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‘Meu Watu’: uma canção de tristeza e esperança para o Rio Doce

Interpretado pelo grupo Quarto Crescente e com imagens do rio, clipe é lançado nos cincos anos do crime da Samarco/Vale-BHP

No dia em que se completam cinco anos do crime socioambiental da Samarco/Vale-BHP, o maior da história do país, foram lançados a música e videoclipe Meu Watu, composta por Gilson Soares e Cezar Almeida, com interpretação do grupo Quarto Crescente e imagens do Rio Doce, cedidas pelo Instituto Últimos Refúgios e Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB).

A combinação de letra, melodia e imagens traz uma proposta de reflexão sobre um dos mais importantes rios do Espírito Santo, também de grande importância para Minas Gerais, onde nasce e percorre boa parte de sua extensão até chegar ao mar capixaba.

A canção foi composta antes da ruptura da da barragem de rejeitos de minério da Samarco/Vale-BHP em Mariana (MG), que atingiu e contaminou toda extensão do rio. Na época já se discutia a difícil situação do Doce, assoreado, sujo e com pouca vazão, mas o crime tornou a canção ainda mais triste e dramática. Gilson Soares havia composto a letra e a enviou a Cezar Almeida, que fez a melodia. A primeira versão de Meu Watu percorreu junto com Gilson todo o percurso do Rio Doce numa viagem que fez em bicicleta da foz até a nascente em 2016, passando por Mariana no dia 5 de novembro daquele ano, na data em que foram realizados protestos dos atingidos.

“Levei essa versão e mostrei para algumas amizades que fiz pelo caminho. Era ainda uma gravação primária. Agora o Quarto Crescente desenvolveu um novo arranjo instrumental”, conta Gilson. O grupo é formado por Carlos Papel, Marcos Côco e Aloyr Jr.

Divulgação/ Meu Watu

Tudo foi feito de forma colaborativa para conseguir lançar o clipe na data prevista, aniversário de cinco anos do crime, quando movimentos realizam manifestações em diversas cidades e comunidades atingidas. “É importante manter isso vivo, esse movimento de protesto, de manifestação do sentimento sobre tudo que aconteceu e como está sendo tratado pelas empresas e governos. A canção também é uma forma de se manifestar”, diz o compositor. “A música busca passar esperança, vontade de alterar nossos comportamentos sociais e de consumo e de recuperar tudo que já foi agredido. A expectativa de fazermos com que tudo renasça”.

Watu é como os povos Krenak, originários da região, chamam o Rio Doce, fundamental para seu modo de vida. A tragédia com o rompimento da barragem em Mariana despejou cerca de 62 milhões de litros de rejeitos tóxicos que percorreram mais de 600 km até a foz do Rio Doce, localizada em Linhares, entre as comunidades de Regência e Povoação, e se espalhou pelo mar do Espírito Santo. A luta por justiça e reparação ainda segue como principal demanda dos movimentos sociais atuantes nos estados, diante da omissão e descaso das empresas criminosas.

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