A expectativa é que a cantora e compositora se apresente em Vitória, na Casa Verde, em novembro, mas a data ainda deve ser confirmada.
“Meu novo disco segue um fio condutor temático: a tomada de controle da vida. As músicas tratam de sentimentos diferentes, mas enxergo nelas aquele momento de se tornar dona das próprias decisões, de encontrar o próprio caminho. É quando nos sentimos mais confiantes. E, com certeza, a mudança para Berlim foi uma experiência fundamental nesse processo”, comenta nana, que mora na capital alemã desde 2014.
A capa do álbum, criada nas paletas de cores verde e rosa, foi assinada por Aretha Lima Costa e fotografada pela alemã Angelika Grossmann. A inspiração veio dos discos de cantoras dos anos 80, como Diana Ross, Donna Summer e Tina Turner. “Eu e nana somos irmãs e crescemos com referência dos discos de nosso pai. Quando pensamos nas inspirações do álbum, que são mulheres fortes, bem resolvidas, donas de si, naturalmente lembramos das nossas preferidas. E, percebemos que por trás da aparência kitsch, muitas vezes exagerada, há o conceito da foto simples. Era essa simplicidade que queríamos passar, por detrás dos brilhos e paetês”, diz Aretha.
Para acompanhar a estreia, a artista de 26 anos também apresenta o clipe da canção que dá título ao álbum, todo gravado em Berlim, e dirigido pela brasileira Harebell Suzuki. Com imagens do lago Liepnitzsee, em Wandlitz, a aproximadamente 30km de Berlim, além de cenas filmadas nas proximidades da icônica praça Potsdamer Platz, o vídeo mostra a transformação de nana do doce, vestida em tons rosas, ao ousado, quando descobre a floresta, em trajes vermelhos.
“A experiência dessa gravação foi totalmente diferente. Foram quatro dias de filmagem, tudo bem intenso. Estava esperando uma prática de guerrilha na gravação, como geralmente faço, mas acabou que teve outro esquema de organização. Fiquei muito impressionada com o resultado e bem feliz”, destaca.
Novas sonoridades
Depois de ter lançado o disco “pequenas margaridas” (2013) e o EP “berli(m)possível” (2015) com produção caseira, nana foi para o estúdio gravar o novo trabalho e escolheu a abreviação de uma planta especial para dar nome ao projeto. O nome foi inspirado na Dieffenbachia, popularmente conhecida como “comigo-ninguém-pode” – com fama de proteger do mau olhado e da inveja, além de atrair boas energias.
“Inicialmente, 'Comigo-Ninguém-Pode' era o nome de uma música do álbum, que acabou entrando no disco com grafia diferente. Na época, eu tinha acabado de me mudar pra Berlim e comprei uma comigo-ninguém-pode, então andava fascinada com a ideia de proteção que o nome passava, a força do amuleto. Um dia digitei rápido CMG-NGM-PDE em 'internetês' e na hora eu decidi que meu novo disco ia se chamar assim, porque era a culminação de tudo que eu estava planejando, e tinha a ver com o momento mais forte, de me sentir dona do próprio nariz”, explica.
A sonoridade do álbum também reflete esse estado de espírito, em sua visão, “menos ingênuo e melancólico, e mais bem-humorado e confiante”.
O trio bateria, baixo e piano elétrico estão na lista dos instrumentos que têm mais presença no trabalho. Nos estilos musicais, há passeios por marchinha (“Copacabana”), bossa nova (“W.O”), jazzy com gemidos inspirados em Serge Gainsbourg (“Menino Carioca”), disco music (“CMG-NGM-PDE”), chorinho com pitadas de ironia e humor (“Rua Paysandu”), samba (“Gato é Crime, Denuncie”) e indie rock anos 80 (“Bomba”, com participação de Lulina).
“Todas as letras continuam sendo minhas e foram composições recentes, de 2015 pra cá. Uma das mudanças que sinto em relação aos trabalhos anteriores, é que tenho muito mais conhecimento do que posso fazer no computador. E isso me ajudou a pensar de forma mais criativa, fugindo de um som puramente técnico, trazendo experimentações. E, claro, me inspiro em sons dos anos 70 de música brasileira, como os álbuns de João Donato e Erasmo Carlos. Li muito sobre samba, sobre música brasileira e fico bem encantada. Para mim, não tem igual”, opina.
A cantora e compositora de 26 anos nasceu em Catu, interior da Bahia, mas mudou-se logo para Alagoinhas, onde morou até os 6 anos. Com essa idade, foi com a família para Guarajuba, e uma casa de praia, sem vizinhos, tornou-se seu novo lar. Aos 10 anos, trocou a tranquilidade à beira-mar para a agitada Salvador. Estudou Jornalismo na Universidade Federal da Bahia por dois anos e cursou quatro anos de Música também na UFBA, dando início aos estudos de composição e orquestração, aproveitando sua bagagem com canto, piano, harmonia e sua experiência em uma banda de rock só de meninas, na adolescência.
Do ponto de vista musical, a estreia do clipe de “Expressionismo alemão”, em 2013, alçou a cantora ao reconhecimento do público, além de levá-la a uma série de shows através do programa Conexão Vivo. Em 2013, seu álbum-début, “pequenas margaridas”, recebeu inúmeros elogios dos críticos no país, ficando na lista dos melhores álbuns brasileiros daquele ano. Em 2014, escolheu Berlim, na Alemanha, como morada para estudar o instrumento eletrônico theremin através da Bolsa de Aperfeiçoamento Técnico e Artístico da Funarte. Com a mudança, nana precisou se adaptar a esse novo jeito de viver, de criar, de tocar, e até de se relacionar com o Brasil. Nessa época, lançou o EP “berli(m)possível” (2015), e pelo selo Novomundo fez alguns shows em Paris e em Berlim, além de ter viajado para o ártico para tocar no festival SALT, na Noruega.