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Marília Carreiro solta a poesia em ‘Atés’

Obra que sai pela Editora Pedregulho é seu quinto livro, o primeiro reunindo poemas de sua autoria

Formada em Letras e fundadora da Editora Pedregulho, Marília Carreiro iniciou a pré-venda de seu livro Atés, o qual assina como Marília Cafe. Apesar de ter lançado quatro outros livros desde 2013, é a primeira vez que se aventura a publicar seus poemas. “Sempre escrevi poesia mas nunca tive coragem de publicar, porque acho poesia, apesar de bem ampla, uma experiência muito particular”, afirma a escritora.

O primeiro registro que lembra de ter escrito algo, pelos idos de 2007, foi justamente um poema. “Colocar na balança o que é publicável ou não é um trabalho e tanto pra mim”, diz, com o peso de também ser editora. “E, por ter essa questão de pensar o que é pessoal e o que é influência literária, fui escolhendo os poemas pela influência, apesar de ter muito de experiência minha, de alguma forma. Mas considero a imersão em livros de poetas antes de começar o Atés, um divisor. Foi por isso que deixei fluir a questão da criação dos textos e tive coragem para publicá-los”, conta.

Apesar da diferença com as obras anteriores (AmorS e outros contos e Opala Negra, em 2013, Lama, em 2019 e Pretendo fechar os olhos assim que puder, neste mesmo 2020), por sair dos contos e da prosa e mergulhar na poesia, Atés também traz alguma ligação com sua última publicação: foi gestado durante a pandemia do coronavírus. “Tem as sensibilidades das sensações, dos começos, do reaprender, a percepção do amor em diversas formas (em si, no outro, do outro), a observação do dia, da natureza em meio a tudo isso de ruim que nos assola, e, principalmente, a natureza do sentir, o desdobrar da ancestralidade”, diz Marília.

a vida é simples e complexa

racionalizar embaraça tudo

estamos próximas e distantes

andamos pelo mesmo bairro

mas não estamos perto

vicissitudes fazem parte

o tempo é rei e manda

a tela aproxima ausência

as obrigações, as semanas

não sei quanto tempo faz

existe algo de sublime

quando o corpo não esquece

por Marília Carreiro

A obra traz junto a seus versos leves, sensíveis e reflexivos traços insinuantes das ilustrações da artista chama.amanda. O título do livro vem de um dos versos de seu último poema. “Atés são despedidas, retornos. Uma mistura de vivências nesta pandemia (e por que não também antes dela, não é?) com tudo o que surgiu de novo e desconstrução/reconstrução pra mim”, relata a escritora. “Acaba sendo, também, sobre o tempo das coisas”, conclui.

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