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O Rádio (Impressões)

Nesses 50 anos, minha convivência com o rádio tem muitos significados, que vão desde aprendizado, decepções, vitórias, incompreensão, mágoas e realizações. Apesar de tudo, não me lembro de ter tido um dia em que fui trabalhar triste ou contrariado. Não me arrependo de nada nesse longo período. 
 
Trabalho em um tipo de veículo de comunicação que sobreviveu as mais diversas tentativas de modernização tecnológicas, ameaças que começaram com a Televisão e chegaram à Internet.
 
Na Internet, o rádio teve um alongamento de suas atividades. Arrisco dizer que um nasceu para o outro, e o futuro do rádio fica sem limites com o advento da web. 
 
Sempre tive uma dúvida de quem foi o inventor do rádio. Os americanos dizem que foi Thomas Edison, os Italianos falam em Guglielmo Marconi, e os brasileiros dão a patente ao Padre Landell de Moura. O padre gaúcho fez a primeira transmissão no Brasil.
 
Uma coisa que prezo é a comemoração do Dia do Radialista. Sempre foi comemorado no dia 21 de setembro. Agora tem duas datas para se comemorar, dia 21 e 7 de novembro. Isso desnorteia os profissionais, que ficam sem saber qual a data verdadeira do seu dia.
 
Aos poucos o rádio vai perdendo a sua real função, que é de instruir, divertir e informar, o tripé que norteia toda e qualquer programação. Mas hoje o rádio não instrui, a sua diversão é duvidosa, e a informação ultrapassada, apesar de ser o veículo mais rápido, que vai perdendo essa prerrogativa.
 
Sempre quis trabalhar tendo um líder, uma pessoa com quem eu pudesse me espelhar. Apesar de ter dois veteranos do setor e aprender com eles a essência (Jose Américo e Geraldo Sobroza), tive que trilhar grande parte da carreira tendo que aprender sozinho.
 
Uma vez, ainda em Cachoeiro, ouvi uma cara falando numa rádio de São Paulo. Aquilo me fez ficar estático, ouvindo aquela voz, aquelas palavras, aquelas músicas, aquelas versões. Hélio Ribeiro passou a ser meu norte na profissão. Baseava-me em tudo que ele fazia, até como gerenciava rádio e, lógico, falar ao microfone.
 
Os principais momentos da carreira foram nos bastidores, dirigindo, montando rádio e, para isso, ajudou muito o curso de Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), porque havia momentos que tinha de empregar no rádio esse conhecimento adquirido nos bancos da faculdade. Elegi meu ídolo na administração: o americano Peter Drucker, professor e consultor administrativo.
 
“É necessário ter uma visão e participação globalizada da empresa. Nota-se que existem muitas coisas acontecendo, como por exemplo, o alastramento de negócios e não percebemos com a rapidez devida.Será  uma questão de comunicação presente ou participação ausente?”. (Peter Drucker)
                                                                                                                                
No rádio ou você é primeiro lugar de audiência ou não é nada. Não existe segundo lugar, não adianta ser um SBT ou Record da televisão, eternos vice-campeões de audiência. Nessa condição de vice, além da audiência esfacelada, a verba também é fracionada.

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