Instalada em uma casa de veraneio, uma mulher passa os dias a obedecer as ordens de um homem. Esse é o mote de Meltdown, curta de produção dos jovens estudantes Renato Miranda, Victor Neves e Pedro Mellate. A obra busca discutir temas como o machismo e, após a sessão terá um momento de debate. “Esperamos que as pessoas queiram discutir as questões abordadas conosco. Acreditamos que o tema do machismo, que tem sido amplamente discutido na universidade, deve suscitar um debate interessante, principalmente considerando que se trata de um roteiro de terror escrito por três homens”, conta Renato Miranda sobre o objetivo de levantar a discussão da violência contra o gênero feminino (seja física, verbal ou psicológica) no mês em que se comemora o dia internacional da mulher – 8 de março.
Não por acaso o nome Meltdown significa colapso, como uma deixa para a trama psicológica que será apresentada na próxima quarta-feira (4), às 19h30, no Cine Metrópolis, com entrada gratuita. Renato acrescenta um pouco mais o que o público irá ver no curta. “A vida da protagonista aos poucos vai se tornando um inferno conforme a natureza que se revela da relação entre ela e o homem. Nesse filme nós tratamos dos nossos temas de interesse, a subordinação, o medo, a inércia e o caos, enquanto tangenciamos com uma discussão do machismo instituído na nossa sociedade. O filme trata da ruína de uma pessoa que, condicionada a não se rebelar contra seu opressor, tende ao desespero absoluto”, explicou.
Essa não é a primeira vez que Renato, Victor e Pedro se unem na direção de uma peça audiovisual. No final de 2013, o trio ganhou espaço ao lançar a primeira websérie produzida na Grande Vitória, Valdemar, seguindo a mesma lógica de veiculação – com episódios mensais e disponibilização gratuita na internet – das grandes séries atuais. O projeto contou com um elenco de mais 20 pessoas, entre estudantes de teatro e atores amadores e profissionais, além da equipe técnica que integrou diversos estudantes de cinema e comunicação. “Costumamos dizer que Valdemar foi a nossa escola de cinema. Na época tínhamos pouca experiência prática com gravações, então juntamos uma grana, compramos um material de filmagem usado e fomos fazer a websérie. Foi depois da elaboração do roteiro que percebemos a real dimensão de nossa tarefa: calculamos que pelos nossos recursos precisaríamos de pelo menos 6 semanas para gravar tudo (a série finalizada tem cerca de 2h30min no total). Foi um desafio, mas aprendemos muito e reafirmamos nosso desejo em fazer cinema apesar das dificuldades”, apresentou Renato.
E é esse olhar jovem, atento ao que acontece no universo cinematográfico, que os três querem levar para produção audiovisual que realizam. “Não dá pra saber ainda qual vai ser a cara do cinema capixaba no futuro, e por isso mesmo é muito empolgante participar deste momento, fazendo nossa pequena contribuição para enriquecer essa expressão coletiva ao trazer para as telas a nossa expressão pessoal. Um tema que gostamos muito de trabalhar são as inseguranças da geração Y, que tem supostamente o mundo inteiro ao seu alcance mas muitas vezes encontra na infinidade de possibilidades um entrave para seu desenvolvimento pessoal”, explicou o jovem.
A exibição de Meltdown marca a estreia do cineclube Extintor, uma idealização de alunos das áreas de comunicação e cinema, que nasce em meio a um cenário cineclubista cada vez mais ativo na Grande Vitória. A proposta do cineclube é gerar visibilidade à produção audiovisual que eles realizam, chamando a atenção do público para o cinema independente local. Para isso, atingir pessoas em diversos lugares é preciso, então o Extintor tem a proposta de explorar locais como bares, praças e as próprias salas de cinema, contando com as possibilidades que o espaço urbano tem a oferecer.
Serviço
A exibição do curta-metragem Meltdown, de Renato Miranda, Victor Neves e Pedro Mellate, será realizado na próxima quarta-feira (4), às 19h30 no Cine Metrópolis – av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeira, Vitória. A sessão será seguida de discussão e aberta a todo o público.