, segundo conselheiros, teria declarado que os eventos culturais não seriam prioridade, algo que posteriormente negou.
Aparentemente, Luciano não teria capital político para assumir um cargo de primeiro escalão, já que foi candidato a vereador pelo Solidariedade em 2020 e obteve apenas 159 votos. Também não é reconhecido no meio da cultura, embora esta tenha aparecido em algumas de suas propostas de campanha.
Apesar de atritos iniciais com o setor e passado o acirramento dos ânimos, Gagno conseguiu melhorar a relação com o conselho, sendo visto por representantes como aberto ao diálogo. Porém, os desafios são imensos, a começar por pendências herdadas da gestão anterior, como a Lei Rubem Braga, de fomento à cultura no município, que depois de anos paralisada ainda não conseguiu concluir a seleção do edital de 2020.
Na Lei Aldir Blanc, cuja extensão está para ser votada no Congresso Nacional, Vitória teria que devolver à União cerca de R$ 1,5 milhão, mais da metade do recebido, por não conseguir selecionar e empenhar o recurso. Caso o parlamento nacional aprove a proposta que permite reinvestir esse recurso, o secretário pode ter um trunfo caso não se avance rapidamente na Lei Rubem Braga.
Nos próximos meses, a agenda com o setor também será intensa. Embora houvesse sido anunciada a realização de uma Conferência Municipal de Cultura em abril, esta foi convertida em um seminário que deve acontecer em 27, 28 e 29 de abril, devido às dificuldade de atender a tempo os trâmites necessários para realizar uma conferência. Em maio, haverá eleição para a próxima gestão no Conselho Municipal de Políticas Culturais.