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O abstracionismo de Kleber Galvêas volta a ser personagem na mostra ‘Abstrações’

 
É numa recordação animada que o artista Kleber Galvêas conta que suas últimas três mostras sobre arte abstrata foram inspiradas, curiosamente, na parede do galinheiro de um vizinho. “Quando o vizinho Teobaldo descartou placas de eucatex consideradas sujas, pois estavam cheias de tinta, graxa, óleo e marcas de pés, o vizinho da frente, Aníbal, aproveitou para usar essas placas para tampar uma parte exposta de seu galinheiro. “Lembro que eu passava naquela rua e parava para observar aquele quintal forrado com as placas de Teobaldo. Era a coisa mais linda. Tinham ainda uma moita de cana, um pé de mamão e uma palmeira que emolduravam o quintal”, detalha minuciosamente Galvêas. 
 
Kleber Galvêas é atuante na área artística há 50 anos e é na Barra do Jucu, em Vila Velha – local onde já mora há 40 anos e do qual nutre muita afeição – que ele mantém um ateliê de sete salas para exposição de arte. Tudo aberto ao público. “Se não houver público, não há sentido”, adianta ele. No sábado (14), o espaço dá abertura a uma nova exposição, intitulada Abstrações e composta por 30 telas abstratas de Galvêas e seis de mestres da abstração, já falecidos: Robert Newman, Homero Massena, Peniche Galveias e Manoel Cargaleiro. A visitação sé aberta ao púbico. 
 
Bastante influenciado por pintores abstratos, Galvêas estudou, pintou, montou ateliê, moveu tal ateliê para a Barra do Jucu e apresentou diversas exposições, entre elas está a também abstrata Era da Incerteza – inspirado um uma passagem de Alice no País das Maravilhas; e, agora, o artista mostra-se mais seguro ainda no mundo abstrato para convidar o público à inauguração da nova mostra
 
Abstrações reúne trabalhos  pintados nos últimos dois anos por Galvêas. Cheias de cores e formas, algumas das telas remetem a  paisagens, ao anoitecer, ao sol, e até uma certa agitação vibrante em tonalidades. As telas foram feitas em técnicas mistas, que variam da resina ao óleo; do guache à serigrafia. A exposição ficará aberta ao público até março de 2016, ocupando as paredes do ateliê que fica numa casa antiga de pescadores da Barra do Jucu (foto à esq). A abertura da mostra se inicia às 22h e terá diversas atrações, como a apresentação da viola caipira de Elias Littig; e o violão MPB de Augusto Galvêas. 
 
“O abstracionismo foi sugerido por Leonardo Da Vinci no século XVI, no intuito de desfrutar o prazer estático do cotidiano, no sentido de apreciar cor, forma, detalhes. Quando o abstracionismo passou a ser uma escola, no final do século XIX, a proposta era de que aquela mancha que tinha ganhado um espaço na galeria, ela fosse encontrada também no cotidiano. Quando encontro, por exemplo, uma florizinha do campo, pequena, porque não parar para ver os detalhes e apreciá-la? Essa é a proposta do abstracionismo”, fala Galvêas sobre o mote maior que faz com que o abstracionismo figure em suas obras.
 
E ainda sobre a parede do galinheiro que inspirou o artista, ele relembra que vivia elogiando o vizinho pela quintal que tinha, até que certo dia passou no local e viu que haviam pintado as placas com cal branco. “Talvez o vizinho achasse que eu estivesse debochando dele, então pintou as placas”, conta em risos. O ano era 1982. E todas as exposições abstratas de Galvêas vieram depois dessa época, como uma espécie de tentativa de resgatar o que lhe encantou naquele quintal e, agora, objetiva também encantar os visitantes da mostra Abstrações, já que, nas próprias palavras de Galvêas: ” A arte é uma manipulação do tempo e do espaço, que o ser humano produz para despertar outro ser humano”, finalizou.
 
Serviço
 
A exposição Abstrações, com 30 telas de Kleber Galvêas, terá abertura no próximo sábado (14), a partir das 22h, e segue em exibição até março de 2016. As visitações poderão ser feitas todos os dias, das 9h às 18h. O ateliê fica na rua Antenor P. Cardoso, 66, Barra do Jucu, Vila Velha. A exposição é de entrada livre. 

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