Desde o início de 2015, a escola EMEF Prezideu Amorim, no Bairro Bonfim, em Vitória, levou para suas dependências a realização do Rádio Escola no Ar, um projeto cultural que nasce do programa de rádio Vice Verso, da Universitária FM 104.7 – um projeto de extensão do Departamento de Letras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), criado em meados de 2008, orientado por Jorge Luis do Nascimento e co-orientado pela prof. Maria Amélia Dalvi.
A proposta do Rádio Escola no Ar é fazer com que crianças e adolescentes aprendam como manter ativa a rádio da escola de forma artística, a ultrapassar os modelos jornalísticos e chegar na vertente de Rádio Arte. E de 2015 até aqui, os frutos e surpresas com o projeto foram significativos. Agora o projeto, que continua na escola, entra em uma nova proposta, uma ocupação cultural com o intuito de discutir sexo, gênero, gravidez na adolescência, abusos e diversos outros temas que estão diretamente ligados à realidade dos estudantes de periferia.
Para fortalecer essa empreitada, o projeto vai contar com a atuação voluntária de grupos que atuam pela região do Bonfim, como o cineclube Nome Provisório, que levará filmes e discussões ao local, dialogando com o tema da ocupação cultural, além de levantar outras discussões que o grupo geralmente trabalha. Outro coletivo voluntário será o Feme, que realizou evento em Vitória voltado para mulheres que grafitam. Por lá, o grupo irá dar oficina de grafite e pintar a sala de funcionamento do Rádio Escola no Ar. O cantor Juliano Rabujah também integra a programação com pocket show. O evento contará ainda com sarau, uma roda de conversa sobre o tema Desejo feminino e projetos de vida; Gravidez e escola, possibilidades e enfrentamento, conduzida pela professora Maria Cecília Souza. Diversas outras atividades também entram na programação.
“É incrível como as pessoas têm coração aberto pra atuar e espaços assim. Todos abraçaram a ideia e conseguiram se integrar nessa ação. Nosso intuito foi também destacar a identidade cultural do próprio bairro, chamando a participar os artistas e iniciativas daqui. O Feme é um desses exemplos. Já o cineclube Nome Provisório é formado por alunos que iniciaram um cineclube cheio de debates políticos e sociais e, assim, foram expulsos da escola onde estudavam e atuavam. Esse pessoal tem muito o que acrescentar”, conta Jamille Ghil, produtora e apresentadora do programa do Vice Verso, que também está diretamente ligada ao projeto da Rádio Escola no Ar e na organização da ocupação.
Jamille Ghil até brinca ao dizer que a organização está falando sobre essa ser a primeira escola ocupada do Espírito Santo – em referência as escolas ocupadas por alunos em São Paulo em prol de melhorias na educação e melhores condições de estadia. De fato, a ocupação cultural tem todo o engajamento possível para levantar a bandeira de ‘escola ocupada’.
Começando na sexta (12) e seguindo até o sábado (13) – com direito a dormir na escola –, os alunos, professores, artistas e voluntários manterão a programação com muitas outras atividades que englobam a participação e também organização dos alunos. “É promovendo eventos desse tipo nas escolas que conseguimos levantar discussões sobre temas muito importantes acerca das questões raciais, de gênero, sociais, os prejuízos de projetos como o Escola Sem Partido, tudo isso”, acrescenta Jamille Ghil.
A proposta é que a ocupação não pare na primeira edição, que mais grupos e coletivos se integrem para novas edições. Dessa forma, para o contato com o Rádio Escola no Ar, basta acessar o projeto em rede social.