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Mostra de filmes usa cinema para refletir sobre questões LGBTQI+

“Amor Maldito”, de Adélia Sampaio, é um dos filmes da 6ª Mostra ES Cineclube Diversidade, de 18 a 25 deste mês

Em sua sexta edição, a Mostra ES Cineclube Diversidade vai acontecer em versão online, trazendo um apanhado da produção audiovisual LGBTQI+ no Brasil desde a década de 60 até os tempos atuais, incluindo grandes clássicos do cinema. A abertura será nesta quarta-feira, 18 de novembro, com programação até dia 25 do mesmo mês. Os filmes, debates e oficinas acontecem pelo canal do cineclube no YouTube e as demais informações estão sendo divulgadas nas páginas no Facebook e Instagram.

“Essa mostra é uma provocação. Vamos voltar no cinema brasileiro, abordados filmes da geração simultânea ao Cinema Novo, do Cinema de Bordas, da Boca do Lixo, de Cinema de Retomada. Mas para pensar como o subtexto LGBT estava sendo pensado, voltar ao passado para pensar o presente”, diz Fabrício Fernandez, um dos organizadores do cineclube e da mostra.

Filme Rainha Diaba, de Antônio Carlos Fontoura. Foto: Divulgação

A abertura vai ser às 20h30 de quarta-feira (18), com a exibição de Amor Maldito, de Adélia Sampaio, participante do movimento do Cinema Novo e primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem no Brasil. A obra, de 1984, relata a relação amorosa entre uma executiva e uma ex-miss, que, reprimida pela família por sua orientação sexual, comete suicídio, sendo que sua companheira é acusada de ser culpada pela morte.

Na sexta-feira, acontece um debate com o tema “De volta ao cinema LGBT brasileiro”, com participação do professor e cineasta Erly Viera Jr, que irá falar sobre como os personagens LGBTQI+ foram abordados em quase um século de cinema, desde sua marginalização até os personagens protagonistas e os diretores e diretoras LGBTQI+.

A programação ainda terá duas oficinas, uma de Direção de Arte com o cineasta e diretor de arte Diego Nunes e outra de Bordados com Temática LGBT, com o artista mexicano Dabo Batista. As inscrições devem ser feitas previamente por meio de formulário online.

A mostra terá exibições diárias de filmes. Além da obra de Adélia Sampaio, entram em cartaz Aqueles Dois (Sérgio Amon, 1987), Bocage, O Triunfo do Amor (Djalma Limongi Batista, 1997), Com o Oceano Inteiro para Nadar (Karen Harley, 1997), Anjos da noite (Wilson Barros, 1987), Prelúdio a uma Morte Anunciada (Rafael França, 1991), Vera (Sérgio Toledo, 1986) Gugu, o Bom de Cama (Mário Benvenuti, 1980), O Beijo no Asfalto (Bruno Barreto, 1981), Orgia ou o Homem que Deu Cria (João Silvério Trevisan, 1970) e O Menino e o Vento (Carlos Hugo Christensen, 1967). O encerramento da Mostra, no dia 25, contará ainda com uma performance Moristagus, de Paulo Fernandes.

Trazer à tona produções de décadas passadas pode proporcionar muitas reflexões para a contemporaneidade, segundo Fabrício. “É uma mostra feita de arqueologia, para pensarmos sobre as capturas da economia do prazer no contemporâneo, num tempo de tirania dos afetos, de pobreza de experiência, de vigilância por meio de drones, de captura facial por meio de dados algorítmicos, como ocorreu no último Carnaval, do fim de festa”. Para ele, os filmes levam a pensar para além da questão identitária, levam a refletir sobre novas possibilidades de vida.

O Cineclube Diversidade surgiu em 2013, realizando exibições com debates, construção de acervos de filmes LGBTQI+ para serem compartilhados e realizando a mostra anual, na sexta edição. O objetivo sempre esteve ligado à exibição dessa produção que encontra pouca vazão nos espaços comerciais e torná-la acessíveis para outros públicos. Mas também sempre esteve muito ligado ao presencial. “Ao exibirmos, nosso propósito era o encontro. Fazer as pessoas se encontrarem, se relacionarem durante as exibições. Criar atritos, sabe?! Mas se isso já era difícil, agora com a crise pandêmica-sanitária mundial, talvez o Cineclube precisa de novas gerações para se reterritorializar”, reflete Fabrício Fernandez.

Confira abaixo a programação completa.

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