A Secretaria Estadual de Cultura (Secult), chefiada por Fabrício Noronha, deu início à divulgação dos resultados dos editais do Fundo Nacional de Cultura (Funcultura), começando pelos referentes ao 05/2022, que é do Prêmio Mestre Armojo do Folclore Capixaba; 07/2022, Circo Tradicional Capixaba; e 16/2022, Patrimônio Arquitetônico. Como é de praxe, mas não deveria, os resultados, previstos para ser divulgados no dia 4 de maio, estão atrasados. Um leve atraso, por enquanto. Porém, levando em consideração que anualmente a gestão tem se mostrado adepta do “antes tarde do que nunca”, atrasando durante meses os resultados de alguns editais, a classe artística demonstra preocupação.
Em comunicado oficial, a pasta afirma que divulga os resultados na medida em que são realizadas as reuniões das comissões julgadoras de cada edital, sem dar nenhuma previsão de quando estarão disponíveis no site. Algumas semanas, um mês, dois meses, três meses ou mais? Vai saber! Ao todo, são 14 editais divididos em 48 linhas e que vão contemplar até 439 projetos voltados à produção, difusão e fomento da cultura capixaba.
Valores desatualizados
É preciso pensar em como a demora nos resultados prejudica a execução dos projetos. Um exemplo disso é o edital de publicação de obras literárias. Como a inscrição abriu em dezembro e terminou no início de fevereiro, o proponente muito possivelmente orçou com a gráfica em meados de janeiro. Com o resultado no início de maio, como previsto, após o selecionado concluir o trâmite para dar início aos trabalhos, o valor com certeza já subiu, imagine com resultado sendo divulgado sabe Deus quando?
Sem verba para a festa
Quem não se lembra do que aconteceu em 2022, na 134ª edição da festa Raiar da Liberdade, da comunidade quilombola de Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim, sul do Estado? O atraso na publicação dos editais, bem como de sua abertura, impossibilitou a obtenção do recurso para a festa, que acontece anualmente em 13 de maio. O resultado: o evento, que sempre reúne vários grupos folclóricos, teve que contar somente com o Caxambu Santa Cruz, da própria comunidade. A tradicional distribuição de feijoada, servida para cerca de 1 mil pessoas, teve sua quantidade reduzida para 80 pratos.
Sufoco
Algumas pessoas e grupos da classe artística, inclusive, estão na expectativa de, por meio dos editais, sair do sufoco ou pelo menos amenizar um pouco os problemas financeiros. Vale lembrar que a vida dos artistas nunca foi fácil, mas que nos últimos quatro anos, com a mistura de bolsonarismo e pandemia, as coisas ficaram “beeeeeeem” piores. A Covid-19 deixou de ser emergência de saúde pública de importância internacional e Bolsonaro “arrumou as malas, deu no pé e foi embora”, mas as consequências continuam aí.
Lei Paulo Gustavo
O Grito da Cultura realiza na próxima terça-feira (16), o primeiro de um ciclo de quatro encontros virtuais estaduais temáticos, pela plataforma meet. O tema de abertura será a Lei Paulo Gustavo. A ideia é mobilizar a classe artística capixaba para garantir que o Estado e municípios enviem o plano de ação para apreciação do Governo Federal, liberação do recurso e destinação para os artistas capixabas. O envio do plano de ação começou nessa sexta-feira (12). Os entes federados têm prazo de 60 dias para fazer isso. O decreto que regulamenta a Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195, de 2022) foi assinado pelo presidente Lula nessa quinta-feira (11).
Torcida
A coluna torce para que, principalmente os gestores municipais, de fato se empenhem para garantir a destinação do recurso para os artistas locais. Vale lembrar que investimento em cultura “não é muito a praia” de muitas gestões. Isso fica claro ao ver que em muitos municípios a pasta é um monte de penduricalho, uma mistura de cultura, turismo, esporte e lazer, em alguns, até educação. Fora aqueles em que há uma secretaria específica para a área, mas ainda assim não tem trabalhado a contento, como Vitória, com histórico de negação de patrocínio para eventos da comunidade LGBTQIA+, falta de diálogo com a classe artística, entre outros problemas.
Mais uma
O cantor e compositor Vander Costa, do norte do Estado, disponibilizou no Spotify a segunda música de seu álbum Bota Fé, que será lançado em 22 de julho, às 20h, no Teatro Sônia Cabral, Centro de Vitória. A canção se chama Banho Pelado. A primeira música disponibilizada foi Bota Fé. Vander ainda irá disponibilizar o álbum inteiro não somente no Spotify, mas também em outras plataformas, como o YouTube. O álbum, bem diversificado, traz funk, samba, baião, rock, reggae, marchinha de carnaval e fala de diversas temáticas, como natureza, política, amor e mundo do trabalho.
Bota Fé
Bota Fé, música que dá nome ao álbum de Vander Costa, é uma homenagem a Cotaxé, distrito da cidade de Ecoporanga, no noroeste do Estado, que tem sido considerada a capital das lutas camponesas do Espírito Santo, por seu histórico de disputas por terra entre camponeses e latifundiários. A canção foi composta por Patrick Ericson e Vander, que a canta em parceria com a cantora cariaciquense Raquel Passos. Fala, entre outros assuntos, das riquezas naturais da região, como a Pedra da Viúva. As lutas camponesas e indígenas, obviamente, também são recordadas.
Comunità Fest
A Associação Federativa Comunità Italiana do Espírito Santo já marcou a data da realização da segunda edição da Comunità Fest. Será no dia 3 de setembro, na Matrix, em Cariacica. A festa teve sua primeira edição em setembro do ano passado e tem tudo para entrar no calendário das festas italianas do Estado, com o diferencial de ser realizada na Grande Vitória, já que as demais acontecem no interior.
Formação em arte e cultura
Ainda dá tempo! Quem quiser se inscrever no LAB. FORA, o Laboratório de Formação em Arte e Cultura, pode fazer isso até este domingo (14), por este link. Serão oferecidas 30 vagas, com reserva mínima de 50% para pessoas trans (travestis, homens trans, mulheres trans e não-bináries). A formação é online, composta por cinco módulos. O terceiro, que é o que está com inscrições abertas, tem a artista Padmateo Menezes como facilitadora.
Formação em Arte e Cultura II
Com o tema “Fantasmas, aqui: métodos e fábulas de transições no breu”, o terceiro módulo vai abordar os estudos da fantasmagoria e os processos performativos do invisível/desaparecimento, para serem aplicados enquanto métodos em práticas artísticas plurais; a exemplo dos estudos da ausência da imagem como processo disruptivo e os estudos do rastro como potência da presença. Serão quatro encontros com a artista, sendo um por semana, realizados nos dias 18 e 25 de maio, e 1º e 8 de junho, sempre das 19h às 20h30. Em todos haverá intérpretes de Libras.
Obrigada!
A coluna agradece ao colega Vitor Taveira, que diante de tantos acontecimentos no meio cultural, alguns, inclusive, de muito desrespeito aos fazedores de cultura e ao público em geral, como a censura à exposição sobre Frida Kahlo, em Castelo, sul do Estado, fez os registros na coluna durante minhas férias. É isso aí, o que tem que ser dito, é para ser dito. Não dava para esperar a colunista voltar da Bahia, né? (rs). Obrigada, Vitor!
Até a próxima coluna!
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