Não é fácil dizer adeus, fechar ciclos, aceitar que o passado não será mais presente nem futuro. Daniel Morelo respira fundo antes de começar a falar quando lhe pergunto sobre o Adiós, Me Voy. Está sensível. Lembra um marido à beira do divórcio, sem poder mais consertar a relação e com a data marcada para assinar os papeis de separação. No caso, esta data será a próxima terça-feira (27), às 20h, quando o grupo de rock realiza seu último show na Rua da Lama, em Vitória.
“Sou meio cabeça dura para terminar as coisas. Mas não adianta ficar insistindo. Em nome da amizade, de não deixar as relações desgastarem mais, é melhor agradecer o que passou e cada um seguir seu caminho”, diz o vocalista do grupo. Não é fácil manter uma banda, ainda mais por muitos anos. Há algo de matrimônio nisso, como as palavras de Morelo deixam explícito.
Surgido em 2011, o grupo lançou um disco autoral, rodando por mais de 20 cidades do Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia. Participou de vários festivais, vencendo o Festival Prato da Casa e o Festival Dia do Rock de Vila Velha.
“O Adiós, Me Voy é um pop rock no limiar do brega. Às vezes um romântico, às vezes um pouco juvenil, no limite entre um som interessante e o que pode ser um pouco piegas”, define o cantor. “Pensando em minhas letras, estava percebendo que falam muito de despedida. Falamos muito de dar sequência, de seguir em frente”.
O último show, que será gratuito dentro do projeto Som de Fogueira, já estava marcado antes da decisão de terminar com a banda. No repertório, autoral, estarão a maioria das músicas do primeiro álbum, outras posteriores e uma inédita. “Estou tentando lidar com essa situação de solenidade de despedida. Acho que é importante marcar o fim para não ficar dúvidas. E celebrar o aprendizado e a gratidão pelos tempos vividos”.
O grupo se apresenta com a formação final: Daniel Morelo (vocal), Lucas Carvalho (guitarra), Matheus Gonzaga (contrabaixo) e Tito Zanotto (bateria). Da formação inicial, alguns acabaram se afastando da banda por essas coisas da vida: outros projetos em outros lugares, como o caso do guitarrista Pedro Fernandes e do baixista Zeff Matieli, que fizeram parte da história do Adiós, Me Voy.
Claro que quando uma banda acaba sua obra pode ficar aí por muitos anos para quem quiser escutar. As músicas do Adiós, Me Voy podem ser ouvidas SoundCloud do grupo.
Mas na próxima terça-feira deve ser a última oportunidade de curtir esse som ao vivo. Quem viu, viu. Quem não viu, não verá mais. Adiós.