“O projeto começou ao contrário, primeiro veio o nome”, explica Lorena Bonna, que dá corpo e alma a Roberta de Razão, seu alter ego que acaba de lançar seu segundo EP. Guitarrista e vocalista do grupo de punk rock feminista Whatever Happened to Baby Jane, ela não perdeu a raiz mas no novo projeto abraça o brega no ritmo e na mensagem.
Um “rock psicolésbico cafona” é o que propõe Roberta de Razão, trazendo elementos do brega, eletrônico e rock. Numa brincadeira entre amigos a partir de uma foto surgiu o nome, que junto com a fotografia criou o conceito. Só depois vieram as primeiras músicas, a partir do incentivo e parceria de Fábio Mozine, que pode-se dizer que tem experiência com punk brega, como se pode notar em algumas canções da banda Os Pedrero.
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A produção foi acelerada diante do convite inesperado para um pocket show no Festival de Cinema de Vitória em setembro, ocasião para qual Roberta de Razão gravou e lançou duas músicas no EP Seu Lugar é Ao Meu Lado, com produção de Adriano Cintra. Rebuceteio veio para se tornar um hino na cena lésbica underground. “Eu fiquei com a ex da ex da minha ex”, diz o refrão, que assim como o nome faz referência bem humorada ao círculo de relações afetivas entre as lésbicas. Já Luana conta a sofrida história de uma motorista de caminhão que se apaixona mas é deixada pela companheira numa parada em Ibiraçu. Uma de capricórnio e outra de escorpião, que drama. “Hoje eu rodo as estradas procurando você”, termina a canção.
Nascida e criada na proximidade das praias de Vila Velha e frequentadora de botecos e karaokês pela madrugada, Lorena Bonna descreve Roberta de Razão como “uma sapatona sofrida que gosta de fumar, beber e passar os fins de semana sofrendo de amor”. Para o segundo trabalho, Só vou ter paz quando morrer, lançado propositalmente na última sexta-feira 13 em referência ao “azar no amor”.
A canção que dá título ao segundo EP remete àquelas promessas que muitos fazemos durante uma ressaca de segunda-feira, sabendo que não cumpriremos. O auge da sofrência e melancolia vem com Tristeza Infinita: tudo que ela pôde fazer para acabar comigo ela fez. Todos os problemas do mundo juntos e de uma só vez”. Em Carambola, Roberta de Razão sensualiza mais, ensaia uma reação para deixar de “chorar as pitangas”. Já Entra e sai do banheiro, com maior presença do eletrônico e tecnobrega, fala de sofrimento no botequim.
Na composição das músicas, Roberta de Razão contou com outras parcerias além de Mozine, como Fepaschoal, Dinho Zampier, do grupo Figueroas, e Gabriel Thomaz, do Autoramas, bandas de renome nacional na cena alternativa. Além de Vitória, a artista já estrelou em São Paulo, onde encontrou um público que já conhecia e cantava as músicas. Em janeiro tocará em Belo Horizonte. “O show tem proposta inspirada num cabaré, com raiz no bregão brasileiro misturado com o punk e hardcore que é minha raiz”, conta a artista.
No palco, iniciou com a companhia de Dan Abranches, colocando os beats, mas está aos poucos incorporando também músicos tocando instrumentos ao vivo.
Para 2020 o plano é poder toca mais, viajar o Brasil levando o trabalho e lançar um disco em vinil pela Laja Records, gravadora de Fábio Mozine. “Vamos preparar as músicas para o lado A”, diz Lorena, insinuando que o lado B já está pronto com o que já foi produzido. Afirma também que possivelmente saia mais um single até o final do ano.
As músicas de estão disponíveis em plataformas como YouTube e Spotify.