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‘Não existe o legado de Lula Rocha, existem os muitos legados’

Livro que será lançado no dia 24 conta história de ativista a partir de depoimentos de militantes de movimentos sociais

Em 12 de fevereiro deste ano, durante o sepultamento do ativista Lula Rocha, padre Kelder Brandão afirmou que seria sepultada “parte da história do Espírito Santo”. A afirmação do sacerdote é comprovada por meio do livro “Lula Rocha, Salve Salve – Políticas de Luta e Amizade”, que será lançado na próxima quarta-feira (24), às 19h. Em formato e-book, o livro conta parte da história de Lula Rocha, e, consequentemente, dos movimentos sociais capixabas, contada por representantes de diversas organizações das quais ele participou.

Foto: Facebook

O livro tem 186 páginas e será disponibilizado gratuitamente. A organização é do Fórum Capixaba de Lutas Sociais e da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Sant (Adufes). O lançamento será por meio de link no site da entidade.

A integrante do Fórum Capixaba de Lutas Sociais e professora aposentada da Ufes, Ana Heckert, afirma que a iniciativa é uma afirmação da memória de luta de Lula Rocha.

“Não existe o legado de Lula Rocha, existem os muitos legados. O leitor terá um pouco da dimensão do percurso de lutas que ele teceu na vida. Vai poder perceber que são muitos Lulas. O Lula da cultura, da juventude, dos direitos humanos, da militância partidária, dos movimentos sindicais. Os leitores irão poder entender, por exemplo, como se deu o percurso, como teve início a luta contra a o extermínio da juventude negra no Espírito Santo”, enumera.

O livro reúne dois artigos escritos pela família do ativista e é dividido em três blocos. Um é com textos de coletivos e entidades ligadas à questão da negritude, como Movimento Negro Unificado (MNU), Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes) e Círculo Palmarino. O outro, com a temática da juventude e dos direitos humanos, a exemplo da Rede de Cursinhos Populares AfirmAção e o Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra (CDDH). Por fim, os depoimentos de entidades ligadas a questões partidárias e sindicais, entre elas, o PT, o Psol e a Adufes.
Ana Heckert relata que, ao serem convidadas para participar do livro, as entidades responderam de imediato e com muita emoção. “É a expressão do respeito e do afeto que os movimentos têm por Lula. Cabe a nós, que ficamos, fortalecer essa rede, dar continuidade às lutas dele. É o mínimo que podemos fazer para resgatar a história de lutas de um cidadão capixaba que se tornou cidadão do mundo”, afirma Ana, destacando que no livro, inclusive, há foto de Lula Rocha com a filósofa e ativista contra a discriminação racial Angela Davis, com quem ele ministrou uma palestra.
Lula Rocha faleceu de problemas renais no dia 11 de fevereiro. Desde então foram realizadas vária homenagens, como a criação da Comenda Lula Rocha nos municípios de Vitória e Cariacica. Oriundo de família militante, era filho do ativista dos direitos humanos Isaías Santana e teve trajetória destacada na luta social desde muito jovem, tendo sido líder do Fejunes, que contribuiu para denunciar o extermínio de jovens negros no Espírito Santo e visibilizar as pautas relacionadas à juventude capixaba.
Ele foi um dos fundadores do Círculo Palmarino e atuava também na Coalização Negra por Direitos, entidades nacionais do movimento negro, além participar do bloco AfroKizomba, principal expressão da cultura negra no carnaval de Vitória, e da escola de samba Unidos da Piedade. Liderança popular, chegou a ser candidato a vereador em Cariacica pelo PCdoB, mas nos últimos anos vinha militando ativamente no Psol, onde se configurava como uma das principais lideranças a nível estadual.
Lula atuou também pela Pastoral Operária e integrava, quando faleceu, a coordenação do Fórum Igrejas e Sociedade em Ação, que articulava movimentos socais e Igreja Católica. Ainda era coordenador do maior cursinho popular do Espírito Santo, a Rede Afirmação, que conta com diversos núcleos na Grande Vitória, com objetivo de contribuir para inserir jovens das periferias nas universidades.

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