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‘O graffiti é uma porta de entrada para o universo da arte’

Fredone Fone é um dos participantes do Papo Latinta, que realiza debates sobre arte de rua com destacados artistas capixabas

Nas próximas semanas, a arte de rua vai estar no centro de debates online que acontecem por meio do projeto Papo Latinta, reunindo destacados artistas do Espírito Santo que têm as ruas como espaço importante para realização de suas obras, com ou sem permissão. São muitos os estigmas, obstáculos e polêmicas que envolvem a prática, que vai ser debatida em quatro eventos nas próximas quartas-feiras transmitidos pelo YouTube e Facebook do Latinta (veja programação completa no box ao final).

“São várias as polêmicas: se é arte ou crime. E se deixa de ser arte por ser crime. Tem o lance da perseguição e das leis cada vez mais severas, que tentam inclusive enquadrar estas pessoas em crimes como formação de quadrilha”, diz Fredone Fone, artista que já pintou em diversos países, expôs em galerias e museus, mas nunca deixou de fazer sua arte nas ruas, tendo sido inclusive multado e detido no Estado. Ele é o idealizador do Latinta, projeto de intercâmbio e residência que já trouxe artistas de outros países para o Espírito Santo e agora realiza uma temporada de reflexões sobre temas que envolvem os fazeres artísticos.

Fredone pintando mural na Venezuela. Foto: Divulgação

Como ele, nascido em Serra Dourada, na Serra, muitos outros jovens de bairros periféricos encontraram os primeiros passos nas artes “pixando” muros. “Percebo um certo desprezo vindo de alguns artistas, talvez por acharem que quem pixa, ou faz graffiti – que para mim é a mesma coisa – não pensa, só porque não escreveu um artigo, porque não escreve sobre o que faz, ou por que não passou pela universidade”, questiona. “Para muita gente, em sua maioria negra, vinda dos subúrbios, o graffiti foi e continua sendo a porta de entrada para o universo da arte. E aqui no Espírito Santo, assim como em muitas partes do Brasil e do mundo, o hip hop tem muita contribuição com isso tudo”.

Fredone aponta também a perseguição dos meios de comunicação contra esses artistas que produzem suas obras nas ruas. “Pintar na rua é perigoso. E isso inclui pintar com autorização, porque a imagem de alguém usando uma lata de spray na parede é uma imagem que incomoda. E nem sempre vão chegar conversando. Uma pessoa pode ser presa, agredida ou mesmo morta por pintar um pedaço de parede na cidade”, diz o artista.

É todo esse contexto artístico e social que o Papo Latinta vai buscar debater, reunindo diferentes gerações da arte urbana do Espírito Santo, com alguns dos pioneiros do graffiti como Alecs e Edson Sagaz, como artistas mais jovens como Basi e Ronaldo Gentil. Ele destaca também a presença de artistas que passaram pelas universidade em cursos de arte como Starley, Kika Carvalho e Ren. “Eles e ela já faziam graffiti nas ruas antes de se matricular na instituição”, ressalta.

Basi é um dos artistas convidados para o Papo Latinta. Foto: Renan Herzog

Cada participante do Papo Latinta se dedica a ações diferentes e têm modos particulares de ver e usar a cidade como suporte para a arte. Além dos muros, vários deles também vem desenvolvendo seus trabalhos em outras plataformas e suportes como pintura em tela, em papel, design, escultura, performance. “São muitas possibilidades de aplicar aquilo que se aprende estudando e agindo nas ruas”, considera Frefone.

As discussões sobre arte e política permanecem muito presente no discurso dos convidados, mas se manifestam de formas diferentes. “Sempre penso no quanto é importante estar pintando nas ruas, nos bate-papo que rolam enquanto a gente está pintando, nas conexões, no conhecimento que é necessário para se destacar na cidade, para existir e ser visto – ou não – nesse emaranhado de concreto e aço construído às vezes para proteger quem não tinha teto, mas também para cercar, e muitas vezes para entristecer”, comenta o criador do Latinta.

O projeto Latinta teve início em 2012 numa viagem de Fredone e Moska ao Chile para um festival de street art, passando na volta por Argentina e Uruguai. “Latinta nasceu no avião, logo assim que o avião decolou saindo do Brasil. Ali, tive a ideia de criar um projeto que pudesse conectar artistas que vivem em países dessa região, que, por imposição, passou a ser chamada de América Latina”, conta. Os artistas passaram em suas casas visitantes de outros países, que realizam suas artes de forma coletiva em ruas de bairros da Grande Vitória, contando também com apoio das comunidades em que estão inseridos. O Papo Latinta surgiu durante a pandemia do coronavírus para continuar realizando conexões entre os artistas e aprofundando os debates que envolvem a arte de rua para o público em geral.


Gosto de estar nas galerias, mas o principal pra mim é pintar na rua’

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