Artista, que tratava um câncer, também criou três blocos de Carnaval no Centro
O Espírito Santo perdeu, na manhã desta quinta-feira (13), o historiador, escritor e músico José Carlos Rabello, nascido em Vitória, no ano de 1970. Rabello também era radialista, tendo atuado nas rádios Tropical FM, Espírito Santo AM e Universitária. Atendendo a seu pedido, o velório será das 13h às 16h, na quadra da Unidos da Piedade, no Centro. O sepultamento será às 17h, no cemitério de Santo Antônio.

O artista, que estava em tratamento de um câncer, deixou um grande legado para a cultura e era conhecido também por sua militância de esquerda, que fez com que tentasse ingressar na carreira política e, inclusive, influenciou em sua atuação nos projetos culturais que desenvolvia. Um deles é o bloco Esquerda Festiva, que todos os anos vai às ruas do Centro de Vitória no primeiro sábado após o Carnaval. O bloco, recorda o amigo de longa data de Rabello, Izanel Júlio, foi criado em 2017, um pouco depois do Maluco Beleza, outro bloco do Centro criado pelo artista e que toca músicas de Raul Seixas.
Mais recentemente, em 2024, Rabello mais uma vez imprimiu sua marca no Carnaval de Vitória, com a criação do bloco Wandalos, de música brega e cujo nome é uma referência ao cantor Wando. Essa iniciativa, aponta Izanel, está ligada a uma outra atuação de Rabello no ramo da cultura, a banda Cavanhaques Mascarados, de música brega, criada por ele no início dos anos 2000.
Rabello chegou a ser candidato a vereador de Vitória pelo PCdoB e deixa uma obra que, apesar dos esforços da editora Cousa, não foi possível a ele ver publicada. Trata-se do livro 101 Personalidades da Cultura Capixaba, que celebra e documenta a trajetória de pessoas que moldam a cultura capixaba e nacional, trazendo a vida e obra de 101 personalidades do Espírito Santo.

“Eu estava correndo para poder tentar que o Rabello folheasse esse livro antes de partir. É um projeto que ele já tinha há muito tempo e a gente foi dialogando sobre isso. O estado de saúde dele foi piorando, mas ele conseguiu finalizar. O livro foi para a revisão e entrou em processo editorial. A gente correu para colocar na pré-venda quando vimos que ele estava piorando. Queria muito fazer o lançamento com Rabello em vida, mas infelizmente, não deu”, lamenta o coordenador da Cousa, Saulo Ribeiro.
De acordo com Saulo, Rabello chegou a ver o projeto gráfico do livro e estava empolgado com a pré-venda. “Ele estava se amarrando nisso. O importante agora é a gente celebrar o Rabello, uma figura muito importante para a cultura no Espírito Santo, um sujeito que fez muita festa, muita alegria, compôs músicas que vão do sentimental e do romântico à galhofa, às vezes na mesma música, que criou bandas, projetos, blocos de carnaval, que animou essa cidade, esse Estado”, ressalta.
Para Saulo, Rabello “parte ajudando a engrandecer também outros nomes, tentando divulgar 101 personalidades do Espírito Santo, e a gente vai fazer uma homenagem bonita para ele, lançando esse livro”.
Informações sobre a aquisição do livro podem ser obtidas neste link. No livro, o autor fez a seguinte dedicatória: “Para a minha mãe Nair e minhas irmãs Lila, Marly e Nena. Aos meus amigos e amigas, pessoas amadas, marcantes e pra lá de fundamentais em nossa rápida trajetória. Aos meus filhos Heloisa Andrade Rabello, Kalil Andrade Rabello e Rafael Sanz Rabello, lhes digo ser imprescindível que amem e sejam justos. E nunca se esqueçam: que todo rico é um ladrão de tempos, sonhos, alegrias e almas”.
Rabello morreu menos de um mês depois de outro grande nome do Carnaval de blocos do Centro: Wagner de Oliveira Souza, o Waguinho, criador do bloco Prakabá, no último dia 24 de fevereiro.
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